Notícia
Técnica consegue reanimação cerebral após coma
Pesquisadores da UCLA usam técnica não invasiva com ultrassom para recuperação cerebral de paciente em coma
Dr. Martin Monti, UCLA
Fonte
UCLA
Data
quinta-feira, 8 setembro 2016 18:20
Áreas
Neurologia. Neurocirurgia. Terapia Intensiva. Ultrassom. Bioeletrônica.
Um homem de 25 anos de idade, em recuperação de um estado de coma, tem feito progressos significativos durante tratamento na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), após a equipe ter estimulado seu cérebro com ultrassom. A técnica, não-invasiva, usa a estimulação sonora para excitar os neurônios no tálamo, uma estrutura que serve como conexão central do cérebro para processar as informações.
“É quase como se estivéssemos trazido os neurônios de volta à sua função”, diz o Dr. Martin Monti, o principal autor do estudo e professor associado da UCLA nas áreas de psicologia e neurocirurgia. “Até agora, a única maneira de conseguir isso era um procedimento cirúrgico conhecido como estimulação cerebral profunda, em que eletrodos são implantados diretamente dentro do tálamo”, disse ele. “A nossa abordagem visa diretamente o tálamo, mas não é invasiva.”
O Dr. Monti disse que os pesquisadores esperavam o resultado positivo, mas ele alertou que o procedimento requer um estudo mais aprofundado sobre outros pacientes antes de determinar se o procedimento poderia ser usado de forma consistente para ajudar outras pessoas em recuperação de comas.
Os primeiros resultados deste estudo foram publicados na revista científica Brasin Stimulation. Esta é a primeira vez que este tipo de abordagem foi usado com sucesso para tratar uma lesão cerebral grave e recuperar o cérebro do estado de coma.
A técnica aplicada
A técnica, chamada de ultrassom pulsado de baixa intensidade, foi iniciada pelo Dr. Alexander Bystritsky, professor da UCLA de psiquiatria e ciências comportamentais no Instituto Semel de Neurociências e Comportamento Humano e um co-autor do estudo. Bystritsky também é um dos fundadores da Brainsonix, uma empresa com sede na Califórnia, que forneceu o dispositivo que os pesquisadores utilizaram no estudo.
O dispositivo cria uma pequena esfera de energia acústica que pode ser destinada a diferentes regiões do cérebro para estimular o tecido cerebral. Para o novo estudo, os pesquisadores colocaram o dispositivo ao lado da cabeça do paciente e ativado 10 vezes por 30 segundos cada, em um período de 10 minutos.
O Dr. Monti disse que o dispositivo é seguro porque emite apenas uma pequena quantidade de energia – menos que um ultrassom com Doppler convencional.
Antes do procedimento, o homem mostrou apenas sinais mínimos de estar consciente e de compreensão da fala – por exemplo, ele podia executar pequenos movimentos limitados quando solicitado. Até um dia após o tratamento, as suas respostas tinham melhorado de forma significativa. Três dias depois, o paciente tinha recuperado a plena consciência e compreensão da linguagem completa, e ele poderia se comunicar acenando com a cabeça “sim” ou balançando a cabeça “não”. Ele ainda fez um gesto para se despedir de um de seus médicos.
A técnica tem como alvo o tálamo porque, em pessoas cuja função mental está profundamente prejudicada depois de um coma, o desempenho do tálamo fica diminuído. E medicamentos que são comumente prescritos para as pessoas que estão saindo de um coma ativam o tálamo apenas indiretamente.
Sob a direção do Dr. Paul Vespa, professor de neurologia e neurocirurgia da UCLA, os pesquisadores planejam testar o procedimento em várias outras pessoas.
Se a tecnologia realmente ajudar a outras pessoas a se recuperarem do coma, o Dr. Monti disse que poderia ser desenvolvido um dispositivo portátil – talvez incorporado em um capacete – como uma forma de baixo custo para ajudar a “acordar” os pacientes, talvez até mesmo aqueles que estão em uma vida vegetativa ou estado minimamente consciente. Atualmente, não há quase nenhum tratamento eficaz para esses pacientes.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Fonte: Stuart Wolpert, UCLA. Imagem: Dr. Martin Monti, UCLA.
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