Notícia
Terapia enzimática pode ajudar a reconstruir os dentes
Estudo em camundongos sugere uma nova abordagem para o tratamento da doença periodontal
Divulgação, NIH Intramural Research Program
Fonte
NIH Intramural Research Program
Data
segunda-feira, 24 maio 2021 06:15
Áreas
Odontologia. Saúde Pública.
Nossos dentes são extremamente resistentes, mas práticas de higiene oral negligentes e certas doenças genéticas ainda podem danificá-los significativamente, podendo provocar até a perda do dente. Em um estudo recente, pesquisadores do Intramural Research Program (IRP) dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos identificaram uma nova estratégia promissora para ajudar o corpo a regenerar uma parte do dente que é particularmente difícil de reparar.
Quando se trata de cuidar dos dentes, o revestimento de esmalte que envolve a parte superior dos dentes tende a receber a maior parte da atenção. Afinal, é a parte mais visível de nossos dentes e a substância mais dura do corpo humano. No entanto, um tecido chamada cemento, que envolve as raízes de nossos dentes, também é extremamente importante. O cemento ajuda os dentes a permanecerem fixos, fazendo a junção com os ligamentos periodontais conectados ao osso da mandíbula circundante.
“O cemento ao redor da raiz do dente é um dos tecidos que deve ser reparado para restaurar a função do dente após a doença periodontal”, explicou a Dra. Martha Somerman, pesquisadora sênior do IRP e autora sênior do novo estudo. “Muitos cientistas têm se concentrado na promoção do crescimento ósseo, mas se você fizer isso sem considerar a necessidade de um cemento saudável, não restaurará a função adequada.”
Infelizmente, o cemento danificado não se regenera muito rapidamente por conta própria, se é que cicatriza, e as abordagens atuais para reconstruí-lo não se mostraram muito eficazes. No novo estudo, a equipe da Dra. Somerman investigou se uma enzima encontrada naturalmente no corpo humano chamada fosfatase alcalina (ALP) poderia ajudar a reparar o cemento danificado, aumentando o processo que constrói dentes e ossos, conhecido como mineralização. Pesquisas anteriores haviam mostrado que o ALP transforma uma substância química chamada pirofosfato, que inibe a mineralização, em outra molécula chamada fosfato, que promove a mineralização.
O estudo do IRP utilizou um modelo de camundongo com doença periodontal que carece do gene para uma importante proteína construtora de osso e cemento chamada sialoproteína óssea. Os pesquisadores começaram dando a camundongos de cinco dias de idade uma terapia “sistêmica” que quadruplicou o nível sanguíneo de fosfatase alcalina não específica de tecido (TNAP), uma forma de ALP encontrada nos ossos. Aos dois meses de idade, os animais que receberam a terapia tinham mais do que o dobro da espessura do cemento em relação aos animais não tratados e também mostraram maior crescimento do osso da mandíbula que circunda o cemento. Além disso, seus dentes eram tão bem fixados ao ligamento periodontal quanto os dentes de camundongos geneticamente normais não tratados.
“Acredita-se que a sialoproteína óssea seja uma molécula crítica para a mineralização. Então este é um modelo de prova de conceito perfeito para examinar se você pode regenerar o cemento”, explicou a Dra. Martha Somerman.
Em seguida, usando camundongos de cinco semanas com o mesmo defeito genético, a equipe da Dra. Somerman investigou os efeitos da aplicação de TNAP diretamente na área onde o tecido periodontal degradado estava, em vez de aumentar os níveis de TNAP em todo o corpo. Os animais tratados mostraram efeitos benéficos semelhantes aos dos camundongos que receberam a terapia sistêmica de reforço com TNAP. Além disso, o tratamento com TNAP administrado localmente também promoveu o crescimento do cemento e do osso da mandíbula circundante em camundongos geneticamente normais.
Um conjunto final de experimentos em células mostrou que a ALP corrigiu as deficiências de mineralização em células produtoras de cemento, chamadas de cementoblastos, que tinham o mesmo defeito genético dos camundongos. No entanto, o tratamento dessas células com uma substância química que interrompe o transporte de fosfato para as células diminuiu os efeitos benéficos da ALP, sugerindo fortemente que o tratamento com TNAP dado aos camundongos promoveu a regeneração do cemento e do osso circundante, aumentando a quantidade de fosfato disponível para os cementoblastos para uso no processo de reconstrução.
“Estamos extremamente entusiasmados com isso. Nossos estudos mostraram que mesmo em um camundongo normal que não tem um defeito genético, você pode promover a formação de cemento. É muito gratificante identificar fatores, como o TNAP, como terapias promissoras para indivíduos com doença periodontal”, concluiu a Dra. Martha Somerman.
Os resultados foram publicados na revista científica Journal of Dental Research.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do IRP-NIH (em inglês).
Fonte: Brandon Levy, IRP-NIH Blog. Imagem: Divulgação, NIH Intramural Research Program.
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