Notícia

Tecido sintético pode reparar coração, músculos e cordas vocais

Zixin He, Universidade McGill

Fonte

Universidade McGill

Data

segunda-feira, 6 dezembro 2021 06:05

Áreas

Biomateriais. Biomecânica. Biotecnologia. Medicina.

Combinando conhecimentos de Química, Física, Biologia e Engenharia, cientistas da Universidade McGill, no Canadá, desenvolveram um biomaterial resistente o suficiente para reparar o coração, músculos e cordas vocais, representando um grande avanço na medicina regenerativa.

“As pessoas que se recuperam de problemas cardíacos muitas vezes enfrentam uma jornada longa e complicada. A cura é um desafio devido ao movimento constante que os tecidos devem suportar enquanto o coração bate. O mesmo se aplica às cordas vocais. Até agora não havia material injetável resistente o suficiente para esse trabalho ”, disse Guangyu Bao, doutorando no Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade McGill.

A equipe, liderada pelo professor Dr. Luc Mongeau e pelo professor Dr. Jianyu Li, desenvolveu um novo hidrogel injetável para o reparo de feridas. O hidrogel é um tipo de biomaterial que dá espaço para as células viverem e crescerem. Uma vez injetado no corpo, o biomaterial forma uma estrutura estável e porosa que permite que as células vivas cresçam ou passem para reparar os órgãos lesados.

“Os resultados são promissores e esperamos que um dia o novo hidrogel seja usado como um implante para restaurar a voz de pessoas com cordas vocais danificadas, por exemplo, sobreviventes de câncer de laringe”, disse Guangyu Bao.

Testes

Os cientistas testaram a durabilidade do hidrogel em uma máquina que desenvolveram para simular a biomecânica extrema das cordas vocais humanas. Vibrando a 120 vezes por segundo por mais de 6 milhões de ciclos, o novo biomaterial permaneceu intacto enquanto outros hidrogéis padrão se romperam em pedaços, incapazes de lidar com as tensões da carga.

“Ficamos muito entusiasmados em ver que funcionou perfeitamente em nosso teste. Antes de nosso trabalho, nenhum hidrogel injetável possuía alta porosidade e resistência ao mesmo tempo. Para resolver esse problema, introduzimos um polímero formador de poros em nossa fórmula ”, disse Guangyu Bao.

A inovação também abre novos caminhos para outras aplicações, como entrega de medicamentos, engenharia de tecidos e a criação de modelos de tecidos para exames de drogas, dizem os cientistas. A equipe está até mesmo procurando usar a tecnologia de hidrogel para criar pulmões para testar drogas contra a COVID-19.

“Nosso trabalho destaca a sinergia da Ciência dos Materiais, Engenharia Mecânica e Bioengenharia na criação de novos biomateriais com desempenho sem precedentes. Estamos ansiosos para levá-lo para a [prática] clínica”, concluiu o professor Jianyu Li.

Os resultados foram publicados na revista científica Advanced Science.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade McGill (em inglês).

Fonte: Shirley Cardenas, Universidade McGill. Imagem: biorreator de cordas vocais para teste do biomaterial. Fonte: Zixin He, Universidade McGill.

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