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Pesquisadores da UFPR estudam diagnóstico de esquizofrenia a partir de exame oftalmológico

Fonte

UFPR | Universidade Federal do Paraná

Data

domingo. 27 agosto 2023 14:40

A retina, o fino tecido que reveste a camada de trás dos olhos, é o único lugar do corpo em que médicos podem observar os neurônios sem precisar abrir o crânio. A partir disso, pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Medicina Interna e Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná (UFPR) publicaram um estudo que mostra a possibilidade de haver uma relação direta entre marcadores biológicos (alterações na retina, por exemplo, a espessura da camada que a cobre ou fibras nervosas que formam o nervo óptico) e o diagnóstico de esquizofrenia.

A pesquisa, de caráter inovador, está em andamento, e os resultados apresentados até agora são animadores, segundo os cientistas. O desenvolvimento dessa técnica pode abrir possibilidades de um novo diagnóstico para a doença, que atinge cerca de 21 milhões de pessoas no mundo, e quase 1% da população brasileira, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Somando evidências: psiquiatria e oftalmologia

Marcelo Alves Carriello é psiquiatra e mestre pela Pós-Graduação em Medicina Interna e Ciências da Saúde da UFPR. Ele contou que o interesse pela pesquisa surgiu por meio da leitura de artigos divulgados na área, que está em constante crescimento. Por isso, junto de seu orientador, o médico Dr. Raffael Massuda, e em conversa com o médico oftalmologista Dr. Mario Sato, resolveu investigar a relação entre duas áreas da medicina: a psiquiatria e a oftalmologia.

A aproximação entre esses dois ramos, que em princípio podem parecer distantes, foi suficiente para alcançar resultados preliminares de grande impacto. “O que percebemos foi a redução do volume da mácula [pequena região no centro da retina] nos pacientes com esquizofrenia quando comparado ao de pessoas da mesma faixa etária e sexo, mas sem transtornos mentais”, contou o pesquisador. Essa parte chamada ‘mácula’ permite, aos seres humanos, uma visão nítida e detalhada. As suas células convertem a luz em impulsos elétricos, que são enviados ao cérebro.

O Dr. Mario Sato, que é professor associado de Oftalmologia na UFPR e responsável pelo setor de Neuro-Oftalmologia e Eletrofisiologia Ocular do Hospital das Clínicas da UFPR, também comentou que essa aproximação entre as áreas é muito importante para o bem dos pacientes. “São muitas as doenças psiquiátricas que afetam a estrutura e a função do cérebro“, comentou. “Esses exames de eletrofisiologia ocular conseguem identificar essas alterações, porque junto da tomografia de coerência óptica não é necessário a subjetividade para avaliar os pacientes”, explicou.

Outra descoberta do estudo foi uma correlação entre a espessura da camada de fibras da retina com os sintomas de esquizofrenia.“Ou seja, quanto menor a espessura dessa camada, maior eram as quantidades de traços presentes na esquizofrenia. Esses sintomas são a inflamação dessas áreas”, contou o Dr. Marcelo. Entre eles, estão dificuldades na expressão de emoções, diminuição da fala, bem como a manifestação de alucinações e delírios.

Esse dado já foi publicado em revistas internacionais e, conforme o Dr. Raffael Massuda, é possível partir para novos caminhos no desenvolvimento científico. “Começamos a perceber que em áreas neuronais das pessoas com esquizofrenia, há a diminuição desse volume. E mesmo no cérebro é possível perceber que esses pacientes possuem a diminuição das estruturas de sinapse dos neurônios“, explicou o médico. Sinapse é o termo utilizado para as conexões dos neurônios no cérebro. Desta forma, se existe essa redução [no número de sinapses], é possível associar diretamente ao diagnóstico da esquizofrenia.

Resultados da pesquisa foram publicados na revista científica European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Paraná e no Portal Agência Escola da UFPR.

Fonte: Pedro Macedo, Alice Lima e Priscila Murr, Agência Escola UFPR.

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