Notícia
Suplementos alimentares
Saiba mais sobre os principais conceitos, pesquisas recentes sobre seu uso e a regulação do mercado
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Fonte
SBAN e SBEM
Data
terça-feira, 9 fevereiro 2016 12:25
Áreas
Alimentação e Nutrição. Endocrinologia. Metabologia.
Segundo a Dra. Tatiana Pires, em boletim publicado pela Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), Suplementos Alimentares são produtos constituídos por fontes concentradas de substâncias tais como vitaminas, minerais, fibras, proteínas, aminoácidos, ácidos graxos (como o ômega 3), ervas e extratos, probióticos, bem como outras substâncias, incluindo aminoácidos, enzimas, carotenoides, fitoesteróis, entre outras. A partir de sua composição, podem apresentar efeitos nutricionais, metabólicos e/ou fisiológicos que se destinam a complementar a alimentação normal em casos em que a ingestão desses componentes seja insuficiente. O produto pode ser apresentado nas formas sólida, semi-sólida, líquida e aerossol, como tabletes, drágeas, pós, cápsulas, granulados, pastilhas mastigáveis, líquidos e suspensões.
Embora grande parte dos suplementos alimentares apresente-se de forma similar aos medicamentos (cápsulas, sachês, comprimidos), estes produtos têm por finalidade complementar a alimentação de indivíduos saudáveis, ou seja, ao contrário de um medicamento, o suplemento não tem por objetivo a cura ou o tratamento de doenças. O grande paradigma atualmente é a forma como profissionais, pacientes ou consumidores cuidam da sua saúde e, assim, optam por um estilo de vida mais saudável, uma alimentação equilibrada e, finalmente, como encaram o uso desses produtos complementares.
Quando o principal objetivo é a redução do risco de doenças, o reconhecimento da importância da alimentação para a saúde e a constatação que atualmente ela, em termos gerais, é inadequada em relação ao fornecimento de macro e micronutrientes, tem gerado grande demanda social nesta área. Além da crescente preocupação relacionada à segurança e à qualidade dos produtos alimentícios, os consumidores se sentem cada vez mais atraídos por produtos que proporcionem benefícios adicionais à saúde.
A adoção de uma alimentação saudável é de grande importância para a redução do risco de determinadas doenças e para a manutenção de uma saúde ótima. Por outro lado, uma série de fatores pode representar grande desafio para a manutenção de uma alimentação balanceada e variada, dos quais podem-se destacar:
- o estilo de vida urbano: falta de tempo para o preparo de refeições; opção por conveniência e praticidade; omissão ou substituição das refeições principais; realização de refeições fora de casa;
- preferência pelo sabor de determinados tipos de alimentos, que pode representar uma alimentação pobre em determinados nutrientes;
- inacessibilidade a alimentos em razão do custo elevado ou indisponibilidade (principalmente no caso de frutas, verduras e legumes);
- fases específicas, nas quais ocorre mudança do perfil das necessidades nutricionais (por exemplo, gestação, lactação, períodos pós-cirúrgicos, necessidade de suplementação específica e outros).
Neste contexto, os suplementos alimentares podem ser grandes aliados, contribuindo para a manutenção da saúde em curto, médio e longo prazos, além de representarem uma alternativa segura e saudável para o consumidor, quando devidamente registrados/notificados pelos órgãos competentes de cada país. Profissionais habilitados exercem importante papel na recomendação e prescrição dos suplementos, a partir da análise das individualidades bioquímicas de cada paciente.
O mercado de suplementos no Brasil vem acompanhando a demanda crescente dos consumidores, que nunca estiveram tão preocupados com a saúde e o bem-estar e, ainda, tem buscado cada vez mais informações relacionadas aos benefícios e aos potenciais riscos relacionados ao consumo de suplementos.
Pesquisas sobre o uso de suplementos
De acordo com a pesquisa realizada pelo Council for Responsible Nutrition (CRN) nos Estados Unidos, dois terços da população americana consomem suplementos alimentares. Essa mesma pesquisa mostra que a principal razão para o consumo de suplementos é a melhora da saúde e o bem-estar. Ainda, os resultados mostram que 86% dos usuários de suplementos tentam manter uma alimentação balanceada. Outro resultado importante desta mesma pesquisa está relacionado à fonte confiável de informação/indicação sobre os benefícios do consumo de suplementos: 52% dos consumidores seguem as recomendações dos médicos, 28% dos farmacêuticos, 28% de nutricionistas e 20% acreditam nas indicações de amigos e familiares.
