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Pesquisa propõe ações para melhorar assistência a pacientes com fratura do colo do fêmur
É necessária uma melhor regulação de leitos de retaguarda — destinados a pacientes que aguardam vaga de internação — para viabilizar, no tempo ideal, o atendimento cirúrgico para as fraturas do colo do fêmur (extremidade superior do osso). Também é urgente que seja encurtado o tempo entre o acometimento do paciente e a resolução do caso.
Essas são algumas das conclusões da pesquisa desenvolvida pela enfermeira Camila Rinco Alves Maia, no Programa de Pós-graduação em Inovação Tecnológica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob orientação do professor Dr. Allan Claudius Queiroz.
A metodologia do estudo privilegiou um estudo de natureza descritiva-qualitativa, com utilização de dados da plataforma SUSfácilMG e prontuários de pacientes atendidos na Fundação Hospitalar São Francisco de Assis, unidade Santa Lúcia, em Belo Horizonte, referentes ao período de 2015 a 2021. Camila é gerente de Governança Corporativa, Inovação, Pesquisa e Ensino na Fundação.
Como apurou a autora, o atraso na detecção, diagnóstico, planejamento da assistência e início do tratamento tem como consequência o agravamento dos casos, a perda de qualidade de vida e de longevidade dos pacientes. Essa conjuntura também gera aumento das despesas que incidem sobre o sistema de saúde. “Acidentes domésticos e de trânsito estão entre as principais causas de traumas no quadril”, destacou Camila Rinco.
Entre os fatores de risco para a fratura do colo do fêmur, Camila destacou a idade acima de 50 anos, raça branca, osteoporose, histórico familiar, fumo e uso de álcool. A lesão ocorre, com maior frequência, em mulheres.
Cenário
De acordo com estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), é ideal que existam, nos hospitais privados, 3,2 leitos para cada 1.000 habitantes. No Brasil, em 2010, essa média era de 2,23 leitos. Em 2020, caiu para 1,91 leitos para cada 1.000 habitantes. “Além do déficit no número de leitos, prevalecem problemas na infraestrutura, nos equipamentos e no modelo de atenção e cuidado aos usuários do SUS, bem como no planejamento e gestão dos serviços”, ressaltou Camila Rinco. A projeção de aumento da expectativa de vida da população brasileira também preocupa, já que os idosos são mais suscetíveis a lesões graves nos ossos.
Entre todas as fraturas estudadas pela autora, as fraturas de colo de fêmur são as que demandam maior tempo dos pacientes em lista de espera: 12 dias, em média, para admissão no hospital, e quatro dias para o procedimento cirúrgico. “É a fratura mais preocupante, com mais casos de internação prolongada e de infecção. Sua incidência cresce em todo o mundo, em decorrência do envelhecimento da população”, detalhou a pesquisadora.
O tratamento cirúrgico é indicado, de acordo com ela, para a maioria das fraturas de fêmur. “Estudos demonstram que pacientes idosos operados dentro de 48 horas têm índice de mortalidade significativamente menor do que aqueles que são operados após esse intervalo”, informou.
Segundo Camila Rinco, a pesquisa fornece informações valiosas para que as autoridades de saúde pública conheçam o cenário real e para nortear estratégias de recuperação dos pacientes. “Os resultados indicam a necessidade de um debate expressivo sobre a inovação nos processos, a eliminação das barreiras de acesso e investimentos na oferta de leitos nas macrorregiões”, completou.
As análises também poderão servir de referência para futuras pesquisas que pretendam aferir a capacidade operacional do sistema de saúde.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Minas Gerais.
Fonte: Matheus Espíndola, UFMG.
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