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Terapia fotodinâmica com clorina e-6 pode ser eficaz no tratamento contra a cárie dentária
A terapia fotodinâmica com o uso de clorina e-6, um fotossensibilizador comercializado no Brasil, se mostrou eficaz no tratamento auxiliar de cárie dentária, podendo ser aplicada em consultórios. A técnica teve efeitos antimicrobianos, inibindo, in vitro, a atividade de placa bacteriana (biofilme) com vários tipos de microrganismos cariogênicos, entre eles o Streptococcus mutans, um dos mais comuns.
O resultado foi obtido em pesquisa realizada no âmbito das bolsas FAPESP de Iniciação Científica de Rafael Araújo da Costa Ward e de Nathália Maria Ferreira Gonçalves, sob a orientação da professora Dra. Juliana Campos Junqueira, do Departamento de Biociências e Diagnóstico Bucal da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São José dos Campos. O trabalho foi publicado na revista científica Pharmaceutics.
Os pesquisadores coletaram amostras de tecidos de dentes (dentina) contaminados por cárie de três diferentes pacientes para formar, in vitro, os biofilmes. Eles apresentaram variações na composição microbiana, sendo formados por estreptococos, lactobacilos e leveduras.
Esses biofilmes foram tratados com terapia fotodinâmica associada à irradiação LED, mediada pelo fotossensibilizador derivado da clorina e-6 (Fotoenticine), e depois analisados pela contagem das unidades formadoras de colônias (log10 UFC) em meios de cultura seletivos e não seletivos.
No geral, a terapia fotodinâmica erradicou a bactéria Streptococcus mutans. Além disso, diminuiu até 3,7 unidades (log10 UFC) de microrganismos totais. No caso de estreptococos, a redução foi de 2,8 log10 UFC e, no de lactobacilos e leveduras, 3,2 log10 UFC em cada um deles. Essas reduções em log indicaram uma eficácia de atividade antimicrobiana de aproximadamente 99%.
O tratamento também conseguiu desagregar a placa bacteriana, reduzindo a concentração de ácido que ajuda a provocar a cárie (queda de 1,1 a 1,9 mmol de lactato/L). Para avaliar a estrutura do biofilme e a produção de ácido pelos microrganismos, os pesquisadores usaram análises microscópicas e espectrofotométricas, respectivamente.
A cárie consiste em uma deterioração do dente, influenciada pelo estilo de vida do indivíduo, incluindo o que come, como cuida da saúde bucal e a presença de flúor, seja na água ingerida ou no creme dental. A hereditariedade também tem um papel importante.
“A odontologia avançou muito nos últimos anos, mas até hoje a cárie ainda precisa ser tratada utilizando aparelhos rotatórios e brocas, que podem ser desconfortáveis para o paciente. A terapia fotodinâmica é um tratamento auxiliar. Em crianças, por exemplo, com lesões extensas de cárie, o uso de brocas pode gerar inquietação do paciente e levar à perda de estrutura do dente não afetado. Uma alternativa é fazer a remoção manual da cárie e usar a terapia fotodinâmica com clorina, possibilitando um tratamento rápido, sem dor e com maior preservação da estrutura do dente”, explicou a professora Juliana Junqueira.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.
Fonte: Luciana Constantino, Agência FAPESP.
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