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Novo estudo sugere regime de tratamento mais curto para a tuberculose
A tuberculose (TB) é uma infecção mortal que ocorre em todas as partes do mundo. O tratamento padrão para a TB, um regime multidrogas de seis meses, não mudou em mais de 40 anos. Os pacientes podem ter dificuldade para concluir o regime prolongado, tornando mais provável o desenvolvimento de resistência ao tratamento.
Uma equipe de pesquisa multi-institucional liderada pela Dra. Susan Dorman, pesquisadora da Universidade Médica da Carolina do Sul (MUSC), nos Estados Unidos, publicou na revista científica New England Journal of Medicine que um regime de tratamento de quatro meses com o medicamento rifapentina é eficaz no tratamento da tuberculose. Encurtar a duração do tratamento é um passo importante para aumentar a adesão do paciente.
Só em 2019, 1,4 milhão de pessoas morreram de tuberculose em todo o mundo. A tuberculose é causada por uma infecção bacteriana que ataca os pulmões das pessoas infectadas. A Organização Mundial da Saúde estima que um quarto da população mundial tem infecção por TB e esses indivíduos terão um risco de 5% a 10% ao longo da vida de desenvolver TB completa. Indivíduos com sistema imunológico comprometido, como pessoas com HIV, têm um risco muito maior de desenvolver TB.
Embora a tuberculose seja curável e evitável, a tuberculose multirresistente continua sendo uma das principais ameaças à saúde pública.
A resistência ocorre quando as bactérias desenvolvem a capacidade de derrotar drogas destinadas a matá-las. Quando uma bactéria na colônia descobre como derrotar uma droga específica, ela pode comunicar rapidamente essas instruções às bactérias vizinhas. O tratamento atual para aqueles com infecção por TB ativa é um regime multifármaco ao longo de seis a nove meses. Como os diferentes antibióticos usam mecanismos diferentes para derrotar as bactérias, a tuberculose é tratada com vários antibióticos ao mesmo tempo para diminuir as chances de as bactérias se tornarem resistentes aos medicamentos.
“A adesão dos pacientes ao regime de medicamentos exigentes tem sido um grande problema em todo o mundo e é o principal fator que deu origem às formas de tuberculose muito resistentes aos medicamentos, que são muito mais tóxicas, caras e demoradas para tratar”, explicou a Dra. Dorman.
A redução do tempo necessário para o tratamento da tuberculose tem sido uma importante meta de saúde pública. Quanto mais pacientes completam seus tratamentos para tuberculose, menos provável que as bactérias escapem com conhecimento para derrotar uma droga específica e continuem a espalhar a resistência para outras bactérias.
“Encurtar o tempo de tratamento melhora a adesão, diminui os custos dos programas e diminui os encargos sobre os próprios pacientes”, disse a Dra. Dorman.
A pesquisadora e sua equipe trabalharam com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e um grupo de estudos dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), nos Estados Unidos, para encontrar uma maneira de encurtar a duração geral do tratamento necessário para curar a doença completamente.
A equipe se concentrou na droga chamada rifapentina. Este medicamento é semelhante ao antibiótico usado no protocolo atual de tratamento da TB, mas permanece eficaz no corpo por longos períodos de tempo. Ao longo de 15 anos, a Dra. Dorman e sua equipe realizaram estudos clínicos, pré-clínicos e de fase inicial para determinar a melhor forma de usar esse medicamento. Eles determinaram a dosagem a ser administrada, a frequência com que a droga pode ser administrada e quais outros antibióticos devem ser combinados com ela. Eles então lançaram um estudo mundial de fase III com o TB Trials Consortium e o AIDS Clinical Trials Group.
Pacientes com infecções ativas de TB foram tratados com um dos dois regimes à base de rifapentina por quatro meses ou o regime padrão de seis meses. Eles foram acompanhados por 12 meses. Os resultados do estudo revelaram que o regime de quatro meses contendo rifapentina e outro antibiótico, a moxifloxacina, funcionou tão bem quanto o regime de seis meses. Também foi seguro e bem tolerado pelos pacientes.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Médica da Carolina do Sul (em inglês).
Fonte: Julia Lefler, Universidade Médica da Carolina do Sul.
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