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Pesquisa traz novos conhecimentos sobre a relação entre diabetes e doença valvar cardíaca
Indivíduos com diabetes apresentam um risco substancialmente aumentado de doença nas válvulas cardíacas do lado esquerdo em comparação com indivíduos controles sem diabetes, mostrou um estudo abrangente da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. As análises estatísticas também indicam que a doença valvar cardíaca pode ser prevenida pela redução dos limites da pressão arterial e de outros fatores de risco.
Quatro válvulas cardíacas regulam o fluxo sanguíneo através das quatro câmaras do coração: como a pressão é mais alta no lado esquerdo do coração, a doença valvar afeta mais frequentemente as duas válvulas desse lado. Isso pode fazer com que as válvulas percam sua flexibilidade, podendo não mais fechar ou abrir o suficiente e provocando regurgitação (vazamento), o que prejudica a capacidade de bombeamento do coração. A doença valvar pode causar muitos problemas, como respiração difícil, fadiga, tontura e, na pior das hipóteses, insuficiência cardíaca.
Risco de doença valvar elevado
Outra pesquisa, em modelos animais, mostrou que o diabetes pode exacerbar o endurecimento das válvulas no coração e dos anéis que ligam as válvulas ao coração. Em nível populacional, o estudo mostra pela primeira vez quão distinta é a ligação entre o diabetes e o aumento do risco de doença valvar. Tanto os indivíduos com diabetes tipo 1 quanto tipo 2 têm maior risco de desenvolvê-la e, para o diabetes tipo 2, o risco de calcificação na valva aórtica (estenose aórtica) é 1,62 vezes maior do que para indivíduos sem diabetes.
Menor risco de regurgitação
Por outro lado, um risco relativamente baixo de regurgitação foi encontrado em pessoas com diabetes tipo 2. No entanto, embora esse achado possa ser interpretado como um efeito protetor, os pesquisadores dizem que provavelmente não é positivo.
“O menor risco de regurgitação primária, ou vazamento, no [caso de indivíduos com] diabetes tipo 2, também é causado pelo suposto processo de endurecimento e calcificação iniciado, por exemplo, por pressão alta, metabolismo prejudicado do açúcar no sangue e fatores ligados à obesidade. À medida que envelhecemos, o processo de endurecimento do coração ocorre em todos nós – mesmo em indivíduos sem diabetes – mas assumimos que o diabetes o acelera”, disse o Dr. Aidin Rawshani, autor principal do estudo, pesquisador da Universidade de Gotemburgo e médico do Hospital Universitário Sahlgrenska, na Suécia.
O estudo baseia-se em dados de registo relativos a pouco mais de 3,4 milhões de pessoas na Suécia, acompanhadas ao longo de 20 anos. Os resultados foram publicados na revista científica Circulation.
O estudo identifica o açúcar no sangue, pressão arterial, lipídios no sangue, obesidade e função renal como fatores específicos que afetam os riscos de doença da válvula cardíaca do lado esquerdo. A análise estatística mostrou que pode ser benéfico se mais fatores de risco tradicionais tiverem seus limites reduzidos ainda mais, em comparação com as diretrizes atuais de saúde. No entanto, a descoberta é puramente estatística, como enfatizam os pesquisadores.
“Nossos resultados sugerem que o risco de doença valvar cardíaca poderia ser reduzido se as metas de tratamento recomendadas tiverem seus valores limites reduzidos. Mas essa descoberta deve ser interpretada com cautela, pois não é mais do que uma associação estatística até agora. São necessários estudos clínicos para verificar se o efeito é genuinamente tão benéfico quanto as estatísticas sugerem”, completou o Dr. Rawshani.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Gotemburgo (em inglês).
Fonte: Elin Lindström, Universidade de Gotemburgo.
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