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Exercícios leves podem ser a chave para reverter a obesidade infantil ligada ao sedentarismo
O aumento do tempo sedentário desde a infância até a adolescência está diretamente ligado à obesidade infantil, mas uma nova pesquisa descobriu que a atividade física leve pode reverter completamente o processo.
O estudo – realizado em colaboração entre a Universidade de Exeter e a Universidade de Bristol, no Reino Unido; a Universidade do Leste da Finlândia, na Finlândia, e a Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. e publicado na revista científica Nature Communications – é o maior e mais longo acompanhamento para medir objetivamente a atividade física e a massa de gordura, usando dados do Estudo Longitudinal de Pais e Filhos de Avon, da Universidade de Bristol. O estudo incluiu 6.059 crianças (53% do sexo feminino) com 11 anos de idade que foram acompanhadas até os 24 anos.
Estudos recentes concluíram que mais de 80% dos adolescentes em todo o mundo não cumprem a média recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 60 minutos por dia de atividade física moderada a vigorosa. Estima-se que a inatividade física causará 500 milhões de novos casos de doenças cardíacas, obesidade, diabetes ou outras doenças não transmissíveis até 2030. Esta previsão alarmante relativamente ao perigo mórbido da inatividade física exige investigação urgente sobre a abordagem preventiva mais eficaz.
No entanto, os resultados deste novo estudo mostram que a atividade física moderada a vigorosa é até dez vezes menos eficaz do que a atividade física leve na diminuição do ganho global de massa gorda.
O Dr. Andrew Agbaje, pesquisador da Universidade de Exeter que liderou o estudo, destacou: “Essas novas descobertas enfatizam fortemente que a atividade física leve pode ser um herói desconhecido na prevenção da obesidade em massa gorda desde o início da vida. Já é tempo de o mundo substituir o mantra de ‘uma média de 60 minutos por dia de atividade física moderada a vigorosa’ por ‘pelo menos 3 horas por dia de atividade física leve’. A atividade física leve parece ser o antídoto para o efeito catastrófico do tempo sedentário na população jovem”.
Durante o estudo, um sensor usado na cintura mediu o tempo sedentário, atividade física leve e atividade física moderada a vigorosa entre participantes com idades de 11, 15 e 24 anos. A massa gorda, medida por absorciometria de raios X de dupla energia, e a massa muscular esquelética também foram coletadas nas mesmas idades e amostras de sangue em jejum foram medidas repetidamente para glicose, insulina, colesterol de lipoproteína de alta densidade, colesterol de lipoproteína de baixa densidade, triglicerídeos e proteína C reativa de alta sensibilidade. Além disso, pressão arterial, frequência cardíaca, tabagismo, situação socioeconômica e histórico familiar de doença cardiovascular foram verificados e controlados nas análises.
Durante o acompanhamento de 13 anos, o tempo sedentário aumentou de aproximadamente seis horas por dia na infância para nove horas por dia na idade adulta jovem. A atividade física leve diminuiu de seis horas por dia para três horas por dia, enquanto a atividade física moderada a vigorosa permaneceu relativamente estável em cerca de 50 minutos por dia, desde a infância até a idade adulta jovem.
Ainda foi observado que cada minuto de sedentarismo foi associado a um aumento de 1,3 gramas na massa gorda corporal total. Tanto as crianças do sexo masculino como as do sexo feminino ganharam em média 10 kg de massa gorda durante o crescimento, desde a infância até a idade adulta jovem. No entanto, o tempo sedentário contribuiu potencialmente com 700 gramas a 1 kg de massa gorda (aproximadamente 7% a 10%) em relação à massa gorda total adquirida durante o crescimento desde a infância até à idade adulta jovem. Um aumento de 1 kg de gordura tem sido associado a um risco 60% maior de morte prematura em uma pessoa com cerca de 50 anos.
Cada minuto gasto em atividade física leve durante o crescimento, desde a infância até a idade adulta jovem, foi associado a uma redução de 3,6 gramas na massa gorda corporal total. Isto implica que a atividade física leve cumulativa diminuiu a massa gorda corporal total em 950 gramas a 1,5 kg durante o crescimento desde a infância até à idade adulta jovem (uma redução de aproximadamente 9,5% a 15% no ganho total de massa gorda durante o período de observação de 13 anos). Exemplos de atividade física leve são longas caminhadas, tarefas domésticas, dança lenta, natação lenta e ciclismo lento.
Em contraste, o tempo gasto em atividade física moderada a vigorosa – incluindo cumprir os 60 minutos por dia recomendados pela OMS durante o crescimento desde a infância até à idade adulta jovem, foi associado a uma redução de 70 a 170 gramas (aproximadamente 0,7% a 1,7%) no total da massa gorda corporal.
Antes deste estudo, não era possível quantificar a contribuição em longo prazo do tempo sedentário para a obesidade (massa gorda) e a magnitude ideal da atividade física para reduzi-la. Mas este estudo confirmou os resultados de uma meta-análise recente de 140 estudos clínicos randomizados realizados em escolas em todo o mundo, de que a prática de atividade física moderada a vigorosa [por pouco tempo] teve efeito mínimo ou nenhum efeito na redução da obesidade infantil baseada no índice de massa corpórea (IMC).
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Exeter (em inglês).
Fonte: Tom Seymour, Universidade de Exeter.
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