Destaque
Pesquisa aponta desafios de deficientes visuais no mercado de trabalho
Olhe à sua volta: quantas pessoas com deficiência visual você percebe atuando no mercado de trabalho? E gerenciando uma empresa? Apesar de o Censo 2010 apontar que 18,6% da população brasileira possui algum tipo de deficiência visual, ainda é raro encontrar pessoas com essa condição inseridas no mercado. Pensando nisso, Dijalmir Ernesto elaborou a pesquisa ‘A percepção de gestores sobre a contratação de pessoas com deficiência visual’ para tentar entender um pouco desse contexto.
A pesquisa foi desenvolvida como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da graduação em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CCSA/UFRN), e ouviu pessoas com deficiência visual que atuam no mercado, algumas que também ocupam cargos de gestão, além de outros gestores. Um dos destaques confirmados na pesquisa é o elevado nível de dificuldade para entrada no mercado de trabalho.
Além disso, preconceito, falta de acessibilidade e de inclusão foram fatores em comum apontados na pesquisa como dificuldade que uma pessoa com deficiência visual enfrenta – ou enfrentaria – para exercer a função de gestor no mercado de trabalho. Apesar das críticas, a pesquisa mostrou ser possível as pessoas com deficiência visual conseguirem exercer sua função de forma condizente com o esperado, mas que é importante os ambientes de trabalho serem acessíveis, até mesmo para promover maior independência, fazendo com que sejam cada vez mais incluídas socialmente.
Para Dijalmir, a avaliação dos pesquisados mostra que a pessoa com deficiência visual é capaz de realizar suas tarefas, mas que é necessário o investimento em ferramentas de acessibilidade. “Todos avaliam positivamente o trabalho do deficiente, mas a gente vê o preconceito, que não há confiança. É preciso remover as barreiras que impedem o deficiente de atuar no mercado de trabalho e tornar possível que ele seja um gestor”, destacou.
O trabalho foi desenvolvido sob orientação do professor Dr. Antônio Alves Filho, do Departamento de Administração Pública e Gestão Social (DAPGS), que ressaltou a necessidade que estudos como esse sejam desenvolvidos para contribuir para ampliar referências bibliográficas e, principalmente, colocar o tema da inclusão em evidência. “A importância maior é a contribuição para esse campo da inclusão, o debate da inclusão no trabalho, para o mercado que tem sido tão restrito principalmente para as pessoas com deficiência”.
E essa questão da necessidade de inclusão está em evidência no trabalho. Dos gestores videntes entrevistados, nenhum deles tinha pessoas com deficiência visual em suas equipes, apesar de já terem tido contato e acreditarem no potencial dessas pessoas para realizarem as atividades da mesma forma que outras pessoas videntes. Dijalmir comentou que os resultados apontam ainda a dificuldade de encontrar essa confiança na prática, mas ressaltou a capacidade da pessoa com deficiência visual e que seu trabalho é um pontapé inicial para ampliar os debates para transformar tal realidade. “Espero que meu TCC ajude muitas pessoas a serem aceitas nas empresas com suas deficiências como empregados e gestores, esse é o meu sonho que almejo um dia ser realizado”.
Acessibilidade
A pesquisa apresentada é a conclusão de uma jornada enfrentada por Dijalmir, que aposta nos estudos como uma oportunidade de crescer e viver e espera que seus esforços sejam inspiração para que outras pessoas com deficiência também sonhem e aproveitem as oportunidades. “O meu objetivo e o esforço que venho fazendo nesses quatro anos de UFRN são para que possa mudar a vida de outras pessoas. O diploma é o de menos. Se uma pessoa entender que tem oportunidade e tenha as ferramentas para desenvolver suas atividades, pra mim, já valeu toda a jornada”.
Para vencer as etapas da graduação, além do esforço próprio, Dijalmir contou com o apoio institucional da universidade, especialmente da Secretaria de Inclusão e Acessibilidade (SIA) e do Núcleo de Apoio ao Discente (NADis/CCSA), além de professores e alunos do curso. Desde 2010, a UFRN desenvolve ações para fortalecer e valorizar o processo inclusivo, oferecendo à comunidade universitária, por meio da SIA e de parceiros, um espaço de referência para orientação e apoio à inclusão, promovendo e assegurando condições adequadas de acesso e permanência com participação e sucesso nas atividades acadêmicas e profissionais das pessoas com necessidades específicas, em consonância com a legislação vigente e com a responsabilidade social da universidade.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Fonte: Jeferson Rocha, Comunicação CCSA/UFRN.
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