Notícia

Ubiquitina pode combater o câncer e prevenir contra o vírus zika

Proteína descoberta pelo Nobel de Química Aaron Ciechanover foi chave para as atuais pesquisas. Cientista estará no Brasil no dia 10 de agosto

Beto Monteiro, Secom, UnB

Fonte

UnB

Data

terça-feira, 8 agosto 2017 07:00

Áreas

Biologia Celular e Molecular. Bioquímica.

O Dr. Aaron Ciechanover, bioquímico e professor da Faculdade de Medicina do Instituto de Tecnologia de Israel (Technion) e ganhador do Prêmio Nobel de Química em 2004, descobriu uma molécula chamada ubiquitina, que, hoje se sabe, é responsável por regular uma série de funções celulares, como processos no nível de replicação e divisão celular. Ela exerce a função de marcar e direcionar proteínas indesejáveis para a molécula denominada proteassoma – utilizada para destruir proteínas danificadas ou com erros de síntese – eliminando-as do sistema celular e orientando os processos vitais da célula.

A ubiquitina regula os eventos que mantêm a dinâmica da vida”, explica a Profa. Dra. Sonia Maria de Freitas, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Biologia Molecular do Instituto de Ciências Biológicas (IB) da Universidade de Brasília (UnB). O grupo de pesquisa liderado pela docente desenvolve estudos sobre a inibição da via de degradação de proteínas no contexto do sistema de ubiquitina-proteassoma.

A proteína utilizada nos estudos da equipe – o BTCI – é inibidora de proteases, ou seja, de enzimas que hidrolisam ou quebram outras proteínas. Ela foi purificada em 1966 a partir de sementes de feijão de corda Vigna unguiculata pelo professor Emérito da UnB Manuel Mateus Ventura, orientador de doutorado de Sonia. “Trabalha-se até hoje com a caracterização estrutural e funcional do BTCI, obtido a partir dessas sementes, que são plantadas na Estação Experimental de Biologia da Universidade”, explica a coordenadora do programa.

A caracterização funcional do BTCI consiste, atualmente, na investigação do efeito desta molécula contra o câncer de mama. Ela inibe a atividade de degradação de proteínas pelo proteassoma de células desse tipo de câncer, interagindo especificamente com esta molécula e induzindo a morte das células.

Essa interferência do BTCI resulta em acúmulo de proteínas não funcionais, produção de radicais livres, aumento na expressão de proteínas relacionadas à morte (BAX). Como consequência, a função mitocondrial é prejudicada e o material genético da célula tumoral é danificado. Dessa forma, outras proteases relacionadas ao processo de morte programada na célula são ativadas, resultando na morte celular.

A perspectiva do trabalho é boa: conhecendo os mecanismos de interação entre o proteassoma e o inibidor BTCI, é possível pensar em uma droga que afete a programação de morte das células tumorais. O BTCI age como inibidor da via sinalizadora da morte programada. A célula, que já está confusa metabolicamente, fica mais ainda, uma vez que, inibindo os genes reguladores de processos metabólicos, ela morre.

Vacina contra o vírus zika

O Prof. Dr. Tatsuya Nagata, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biologia Microbiana, está trabalhando no desenvolvimento de um teste para diagnosticar precisamente o vírus zika. Hoje, o da dengue também reage ao teste e é difícil precisar qual dos vírus acomete a pessoa. A diferença entre os dois é molecular.

”Usando o conhecimento derivado da técnica do professor Aaron, queremos identificar a diferença entre os dois, tornando possível tanto modificá-lo no futuro, quanto usá-lo para o teste e a vacina”, explica o professor.

A vacina leva cerca de dez anos para ser desenvolvida, uma vez que os testes precisam ser feitos em seres humanos. É preciso analisar a interação do vírus com o nosso cérebro para determinar o que causa a microcefalia em fetos. Segundo essa ideia, é possível determinar qual parte do ácido ribonucleico (RNA) – que corresponde à carga genética do vírus – causa a microcefalia. No caso de gestantes, não se pode utilizar a estratégia do vírus fraco, como se faz com a febre amarela, porque ainda não se identificou o quê, na carga genética do vírus, pode causar a microcefalia. “Para o feto em formação, esse contato, mesmo que enfraquecido, pode levar ao desenvolvimento da doença”, afirma o Dr. Tatsuya Nagata.

Prêmio Nobel

O cientista Aaron Ciechanover vem à Universidade de Brasília no próximo dia 10 de agosto. O israelense e sua equipe alcançaram o feito com um estudo que tem contribuído muito, desde então, para o tratamento individualizado contra o câncer e para a produção de medicamentos para controle e tratamento de outras doenças.

No auditório da Associação dos Docentes da UnB, o Dr. Aaron Ciechanover vai compartilhar experiências e inquietações vividas em mais de quatro décadas dedicadas à carreira científica. A participação é gratuita e aberta a quaisquer interessados.

 
Acesse a reportagem completa no UnB Ciência.

Fonte: Thaíse Torres, UnB. Imagem: Beto Monteiro, Secom, UnB.

Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2025 tech4health t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account