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Pesquisa da UFRN revela o impacto da COVID-19 na saúde mental de pessoas idosas em todo o mundo
Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) revelou o impacto da pandemia da COVID-19 nos sintomas depressivos e na ansiedade entre idosos no cenário mundial. As descobertas são resultado do trabalho que a Dra. Romeika Carla Ferreira de Sena realizou durante seu doutorado do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGE) da UFRN, vinculado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRN), sob a orientação do Dr. Francisco Arnoldo Nunes de Miranda, professor do Departamento de Enfermagem (DENF/UFRN). O trabalho contou, ainda, com a colaboração da enfermeira e pesquisadora Bruna Vale.
A tese teve como área de concentração a Enfermagem na Atenção à Saúde e seguiu a linha de pesquisa em Enfermagem na vigilância à saúde. Além do impacto provocado pela pandemia, o estudo descobriu quais fatores que influenciaram nesse aumento dos sintomas depressivos e na ansiedade: estresse; fatores econômicos, como renda ou perdas salariais; preocupações familiares; medo; redução de atividades físicas e, consequentemente, redução do desempenho físico; e piora na qualidade de vida e do sono.
Além disso, a pesquisa chamou à atenção para alguns aspectos sociodemográficos como questões de gênero, uma vez que mulheres adoeceram de depressão e de ansiedade mais que os homens. “Isso se dá porque a mulher ocupa um lugar e uma situação social que induz a mais consequências psíquicas do que o homem”, explicou a Dra. Romeika.
A metodologia empregada foi a revisão sistemática com metanálise, um método que une resultados de outras pesquisas com o mesmo objetivo. Por meio da metanálise, verificou-se em 50% dos estudos utilizados uma ligação muito forte da pandemia com esses sintomas depressivos e com a ansiedade em idosos, ou seja, mais de 16 mil pessoas avaliadas dentro dos estudos mundiais apresentaram altos índices de depressão e de ansiedade.
Foram utilizados como base alguns sites de coleta de dados internacionais, como Scopus, Medline, Embase e PsycInfo. A pesquisadora coletou evidências científicas sobre o tema produzidas mundialmente durante o período de 2020 a 2023 e encontrou 6.595 estudos relacionados com a temática. Desse total, foram selecionados 19 artigos desenvolvidos na China, na Espanha e no Brasil que serviram como referencial teórico para a tese.
O trabalho também faz parte de um projeto multicêntrico que estuda envelhecimento, saúde e qualidade de vida associado a três países: Brasil, Portugal e Espanha. A pesquisadora conta que escolheu esse tema porque já desenvolvia pesquisas científicas sobre saúde mental desde a época de graduação, em 2013. Recentemente, Romeika voltou seu trabalho para o público idoso.
“Com o advento da pandemia, o idoso foi caracterizado como grupo de risco, inclusive a mídia deu bastante foco à doença mental, algo que antes era visto como um tabu, mas depois da pandemia esse tema passou a ser mais debatido”, pontuou. Segundo ela, as pessoas tiveram quadros depressivos e de ansiedade alarmante dentro desse contexto devido ao isolamento social, devido às perdas e, principalmente em relação ao idoso que já vive em si um sentimento de abandono intrínseco, por causa da velhice e pela falta de uma rede de apoio.
De acordo com a Dra. Romeika, a pesquisa faz um alerta à comunidade científica e comunidade geral quanto aos impactos da pandemia da COVID-19 na saúde mental das pessoas idosas, tendo em vista os diversos fatores e a vulnerabilidade social que esse grupo enfrenta: “O estudo também poderá servir para o embasamento de políticas públicas voltadas para a temática e que promovam a prevenção dos agravos e a promoção da saúde mental e física desse grupo social que é tão afetado pelas questões biopsicossociais. Afinal, o mundo está envelhecendo e todos nós um dia seremos considerados como pessoas idosas!”, ressaltou.
O professor Francisco Arnoldo Nunes de Miranda disse que o envelhecimento mundial está acelerado e os países não estão preparados para essa mudança, em que a expectativa de vida vem aumentando e a taxa de natalidade diminuindo. “O Brasil é um exemplo disso, se levar em consideração os resultados censitários divulgados em que ocorre um aumento de pessoas idosas e uma redução da taxa de natalidade”, destacou.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Fonte: Gabrielly Venceslau, Agecom/UFRN.
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