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Pesquisadores definem novas chaves e metachaves do envelhecimento e do câncer
Cientistas, coordenados pelo Dr. Carlos López-Otín e pelo Dr. Guido Kroemer, da Universidade de Oviedo e da Universidade de Paris, respectivamente, concluíram que o envelhecimento resultaria de um compêndio de doze processos moleculares que juntos contribuem decisivamente para a deterioração celular e funcional associada à passagem do tempo.
Os pesquisadores introduziram o conceito de metachaves no campo biomédico e definiram quatro determinantes comuns do envelhecimento e do câncer. Esses dois processos são frequentemente considerados antagônicos, mas o estudo mostra que eles têm alguns mecanismos equivalentes. Ambos os autores sublinham que a definição das novas chaves e metachaves permitirá o desenho de estratégias de intervenção específicas, de forma a melhorar a qualidade de vida e, eventualmente, prolongar a longevidade. Os trabalhos foram publicados nas revistas científicas Cell e Cell Metabolism.
Há uma década, esses mesmos pesquisadores definiram pela primeira vez as chamadas chaves do envelhecimento, publicadas em um artigo na revista científica Cell em 2013, que logo adquiriu extraordinária relevância, sendo referenciado por milhares de pesquisadores para se tornar o trabalho mais citado ao longo da história deste campo científico. Neste primeiro estudo, os autores apresentaram uma visão integradora das inúmeras alterações subjacentes ao desenvolvimento do envelhecimento, agrupando-as em torno de nove fatores comuns classificados em três categorias: primários, antagônicos e integrativos.
Fatores primários são os gatilhos para o processo e incluem instabilidade genômica, encurtamento dos telômeros, alterações epigenéticas e perda de proteostase. Os fatores antagônicos referem-se às respostas do organismo destinadas a mitigar os danos produzidos pelos fatores primários. Em princípio, essas respostas são benéficas, mas se forem exacerbadas ou crônicas, como acontece na terceira idade, tornam-se prejudiciais ao organismo. Esta categoria inclui desregulação de sensores nutricionais, senescência celular e disfunção mitocondrial. Por fim, os fatores integradores são os principais responsáveis pelo fenótipo senescente e incluem a depleção das reservas das células progenitoras e alterações nos mecanismos de comunicação intercelular.
Agora, dez anos após esta contribuição pioneira, os contínuos e fascinantes avanços no estudo do envelhecimento levaram este grupo de cientistas a incorporar três novas pistas que alcançaram importância causal suficiente para serem consideradas essenciais no desenvolvimento deste complexo processo biológico: alterações na autofagia (processo eficiente de reciclagem celular e molecular), inflamação crônica (de baixa intensidade, mas consequências notáveis para o organismo) e disbiose (perda do diálogo adequado entre o genoma humano e o de todos os microrganismos que convivem no organismo).
Em estreita relação com este artigo, a revista Cell Metabolism também publicou outro trabalho dos pesquisadores, que introduz o conceito de metachaves no campo biomédico e define quatro determinantes comuns do envelhecimento e do câncer. Esses processos são aparentemente antagônicos, pois o envelhecimento representa uma perda contínua da eficiência biológica, enquanto o câncer representa um ganho aberrante de células que se tornam entidades egoístas e agressivas a ponto de comprometer a vida do organismo. No entanto, o estudo detalhado das bases biológicas de ambos os processos levou o Dr. Carlos López-Otín e o Dr. Guido Kroemer a proporem a existência de quatro mecanismos comuns ao envelhecimento e ao câncer: instabilidade genômica, alterações epigenéticas, inflamação crônica e a disbiose. A obra, da qual também participaram o Dr. Lorenzo Galluzzi, do Weill Cornell Medical Center, nos Estados Unidos; o Dr. David Roiz, da Universidade de Oviedo, na Espanha, e o Dr. Federico Pietrocola, do Instituto Karolinska, na Suécia, define, além dessas metachaves, uma série de chaves ambivalentes relativas ao envelhecimento e ao câncer.
Os autores concluem que uma compreensão detalhada dos mecanismos envolvidos em todas essas novas chaves e metachaves do envelhecimento e do câncer permitirá o desenho de futuras estratégias de intervenção em cada uma delas, para que a qualidade devida possa ser melhorada e, eventualmente, estendida.
Acesse o resumo do artigo científico publicado na revista Cell (em inglês).
Acesse o resumo do artigo científico publicado na revista Cell Metabolism (em inglês).
Fonte: Universidade de Oviedo.
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