Notícia
Terapia de nanozimas pode previnir o acúmulo de placa dentária
Nanopartícula de óxido de ferro aprovada pelo FDA para tratar a anemia atua como uma enzima para ativar o peróxido de hidrogênio e suprimir o crescimento de biofilmes que causam cáries nos dentes
Pixabay
Fonte
Universidade da Pensilvânia
Data
sábado, 30 outubro 2021 17:20
Áreas
Odontologia. Nanotecnologia. Saúde Pública.
Um crescente conjunto de evidências aponta para uma ligação entre a anemia por deficiência de ferro e a cárie dentária severa. Não se sabe se a conexão é correlativa ou causal, embora ambas as condições estejam associadas a dietas pobres e sejam mais comuns em pessoas que vivem em ambientes empobrecidos e com condições médicas subjacentes.
Recentemente, uma pesquisa da Universidade da Pensilvânia, em colaboração com a Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, sugere que uma terapia aprovada pela agência reguladora dos EUA (FDA) para a anemia por deficiência de ferro também é promissora para o tratamento, prevenção e até mesmo diagnóstico de cárie dentária. A terapia, uma combinação de uma solução contendo nanopartículas de óxido de ferro chamada ferumoxytol e peróxido de hidrogênio, foi aplicado ao esmalte de um dente real colocado em um aparelho semelhante a uma dentadura e usado pelos pacientes do estudo.
O estudo, publicado na revista científica Nano Letters, descobriu que uma aplicação duas vezes ao dia de ferumoxitol, que ativou o peróxido de hidrogênio contido em um enxágue de acompanhamento, reduziu significativamente o acúmulo de placa dentária e teve um efeito direcionado sobre as bactérias amplamente responsáveis pela cárie dentária. Esses tipos de nanopartículas com propriedades semelhantes às enzimas são conhecidas como ‘nanozimas’ e estão cada vez mais sendo explorados por seu potencial em aplicações biomédicas e ambientais.
“Descobrimos que essa abordagem é precisa e eficaz. Ela desorganiza os biofilmes, principalmente os formados por Streptococcus mutans, que causam cáries, e também reduz a extensão da cárie do esmalte. Este é o primeiro estudo que conhecemos feito em um ambiente clínico que demonstra o valor terapêutico das nanozimas contra uma doença infecciosa”, disse o Dr. Hyun (Michel) Koo, professor da Escola de Medicina Dentária da Universidade da Pensilvânia.
O trabalho é uma extensão de um artigo de 2018 publicado na revista científica Nature Communications, no qual o Dr. Koo e colegas mostraram que o tratamento com óxido de ferro com peróxido de hidrogênio e nanopartículas pode prevenir o acúmulo de biofilme e cáries dentárias em um modelo experimental e um modelo animal.
No trabalho atual, os cientistas queriam dar o próximo passo lógico, trabalhando em humanos. Em um estudo randomizado, eles fizeram com que 15 participantes usassem um dispositivo semelhante a uma dentadura removível com esmalte dentário real, um método desenvolvido e amplamente testado pelo Dr. Domenick T. Zero da Universidade de Indiana, coautor do artigo.
Os participantes do estudo aplicaram uma solução contendo açúcar ao aparelho quatro vezes ao dia, simulando refeições com alto teor de açúcar e lanches consumidos no dia a dia. Foi solicitado aos participantes não escovarem as amostras de esmalte, mas sim a enxaguar o aparelho duas vezes ao dia. Os participantes foram divididos em três grupos, um usando o ferumoxitol e depois o enxágue com peróxido de hidrogênio, um com uma solução que fornece os ingredientes inativos do ferumoxitol e um terceiro apenas com água.
Após 14 dias, os pesquisadores analisaram os biofilmes que se acumularam nas amostras de esmalte. Eles descobriram que o tratamento experimental reduziu significativamente o crescimento de biofilmes contendo S. mutans e até poderia matar essa bactéria com alta especificidade. Outras bactérias comensais normalmente encontradas na boca não foram afetadas pela terapia com peróxido de hidrogênio-ferumoxitol.
Os resultados e a segurança da abordagem foram corroborados por trabalhos anteriores, que mostraram que as nanopartículas de óxido de ferro não se ligam ao tecido da mucosa da boca e não causam citotoxicidade ou alterações no microbioma oral em um modelo animal.
“Este tratamento não parece ter efeitos prejudiciais e fora do alvo”, destacou o Dr. Koo.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade da Pensilvânia (em inglês).
Fonte: Katherine Unger Baillie, Universidade da Pensilvânia. Imagem: Pixabay.
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