Notícia

Teste do suor pode ajudar no diagnóstico da fibrose cística

Padronização e aquisição de equipamentos são algumas das necessidades encontradas em estudo da Unicamp

HUSM, Ebserh.

Fonte

Jornal Brasileiro de Pneumologia e HUSM

Data

quarta-feira, 26 abril 2017 08:00

Áreas

Biomedicina. Exames Diagnósticos. Pediatria. Bioquímica. Bioeletrônica.

Segundo especialistas do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), pertencente à rede Ebserh, a fibrose cística é uma doença genética caracterizada pelo mau funcionamento do transporte dos íons de cloro e sódio por meio das membranas celulares. O paciente produz um muco espesso, principalmente nos pulmões e no pâncreas, que afeta o aparelho respiratório e os sistemas gastrointestinal e reprodutor.

Conhecida popularmente como a “doença do beijo salgado”, por apresentar altas quantidades de cloro e sódio no suor, a fibrose cística é uma doença crônica e depende de um diagnóstico precoce para garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente.

Teste do Suor

O Teste do Suor consiste na dosagem de cloro (Cl) e sódio (Na+), tem sido considerado o exame laboratorial padrão-ouro para o diagnóstico da fibrose cística (FC) e já pode ser realizado nas primeiras 48 horas de vida. O teste é feito na presença da mãe: a criança fica deitada ou sentada e, durante 5 minutos, são colocados eletrodos no antebraço, que estimulam o suor. Na sequência, um pequeno aparelho coleta essas gotículas de suor, que são acondicionadas em um frasco. A ele é adicionado um corante azul. A amostra é então encaminhada para o Laboratório de Análises Clínicas, que realiza o exame.

O corante tem como objetivo facilitar a visualização no momento da aspersão do suor para dentro do aparelho Sweat Check – que fará análise da condutividade elétrica do suor. Após o equipamento ser ligado e calibrado – para garantir o controle de qualidade -, o micro frasco é aberto. Com a ajuda de uma seringa, o líquido é aspirado por micro canaletas que levam a amostra para dentro do equipamento. Em questão de segundos, a máquina mostra na tela o resultado. “Testes de condutividade do suor com resultados superiores a 80 milimoles por litro, associados a quadro clínico característico, indicam alta probabilidade da doença”, explica a Dra. Michele Kaefer, farmacêutica bioquímica do Laboratório de Análises Clínicas do HUSM.

Para que a técnica do Teste do Suor seja confiável, é necessária a realização do exame por técnicos experientes exigindo que o suor seja estimulado por iontoforese com pilocarpina e o suor seja coletado em papel-filtro ou gaze, pesado, eluído e analisado para Na+ e Cl− por meio de diversas metodologias padronizadas.

Estudo científico

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizaram um estudo para avaliar como o Teste do Suor é realizado e interpretado em 14 centros diferentes. O estudo foi publicado na edição de abril de 2017 do Jornal Brasileiro de Pneumologia. Os pesquisadores desenvolveram um questionário constituído por 54 questões que incluíam todas as etapas da reali­zação do Teste do Suor estimulação do suor, coleta do suor e dosagem de Cl.

Resultados

Os resultados mostraram que não houve uniformidade entre os centros quanto aos procedimentos. A maioria dos centros não era aderente às diretrizes internacionais, especialmente quanto à coleta do suor (amostras insuficientes em 10 a 50% dos indivíduos testados), disponibilidade de equipamentos de estimulação (limitada a 2 centros), modernidade e certificação dos mesmos (a maioria utilizada há até 23 anos) e protocolos escritos (ausentes em 12 centros). Avaliou-se o conhecimento sobre diretrizes para o Teste do Suor em apenas um centro.

Os autores concluíram que os Teste de Suor estão muito distantes das diretrizes internacionalmente aceitas. É necessário a padronização dos testes, treinamento de pessoal qualificado e aquisição/certificação de equipamentos adequados. Essas são condições essenciais para um diagnóstico confiável da Fibrose Cística e para a avaliação do possível benefício clínico do uso de moduladores, especialmente com a crescente demanda resultante da triagem neonatal em todo o país.

Pais devem ficar atentos aos sintomas

A pneumopediatra do HUSM, Dra. Letícia Correa de Barros, pede para que os pais fiquem atentos a sintomas como diarreia crônica, dificuldade para ganhar peso, tosse com secreção e peito chiando. “A doença atinge o aparelho respiratório, o fígado, o pâncreas. Como consequência, a criança tem má absorção de nutrientes, o que afeta seu desenvolvimento físico. O tratamento é feito à base de antibióticos, terapia nutricional e fisioterapia para evitar infecção, desnutrição e retardar a progressão da doença”, conclui a especialista.

Acesse o artigo científico completo.

Fonte: Jornal Brasileiro de Pneumologia. Imagem: HUSM, Ebserh.

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