Notícia

Treinamento físico: “mais” nem sempre é “melhor”

Nova publicação da Associação Americana do Coração destaca importância da moderação no ritmo e intensidade dos exercícios e a possibilidade de ocorrência de eventos cardíacos

Pixabay

Fonte

Associação Americana do Coração

Data

quinta-feira, 5 março 2020 09:45

Áreas

Cardiologia. Educação Física. Medicina.

Não é segredo que os exercícios físicos trazem muitos benefícios à saúde. Mas é preciso cautela com o ritmo e a intensidade com que são praticados.

Exercícios extremos como maratonas, triatlos e treinamento de alta intensidade podem aumentar o risco de parada cardíaca, ritmo cardíaco anormal e ataque cardíaco em pessoas que não estão ativas ou acostumadas a essas atividades, de acordo com nova declaração científica da Associação Americana do Coração (AHA, da sigla em inglês). A declaração foi endossada pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva e também pela Associação Americana de Reabilitação Pulmonar e Cardiovascular.

“O exercício é remédio e, como o remédio, é possível subdosagem e sobredosagem durante os exercícios – o ‘mais’ nem sempre é o ‘melhor’ e pode levar a eventos cardíacos, principalmente quando [o exercício físico é] realizado por indivíduos inativos e inaptos com doença cardíaca conhecida ou não diagnosticada”, afirmou o Dr. Barry A. Franklin, presidente do comitê de redação da AHA, em comunicado à imprensa. O Dr. Franklin é diretor de cardiologia preventiva e reabilitação cardíaca no Beaumont Hospital, e professor da Escola de Medicina da Universidade Estadual de Wayne, nos Estados Unidos. “O objetivo desta declaração é expor os benefícios e riscos de exercícios vigorosos como maratonas e triatlos”, continua o especialista.

Evidentemente, isso não quer dizer que as pessoas devam evitar os exercícios físicos. Os autores da declaração – publicada na revista científica Circulation – incentivam as pessoas a praticar exercícios aeróbicos, que mantêm os músculos em movimento por um tempo prolongado. Eles podem ser realizados em baixa ou alta intensidade e incluem caminhada, caminhada rápida, corrida, ciclismo e natação.

Depois de revisar 300 estudos, os autores concluíram que os benefícios do exercício geralmente superam os riscos. Pessoas fisicamente ativas, como caminhantes regulares, têm um risco 50% menor de ataque cardíaco e morte cardíaca súbita. No entanto, o comitê também identificou riscos potenciais com o treinamento físico intenso.

A probabilidade de morte cardíaca súbita ou ataque cardíaco é baixa para as pessoas que optam por realizar metas de exercícios de alta intensidade, de acordo com a revisão dos autores de um estudo de pequena abrangência. Mas com o tempo, o risco desses eventos entre homens que correm maratonas aumentou, o que sugere que mais pessoas que praticam atividade física intensa potencialmente podem ter problemas cardiovasculares subjacentes. O risco para as mulheres, que representam apenas 15% da população do estudo, foi 3,5 vezes menor do que para os homens.

Os participantes de triatlo pela primeira vez representaram 40% dos que experimentaram eventos cardíacos.

Os autores também determinaram que grandes altitudes levam a um risco aumentado e que metade dos eventos cardíacos acontece nos últimos quilômetros de uma maratona ou meia-maratona. O ritmo cardíaco irregular, ou arritmia cardíaca, é mais alto entre as pessoas de ambos os lados do espectro de condicionamento físico – tanto aquelas que geralmente são inativas quanto as que praticam altos volumes de treinamento físico.

O novo estudo sugere uma abordagem lenta e constante durante o treinamento. O aperto no peito e a falta de ar são sinais que podem indicar a necessidade de ajuda médica.

Os pesquisadores também recomendam o aquecimento (antes do exercício), o resfriamento (depois do exercício) e o aumento do tempo gasto no exercício de cinco para 10 minutos no início, aumentando lentamente o tempo desejado. Corrida e caminhada vigorosa devem ser feitas em terreno plano, podendo-se aumentar a inclinação do terreno ao longo do tempo, se não houver sintomas preocupantes.

“É importante começar a se exercitar. Mas vá devagar, mesmo se você for um atleta jovem”, concluiu o Dr. Barry Franklyn.

Acesse a publicação científica completa (em inglês).

Acesse a notícia na página da AHA (em inglês).

Fonte: Associação Americana do Coração. Imagem: Pixabay.

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