Destaque

Estudo internacional aborda novo teste e mudança de nome da Síndrome de Polidipsia e Poliúria

A Dra. Juliana Beaudette Drummond e a Dra. Beatriz Santana Soares Rocha, professoras do Departamento de Clínica Médica (CLM) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), participaram de um estudo de alto impacto sobre polidipsia e poliúria publicado recentemente na revista científica New England Journal of Medicine.

A pesquisa trata de um novo procedimento para diagnóstico diferencial da condição chamada de Síndrome de Polidipsia e Poliúria. O quadro é observado em pessoas que bebem água exageradamente por hábito, assim como por deficiência ou resistência ao hormônio arginina vasopressina (AVP, também conhecido como ADH), que regula a produção de urina nos rins. O estudo apresenta uma comparação entre dois testes diagnósticos, que dosam a molécula copeptina após estímulo com arginina ou solução salina. A copeptina funciona como um marcador substitutivo do AVP, por ser co-secretada com ele pela hipófise posterior.

O estudo também marca um momento importante que é a mudança de nome da síndrome, antes chamada de diabetes insipidus. “O objetivo é aumentar a segurança no tratamento dos pacientes, já que muitas pessoas, inclusive profissionais de saúde, confundem o diabetes insipidus com o diabetes mellitus, doença muito mais comum. Essa é uma iniciativa internacional de várias sociedades de endocrinologia ao redor do mundo, que conta com o nosso grupo representando o Brasil e a América Latina”, explicou a professora Juliana Drummond.

A professora Juliana Drummond, cujo doutorado também tratou da testagem para a poliúria e polidipsia, participa de uma rede internacional com representantes de sociedades de endocrinologia e de pacientes ao redor do mundo chamada Renomeando o Diabetes Insipidus. O novo nome já foi aprovado pelas Sociedades de Endocrinologia da Austrália, Brasil, Estados Unidos, Europa, Japão, Reino Unido e Sul Asiático. Uma declaração conjunta pela mudança de nome foi publicada ao redor do mundo, e o grupo também busca tornar a desmopressina um medicamento crítico, de forma que ele esteja disponível nas farmácias da maior parte dos hospitais e não apenas nos de atenção terciária.

Síndrome

A poliúria e polidipsia têm a mesma manifestação clínica para causas diferentes, sendo as mais comuns ligadas à vasopressina, o hormônio antidiurético, que faz com que os rins conservem a água no corpo. A mais comum é a deficiência hormonal da vasopressina (antes chamada de diabetes insipidus central, agora AVP-D), que pode estar ligada a uma cirurgia ou tumores na hipófise, onde ela fica armazenada. A segunda é a resistência à vasopressina (diabetes insipidus nefrogênica, agora AVP-R), causada por uma mutação no receptor do hormônio, que vem do rim.

“A terceira, que é mais rara mas vem aumentando em incidência, é a polidipsia primária, que pode ser (motivada) por uma crença de que beber água exageradamente seja saudável, ou por uma doença, como lesões na estrutura no hipotálamo, onde está o centro que regula sede, fome e saciedade, que podem causar vontade exagerada de beber água”, explicou a professora. Indivíduos que criam o hábito de beber água exageradamente acabam ‘lavando’ os rins e prejudicando sua capacidade de processar a urina corretamente.

Apesar de também se chamar diabetes, a síndrome tem características distintas e é uma doença rara, bem menos prevalente que o diabetes mellitus, relacionada à insulina. Em 2009, no Reino Unido, um paciente veio a óbito durante a internação para uma cirurgia eletiva porque os médicos responsáveis pensaram que ele tinha diabetes mellitus, não diabetes insipidus. Ele morreu de desidratação e choque hipovolêmico. Em vez de administrar fluidos e desmopressina para o paciente, a equipe restringiu líquidos e monitorou o açúcar no seu sangue.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Faculdade de Medicina da UFMG.

Fonte: Mariana Lage e João Motta, Faculdade de Medicina da UFMG.

Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 tech4health t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account