Novas descobertas no manejo da dor de membro fantasma

Destaque

Novas descobertas no manejo da dor de membro fantasma

Fonte

Universidade da Cidade do Cabo

Data

quarta-feira. 20 julho 2022 21:45

Um estudo de doutorado de Katleho Limakatso na Universidade da Cidade do Cabo (UCT), na África do Sul, abriu novos caminhos no tratamento da dor para amputados com dor no membro fantasma. Katleho completou seu doutorado em apenas três anos e, ao realizar a defesa de sua tese, no dia 22 de julho, ele se torna o primeiro doutor negro da UCT em Anestesia e Medicina Perioperatória.

Dor e espelhos

Katleho se deparou pela primeira vez com a dor em membro fantasma alguns anos atrás, como estudante de graduação no Victoria Hospital, em Wynberg. Ele socorreu um paciente que estava sentindo uma dor insuportável no pé esquerdo. Mas depois de descobrir que a perna esquerda do paciente havia sido amputada, Katleho ficou perplexo. Como ele ainda podia sentir dor onde não havia mais o membro?

A amputação é muitas vezes o último recurso para diabéticos que experimentam longos períodos de dor debilitante, resultado de uma saúde mal gerenciada. Mas os amputados muitas vezes ainda sentem dor no membro que não está mais lá. A condição afeta cerca de sete em cada 10 amputados, disse Katleho.

Orientado pela Dra. Romy Parker, professora da Unidade de Gerenciamento de Dor Crônica da UCT, ele dedicou seu estudo de mestrado a investigar a eficácia de um novo tratamento para a doença. O tratamento é chamado de imagens motoras graduadas. Ele usa um aplicativo de software e um espelho para ‘retreinar o cérebro’, ativando as áreas que antes controlavam os movimentos do membro amputado.

Impulsionado pelo sucesso do tratamento, Katleho desenvolveu este trabalho no doutorado. Sua tese de doutorado foi construída com base em quatro estudos inéditos.

O primeiro estudo é uma revisão sistemática e meta-análise de todos os dados sobre prevalência de dor no membro fantasma globalmente. O segundo é um estudo transversal sobre a prevalência e os fatores de risco para dor no membro fantasma em participantes africanos amputados, pacientes recrutados no Hospital Groote Schuur.

O terceiro estudo é um estudo que utiliza o método Delphi sobre recomendações de tratamento para a dor do membro fantasma. Dos 37 tratamentos propostos na primeira rodada, apenas sete foram aprovados na rodada final. Resumidamente, um estudo Delphi é uma metodologia qualitativa formal, aprofundada e sistemática. É um processo de previsão baseado em várias rodadas de questionários enviados a um painel de especialistas.

“Interessante é que seis dos sete [tratamentos] foram tratamentos não farmacológicos. Isso está de acordo com a literatura que atualmente favorece os tratamentos não farmacológicos para o controle da dor do membro fantasma”, disse Katleho.

“No próximo ano ou dois estaremos realizando um estudo maior sobre um tratamento para a dor do membro fantasma com colaboradores internacionais”, acrescentou.

O quarto estudo é um estudo Delphi com pacientes com amputações de membros inferiores, identificados a partir do registro do Hospital Groote Schuur. No estudo, Katleho analisou as prioridades de cuidados entre esses pacientes. As entrevistas com os pacientes mostraram uma discrepância entre o que os médicos desejam alcançar com seus pacientes e o resultado que os pacientes mais desejam.  Mas os pacientes nem sempre consideram [o tratamento da dor] como sua prioridade.

Prioridades psicológicas

A amputação traz outras dores: depressão e ansiedade, perda de esperança e motivação, baixa autoestima e dignidade. Isso decorre da perda de mobilidade e acesso, perda de empregos e luta dos pacientes para se ajustar a novas formas de viver e ser.

“Alguns priorizam a saúde mental e coisas simples como água, saneamento e acomodação em andar térreo, por exemplo. Tivemos participantes que moram no primeiro, segundo ou terceiro andar. Eles não têm elevadores, então se torna complicado para eles viverem uma vida normal. Alguns dos pacientes que tratei disseram: ‘Se eu pudesse conseguir comida para comer, para viver uma vida decente, não me importo muito com a dor. A alimentação é prioridade porque perdi o emprego depois da amputação’. Percebemos que vivendo na África do Sul, com suas enormes disparidades econômicas e sociais, nossas necessidades são diferentes”, explicou Katleho Limakatso.

Os pacientes também queriam educação pré e pós-operatória: O que aconteceria na sala de cirurgia? O que eles poderiam esperar depois? Outros precisavam de ajuda psicológica para lidar com o trauma de perder um membro e suas lutas para navegar na sociedade e no isolamento. Eles precisam de cuidados psicológicos de longo prazo para levar uma vida normal e funcional e se reintegrar à sociedade.

Essas condições e necessidades subdiagnosticadas devem ser trazidas para o sistema multissetorial de atendimento e gestão, disse Katleho. Isso exige uma abordagem holística.

“Os pacientes nos deram uma visão geral do que eles querem nesse contexto. E foi realmente humilhante.”

Katleho visitará o Congresso Mundial sobre Dor no Canadá no final deste ano para obter feedback sobre o estudo antes da publicação.

Acesse a notícia completa na página da Universidade da Cidade do Cabo (em inglês).

Fonte: Helen Swingler, UCT.

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