Destaque
Pesquisa utiliza Big Data para identificar relações causais entre doenças infecciosas nas mães e saúde dos bebês
Fonte
CNPq | Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Data
quinta-feira. 25 março 2021 16:35
Os impactos de doenças infecciosas como dengue, sífilis e tuberculose durante a gravidez podem ser transitórios para as mães, mas têm possibilidade de afetar de forma duradoura as crianças, conforme mostra pesquisa coordenada pelo professor Dr. Rudi Rocha, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coordenador do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS). O estudo cruzou dados fornecidos por bases do Datasus, incluindo o SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade), o SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) e o SINASC (Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos), com informações de georreferenciamento que indicaram dados residenciais das mães na época dos nascimentos dos bebês. A pesquisa permitiu a análise epidemiológica e a avaliação do impacto de políticas públicas sobre a população da cidade do Rio de Janeiro, entre os anos 2000 a 2017.
A análise dos padrões geográfico e temporal das três doenças no Rio, e de como essas enfermidades, com formas distintas de infecção, podem afetar mães e bebês, resultou na produção de diversos mapas relevantes para serem utilizados nas decisões de políticas públicas. Os pesquisadores concluíram que as infecções das mães por dengue estão relacionadas a aumento significativo na prematuridade das crianças; a infecção por tuberculose durante a gestação se encontra associada à elevação expressiva de prematuridade e de baixo peso ao nascer; e a sífilis, por sua vez, está ligada ao crescimento na probabilidade de óbito fetal e infantil, bem como ao baixo peso ao nascer. A equipe de pesquisa verificou que, em geral, os efeitos da infecção por alguma dessas doenças são maiores para as gestantes residentes em setores censitários mais vulneráveis e com renda mais baixa.
O uso do georreferenciamento permitiu aos pesquisadores elaborar mapas que demonstram diferenças das três doenças pesquisadas sobre as gestantes e o óbito infantil entre as regiões da cidade do Rio de Janeiro. A combinação dos efeitos adversos da dengue, da sífilis e da tuberculose com seus resultados posteriores são ainda mais localizados no âmbito da cidade do Rio do que a incidência das doenças. A porcentagem de mulheres infectadas durante a gravidez e a taxa de mortalidade infantil de menores de um ano dos nascidos de mães infectadas mostraram ser heterogêneos para as três doenças. Apesar de a incidência das doenças variar de acordo com as regiões da cidade, de maneira geral, a sífilis foi a que teve maior incidência registrada. Para os pesquisadores envolvidos no estudo, a integração dos sistemas de informação de saúde pode levar à vigilância da incidência dessas doenças em tempo real e ajudar na eficácia de resposta governamental no tocante a medidas protetivas, além de mitigar a transmissão vertical dessas enfermidades. O mapeamento mais preciso das doenças pesquisadas entre as regiões da cidade, por seu turno, pode ser uma maneira efetiva de se vigiar e de se conter uma infecção.
Para o coordenador da pesquisa, esse tipo de estudo fornece evidências relevantes sobre o impacto na saúde infantil de doenças infecciosas a que as mães foram acometidas durante a gestação. Esses dados eram pouco conhecidos até então. “O primeiro conjunto de evidências nos mostra como o mapa de infecção pode ser diferente do mapa de resultados adversos, dada a infecção”, afirmou o professor Rudi Rocha, citando como exemplo o mapa de sífilis materna, que é distinto do mapa da probabilidade de óbito infantil, dada a infecção da mãe. Para ele, essas informações são fundamentais para o desenho e para a implementação de políticas públicas. “O segundo conjunto de evidências nos mostra que cada doença tem impactos sobre diferentes indicadores de desfecho, e que o acesso à atenção primária muitas vezes consegue mitigar os efeitos adversos”, completou o professor.
A pesquisa foi inovadora por avaliar um conjunto extenso de indicadores e por estimar os impactos de mitigação ou de proteção das políticas públicas em saúde. O propósito da pesquisa era o de fornecer novas evidências sobre os possíveis danos ao desenvolvimento de crianças, devido à exposição delas a surtos de infecção quando ainda no útero materno. O uso de dados geocodificados e de informações administrativas sobre a implementação de novos centros de atenção primária contribuiu para os pesquisadores estimarem até que ponto esses benefícios atenuam os impactos nos bebês dos problemas de saúde das mães, causados por doenças infecciosas durante a gestação.
Acesse a notícia completa na página do CNPq.
Fonte: CNPq.
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