Notícia

Única sessão de exercício aeróbico melhora a pressão arterial de pacientes com artrite reumatoide

Estudo realizado com 20 voluntárias com artrite reumatoide e hipertensas mostrou os benefícios de uma caminhada em intensidade moderada até mesmo após a realização de testes que simulam eventos estressantes e que tendem a elevar a pressão arterial

Freepik

Fonte

Agência FAPESP

Data

segunda-feira, 11 dezembro 2023 18:20

Áreas

Biologia. Cardiologia. Educação Física. Envelhecimento. Medicina. Saúde Pública.

Uma caminhada de 30 minutos, em intensidade moderada, é capaz de reduzir temporariamente a pressão arterial de pacientes com artrite reumatoide. Em testes realizados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), mulheres com a doença autoimune e hipertensão apresentaram melhora após a prática de exercício físico não só quando estavam em repouso, mas também durante episódios estressantes – como testes cognitivos e físicos –, que tendem a elevar a pressão arterial desses pacientes.

A artrite reumatoide é uma doença inflamatória autoimune, caracterizada sobretudo pela dor articular e incapacidade funcional, e pode apresentar como problema secundário a pressão alta. Tanto é que as doenças cardiovasculares são a maior causa de morte de pessoas com artrite reumatoide. Estudos anteriores demonstraram que indivíduos com a doença autoimune apresentam risco de morte cardiovascular 50% maior que a população geral.

“A artrite reumatoide está intrinsecamente ligada a problemas de hipertensão tanto por causa da alta inflamação, quanto por alguns medicamentos (usados no tratamento da doença autoimune) que podem ter efeito deletério sobre a função e estrutura dos vasos sanguíneos. Dessa forma, o paciente pode estar com a artrite controlada e ter a pressão arterial piorada, variando mais que o normal ao longo do dia. Por isso, para esses casos, é preciso pensar em estratégias não farmacológicas que complementem o controle da pressão arterial”, explicou o Dr. Tiago Peçanha, pesquisador colaborador da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e professor no Departamento de Esportes e Ciência do Exercício da Universidade Metropolitana de Manchester, no Reino Unido.

O estudo foi apoiado pela FAPESP no âmbito de um projeto temático que estuda os efeitos da redução do sedentarismo em diferentes populações clínicas.

Já é sabido que o exercício físico é uma das melhores maneiras não farmacológicas de se controlar a pressão arterial no geral. “Mas ainda não se sabia exatamente o que acontecia com pessoas que têm artrite reumatoide e a hipertensão como consequência da doença autoimune. Afinal, eventos estressantes, como estresse mental ou situações que causam dor, podem inclusive aumentar a pressão desses indivíduos. No entanto, os resultados do nosso estudo foram muito positivos e reforçam a importância do exercício físico no manejo cardiovascular e como uma forma complementar de controle da pressão arterial desses pacientes”, afirmou Tatiane Almeida de Luna, primeira autora do artigo que é fruto de sua dissertação de mestrado.

O professor Tiago Peçanha afirmou que os resultados do estudo realizado com pacientes com artrite reumatoide podem ser extrapolados para outras doenças inflamatórias autoimunes, como lúpus, artrite psoriática, miopatias inflamatórias e lúpus juvenil. “Isso porque a artrite reumatoide é um modelo de doença inflamatória que se assemelha a estas outras doenças. Portanto, a inflamação e suas consequências, como o aumento da pressão arterial, também se dão de maneira similar nessas outras doenças”, explicou.

Redução temporária

No trabalho, publicado na revista científica Journal of Human Hypertension, os pesquisadores analisaram 20 mulheres diagnosticadas com artrite reumatoide e hipertensão, entre 20 e 65 anos de idade. As voluntárias do estudo fazem parte do ambulatório de Artrite Reumatoide do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP).

O estudo com as voluntárias foi realizado em três encontros. Na primeira sessão, depois de selecionadas, os pesquisadores mediram a pressão arterial e realizaram um teste físico nas participantes. No segundo encontro, as voluntárias tiveram a pressão arterial medida antes e depois de realizar a caminhada de 30 minutos em uma esteira ergométrica. Na terceira sessão elas permaneceram em pé na esteira em repouso também por 30 minutos e mediram a pressão arterial antes e depois do período. Como se trata de um estudo randomizado, a ordem de realização do exercício ou repouso foi aleatória.

Depois de realizarem o exercício físico ou permanecerem em repouso, as voluntárias foram submetidas a testes que simulam episódios de estímulos estressantes que podem impactar no aumento da pressão arterial desses pacientes. No teste de estresse cognitivo as participantes precisavam responder a um questionário de cores, enquanto recebiam cartões pintados de uma cor e com o nome de outra cor escrito. Já no teste de estresse físico de dor, elas colocaram a mão espalmada em uma bacia com água a 4 °C. Nas duas etapas do estudo, as voluntárias seguiram tendo a pressão arterial monitorada em tempo real por 24 horas e por meio de um monitor ambulatorial da pressão arterial.

Com isso, os pesquisadores verificaram que, nas 20 mulheres, a pressão arterial sistólica permaneceu estável no período anterior e imediatamente posterior à caminhada. No entanto, ela aumentou na comparação realizada no dia em que elas ficaram em repouso. “Isso mostra que o exercício impediu que houvesse aumento da pressão arterial”, disse o professor Tiago Peçanha.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Maria Fernanda Ziegler, Agência FAPESP. Imagem: Freepik.

Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 tech4health t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account