Notícia
Uso de tecnologias digitais na odontologia auxilia reabilitação por meio de próteses
Pesquisadora da UFRN desenvolve estudo na área da reabilitação oral com ênfase em prótese dentária, voltado para o uso de tecnologias digitais direcionadas para a confecção de estruturas em próteses fixadas sobre implantes
Divulgação, CCS/Capes
Fonte
UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Data
segunda-feira, 6 julho 2020 12:20
Áreas
Odontologia.
Os dados não fazem sorrir: de acordo com informações do IBGE, pelo menos 16 milhões de brasileiros não têm nenhum dente. Se considerarmos as pessoas com mais de 60 anos, quatro em cada dez (41,5%) estão completamente sem dentes. Dentre as diversas explicações para compreender a causa dessa realidade, uma delas aponta para a dificuldade de acesso aos tratamentos odontológicos devido ao custo elevado. Seria por que o uso de novas tecnologias no campo da odontologia encarece em demasia valor do tratamento?
Não necessariamente. Para Ana Larisse Carneiro, cirurgiã-dentista graduada pelo Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (UNILEÃO) e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas (PPGCO) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o desenvolvimento tecnológico aplicado aos procedimentos odontológicos podem até ajudar a baratear o tratamento. E isso acontece com o tempo (os equipamentos, softwares e materiais vão ficando mais baratos) e quando, por exemplo, o uso da tecnologia permite reduzir etapas clínicas. Além disso, é preciso considerar os benefícios que essas tecnologias proporcionam com relação à qualidade e à precisão do procedimento realizado e ao resultado final.
Ana Larisse desenvolve trabalho de mestrado na área da reabilitação oral com ênfase em prótese dentária. Seu trabalho é voltado para o uso de tecnologias digitais direcionadas para a confecção de estruturas em próteses fixadas sobre implantes. Recentemente ela foi notícia como Bolsista em Destaque em uma publicação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Isso porque Ana Larisse, orientada pela professora Dra. Adriana Carreiro, do Departamento de Odontologia da UFRN, desenvolve uma pesquisa clínica relacionada ao desenvolvimento e uso de um dispositivo que ajuda no tratamento de pacientes sem dentes. Trata-se de uma estrutura produzida em resina que une os implantes realizados em pacientes sem dentes, permitindo fazer o escaneamento e a geração de uma imagem do interior da boca do paciente, ou seja, um modelo digital.
É com base nesse modelo que vai ser desenhada, e posteriormente produzida, a estrutura metálica a ser adaptada sobre esses implantes. Dessa forma, é possível justamente fazer a eliminação de uma etapa clínica, a de moldagem. Além disso, é possível obter mais precisão no resultado do trabalho, reduzir o tempo de tratamento e promover mais conforto para o paciente.
Desafio
O trabalho de reabilitação de pacientes completamente sem dentes que realizaram implantes para receber uma prótese total apresenta uma dificuldade relacionada ao uso do scanner intraoral. Esse equipamento, parecido com uma caneta, permite criar em computador uma imagem em 3D da arcada dentária, servindo para planejar e definir o desenho da estrutura sobre a qual vai ser confeccionada a prótese.
Em outros termos, esse scanner permite a criação de um modelo digital da boca, substituindo aquele procedimento convencional feito por meio de uma moldeira preenchida com uma massa que é inserida na boca do paciente. Tal procedimento, vale destacar, causa desconforto em muitas pessoas.
O problema, conforme explica Ana Larisse, é que para gerar uma imagem com precisão, o scanner toma como pontos de referência os dentes que o paciente ainda possui, mas em alguém completamente sem dentes essa referência não é possível, o que leva à imprecisão da imagem obtida. Segundo ela, na literatura científica é possível verificar um histórico de pesquisas nessa área, mas sem apontar para soluções clinicamente exitosas diante dessa dificuldade.
Ao ingressar, em 2018, no PPGCO da UFRN, ela passou a trabalhar com a equipe da professora Adriana Carreiro (DOD/UFRN) em pesquisas relacionadas ao uso de equipamentos capazes de substituir os materiais comumente utilizados em próteses dentárias. Assim, sua pesquisa foi direcionada para dar continuidade ao trabalho de doutoramento da professora Maria Fátima Campos, que tratava da reabilitação de pacientes com prótese provisória do tipo total fixa instalada sobre implantes, utilizando o método convencional. O desafio seria substituir essas próteses provisórias por finais, usando recursos de tecnologia digital em pacientes desdentados.
“Só estamos conseguindo realizar isso em decorrência de inúmeros fatores. Um deles é o desenvolvimento de um dispositivo para promover referência para o scanner intraoral”, explicou.
Perspectivas
O uso de tecnologias digitais na odontologia pode trazer benefícios tanto para o paciente quanto para o dentista. Em se tratando de reabilitação por meio de próteses, esses recursos apresentam vantagens em relação ao método convencional que está mais sujeito à influência da posição dos implantes, à habilidade do profissional, a erros laboratoriais, geralmente associados à confecção de modelos de trabalho e até do processo de fundição.
Segundo Ana Larisse, o dispositivo desenvolvido é inovador porque torna viável o uso de tecnologia de escaneamento no caso específico de pacientes desdentados. Mas o trabalho precisa ir além: é necessário comprovar cientificamente os benefícios dessa invenção. E essa é outra parte da pesquisa que ela desenvolve e visa demonstrar evidências de que o uso desse dispositivo voltado para permitir a criação de uma imagem em 3D da boca de paciente desdentado apresenta viabilidade e avanço em relação ao método convencional. Trata-se de uma etapa fundamental para o processo de registro de patente que estabelece o direito de propriedade sobre um invento.
Os resultados até agora são positivos. O dispositivo de reabilitação oral permite que pacientes sem dentes possam ser tratados usando os benefícios da tecnologia digitais usadas na odontologia ao mesmo passo em que significa uma redução de etapa e no tempo de tratamento. “Eu acredito que a inovação da pesquisa, frente os resultados contrários da literatura, as patentes desenvolvidas dentro desse projeto causaram forte interesse. No entanto, sem dúvida o retorno para o paciente no que concerne a um tratamento mais rápido, traz grandes contribuições não só para a pesquisa [mas também] para a sociedade”, concluiu a pesquisadora.
Acesse a notícia na página da Capes.
Acesse a notícia na página da UFRN.
Fonte: Marcone Maffezzolli, UFRN e CCS Capes. Imagem: Divulgação, CCS Capes.
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