No Brasil, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD) realizou recentemente uma pesquisa inédita sobre o consumo de Suplementos Alimentares no país. O estudo foi feito em conjunto com a Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa) e a Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri).
No total, foram avaliados 1007 domicílios em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Porto Alegre, Belém e Fortaleza, nos meses de março e abril de 2015. Entre os entrevistados, 47% homens, 53% mulheres, com mais de 17 anos de idade e representando todas as classes sociais. A pesquisa mostra que o consumo de suplementos está presente em 54% dos lares brasileiros.
A pesquisa revelou que, entre os entrevistados, 76% admitiram não fazer qualquer dieta e, desta porcentagem, mais da metade fazem por decisão espontânea, ou seja, sem qualquer orientação médica ou de um nutricionista. Entre outros dados do estudo realizado pela ADIAB, estão:
- No quesito alimentação saudável, 53% das pessoas promovem uma dieta balanceada e 47% estão insatisfeitos com a sua própria alimentação. Um pouco mais da metade (51%) evita alimentos pouco saudáveis como comidas gordurosas, frituras, sal, açúcar, massas, etc. As frutas, verduras, legumes, carnes brancas são priorizados por apenas 23% da população.
- Entre as doenças ligadas aos hábitos alimentares que mais preocupam a população estão: Diabetes (53%), Hipertensão (49%), Problemas com Colesterol (44%) e Obesidade (39%).
- Para 59% dos domicílios, a alimentação melhorou. As razões indicadas pela melhora são: a prática de alimentação saudável (67%), a ajuda de nutricionistas (78%), e as atividades físicas (62%).
- Sobre o consumo de suplementos, 75% complementam a alimentação (vitaminas, proteínas, minerais e outros) e 57% buscam promover o bem-estar (energia, aumento de massa muscular, entre outros).
- Os suplementos que mais se destacaram foram o Ômega 3, Multivitamínicos Vitamina C e Cálcio. Em percentuais, 48% são vitaminas, 22% minerais, 19% extraídos de plantas, 17% ácidos graxos, 16% proteínas, 14% aminoácidos e 12& de óleos como cártamo, peixe, alho, etc.
Regulação do mercado
No Brasil, um dos grandes desafios do setor produtivo para atender às demandas crescentes dos consumidores é a ausência de um marco regulatório específico para os suplementos alimentares. Atualmente estes produtos podem estar classificados em diferentes categorias, que permeiam tanto o marco legal de alimentos quanto o de medicamentos. Na área de alimentos, os produtos podem ser (a) suplementos vitamínicos e ou minerais, quando o suplemento contém somente esses nutrientes, de forma simples ou combinada, em doses de até 100% da IDR; (b) novos alimentos/ingredientes; (c) substâncias bioativas e probióticos; (d) alimento com alegação de propriedade funcional; (e) alimentos para atletas e (f) outras categorias de alimentos. Na área de medicamentos estão os (g) medicamentos fitoterápicos; (h) medicamentos específicos, incluindo vitaminas, minerais (acima de 100% da IDR), ômega 3 (quando as quantidades de vitaminas ou minerais adicionados ultrapassam 100% da IDR), dentre outras substâncias; (i) medicamentos biológicos e (j) outras substâncias sujeitas a controle especial.
Revisar a categoria de suplementos alimentares do ponto de vista regulatório é fundamental para que os profissionais da área da saúde possam orientar seus pacientes da forma mais adequada, fornecendo alternativas para os consumidores que estão à procura de produtos que possam contribuir para a manutenção da saúde e que atualmente – em função do atual marco regulatório “engessar” os produtos disponíveis para o mercado consumidor – infelizmente, buscam esses produtos em websites estrangeiros. A importação por pessoa física por meio da internet, embora seja permitida pela ANVISA e isenta de controle pela mesma agência, pode trazer riscos à saúde do consumidor uma vez que não há garantias que a segurança de uso desses produtos tenha sido comprovada no país de origem.
Fontes: Dra. Tatiana Pires (SBAN) e SBEM. Imagem: Shutterstock.
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