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Tumores de ovário residuais: tecnologia implantável pode ser a solução

Infusão intraperitoneal contínua de droga quimioterápica pode trazer mais conforto para o paciente e mais eficácia para o tratamento

MIT

Fonte

MIT

Data

quarta-feira, 24 maio 2017 08:10

Áreas

Oncologia. Câncer de Ovário. Engenharia Biomédica. Inovação Tecnológica. Saúde da Mulher.

A maioria das mulheres diagnosticadas com câncer de ovário são submetidas a cirurgia para remover o maior número possível de tumores. No entanto, é difícil eliminar todas as células cancerosas, pois elas podem se espalhar por todo o abdômen. A cirurgia costuma ser seguida por 18 semanas de quimioterapia.

Aplicar as drogas quimioterápicas diretamente no abdômen através de um cateter pode oferecer melhores resultados do que outros métodos, mas este regime terapêutico pode levar a algumas complicações e muitas pacientes são incapazes de completá-lo.

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, estão trabalhando em um dispositivo implantável que poderia tornar a quimioterapia intraperitoneal mais confortável. Eles publicaram um novo estudo que oferece uma visão sobre como melhorar as estratégias de quimioterapia para o câncer de ovário e como determinar quais pacientes seriam mais susceptíveis a serem beneficiadas com este dispositivo.

“À medida que entramos neste projeto, a nossa pergunta foi como obter os mesmos resultados benéficos e reduzir todos os efeitos colaterais?”, diz o Dr. Michael Cima, professor de Engenharia no Departamento de Ciência dos Materiais e Engenharia e membro do Instituto Koch do MIT para Pesquisa Integrativa sobre Câncer e um dos autores do estudo.

Os resultados sugerem que a cirurgia inicial desempenha um papel fundamental na eficácia da quimioterapia intraperitoneal subsequente. A cisplatina, uma das drogas mais comumente usadas, trata eficazmente pequenos grupos de células tumorais quando é administrada continuamente ou como uma única dose maior. Mas os pesquisadores descobriram que, para maiores conjuntos de células tumorais, o fornecimento contínuo de cisplatina, em doses mais altas do que são toleráveis ​​com o atual método de quimioterapia periódica, foi mais eficaz. O dispositivo que estão desenvolvendo tornaria possível a administração de tais doses mais elevadas, injetadas continuamente.

A Dra. Laura Tanenbaum, que recebeu recentemente seu doutorado no Programa em Ciências da Saúde e Tecnologia (HST) Harvard-MIT, e também o doutorando Aikaterini Mantzavinou são os principais autores do trabalho, que foi publicado na revista científica Gynecologic Oncology. Outros autores são a doutoranda Kriti Subramanyam e a oncologista ginecológica do Hospital Geral de Massachusetts Dra. Marcela del Carmen.

Segmentação de tumores residuais

O câncer de ovário geralmente não é detectado até que o câncer tenha atingido um estágio avançado, com metástases cobrindo órgãos em toda a cavidade peritoneal, incluindo o fígado, bexiga e intestinos. Após a cirurgia, as pacientes recebem dois tipos de quimioterapia para tratar os tumores possivelmente deixados para trás: a administração intravenosa de paclitaxel e a injeção intravenosa ou intraperitoneal de um fármaco como a cisplatina.

A quimioterapia intraperitoneal é bombeada diretamente para o abdômen através de um cateter a cada três semanas em um total de seis ciclos. Isso permite que a cisplatina entre em contato direto com os tumores residuais, o que se mostrou ser mais eficaz do que a administração intravenosa, mas não é tolerável para muitos pacientes. “É doloroso e o cateter pode ser um local de infecções”, diz o Dr. Michael Cima.

Vários anos atrás, o Dr. Michael Cima e colegas começaram a desenvolver um dispositivo implantável que poderia entregar cisplatina no abdômen sem todos os efeitos secundários produzidos pelo cateter e as grandes doses repetidas de cisplatina. Como este projeto não era pesquisa clínica tradicional nem pesquisa científica fundamental, o apoio veio do Programa de Pesquisa de Fronteiras do Instituto Koch e, mais tarde, de uma parceria entre o Instituto Koch do MIT e o Centro de Câncer Dana-Farber de Harvard.

O dispositivo é feito de um polímero carregado com o fármaco que pode ser inserido no início do tratamento e permanecer no local durante o tratamento completo, sendo depois removido com cirurgia minimamente invasiva. Os pesquisadores testaram dispositivos de prova de conceito em camundongos e agora estão desenvolvendo uma versão que poderia ser testada em seres humanos, embora mais estudos em animais sejam necessários antes que ensaios humanos possam começar.

Em seu novo estudo, os pesquisadores se propuseram a investigar como o tamanho dos tumores residuais afetaria sua resposta a doses contínuas e baixas de cisplatina. Eles acreditavam que o tamanho teria alguma influência porque uma vez que os tumores atingem um certo tamanho, a droga pode não ser capaz de penetrar até o núcleo dos tumores.

Para testar esta hipótese, os pesquisadores cultivaram células de câncer de ovário em formato quase esférico com diâmetro entre 100 e 200 microns em laboratório, expondo-as a doses variáveis ​​de cisplatina. A administração contínua de doses baixas de cisplatina, semelhante ao que os tumores receberiam de um dispositivo implantado, era tão eficaz contra esferóides tumorais de 100 microns como uma única dose elevada, semelhante à administrada por um cateter.

No entanto, ao aumentar a dose contínua de cisplatina, os pesquisadores descobriram que poderiam tratar os esferóides maiores de 200 microns de forma mais eficaz do que eles poderiam com a única dose alta. Esta dose aumentada poderia ser administrada utilizando um dispositivo implantável, mas não seria tolerável para os doentes se administrada através de um cateter abdominal.

Melhores estratégias de tratamento

O Dr. Michael Cima acredita que os resultados também podem ajudar a explicar alguns dos resultados preliminares de um ensaio clínico recente em que os médicos descobriram que a infusão intraperitoneal de cisplatina não foi mais eficaz do que quimioterapia intravenosa isolada. Isso contradiz os achados anteriores de estudos menores, indicando que a administração de cisplatina por cateter melhorou a sobrevida do paciente.

No ensaio mais recente, conduzido em cerca de 500 centros de tratamento, os cirurgiões admitiram pacientes no estudo com base nas estimativas de tamanho dos tumores remanescentes após a cirurgia. No entanto, segundo Cima, essa avaliação subjetiva pode ter resultado em pacientes que entraram no estudo cujos tumores eram muito grandes para serem ajudados pela terapia intraperitoneal atual.

Isso aponta para a importância de desenvolver um bom método para rastrear os pacientes antes dos ensaios futuros começarem, para se certificar de que poderão se beneficiar do tratamento, e também de elaborar novas estratégias para ajudar os cirurgiões a remover o maior número possível de tumores, diz o especialista.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Fonte: Anne Trafton, MIT News Office. Imagem microscópica de câncer de ovário: MIT.

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