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Lesões da medula espinhal têm forte impacto no sistema urinário
Um estudo conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), em Portugal, permitiu concluir que as lesões traumáticas da medula espinhal, que comprometem fortemente o sistema urinário, são acompanhadas por alterações marcadas na parede da uretra, fenômeno que, até agora, não era conhecido.
Segundo a Dra. Célia Duarte Cruz, professora da FMUP, o controle voluntário da micção “depende de redes neuronais complexas que funcionam de forma coordenada e que envolvem neurônios localizados no sistema nervoso central (medula espinhal e cérebro)” e sistema nervoso periférico, uma vez que são estes que monitorizam o grau de enchimento da bexiga e transmitem essa informação para o cérebro.
“A transmissão desta informação desde o trato urinário baixo até ao cérebro depende da medula espinhal, que funciona como uma autoestrada de sinais nervosos”, explicou a professora, acrescentando que, em circunstâncias normais, a informação gerada na bexiga é conduzida ao cérebro, que gera uma resposta coordenada da bexiga e uretra.
“Quando ocorre uma lesão traumática medular, a transmissão de informação ao cérebro sobre o grau de preenchimento da bexiga é bloqueada pelo trauma e pelo tecido cicatricial que se forma na zona da lesão. Com o tempo, ocorrem alterações nas vias nervosas, abaixo da zona da lesão, que levam à perda da coordenação entre os dois órgãos e a hiperatividade da bexiga”, explicou a professora Célia Cruz, mencionando ainda que esta disfunção urinária pode causar incontinência urinária e problemas associados.
De acordo com o trabalho, as lesões traumáticas que afetam o sistema nervoso central provocam uma acentuada reorganização da uretra e desnervação que resultam de uma adaptação à alteração do controle nervoso da função urinária e poderão, consequentemente, contribuir para a disfunção urinária.
O estudo, realizado em animais e publicado na revista científica International Journal of Molecular Sciences, tem como autores, além da professora Célia Duarte Cruz, a Dra. Ana Ferreira, a Dra. Sílvia Sousa Chambel e o Dr. António Avelino, todos pesquisadores da FMUP, e vem abrir portas a pesquisas futuras que promovam o desenvolvimento de terapias direcionadas exclusivamente à uretra.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.
Fonte: Cláudia Azevedo, Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS); Olga Magalhães e Maria João Silva, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
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