Notícia

Soro antiveneno desenvolvido na Unesp aguarda liberação para testes clínicos

10 mil acidentes com abelhas causam 40 mortes por ano no Brasil

Getty Images

Fonte

Unesp Botucatu

Data

sexta-feira, 20 fevereiro 2015 13:10

Áreas

Medicina Tropical. Biotecnologia.

Durante o verão, quando costumam ser registradas altas temperaturas e os temporais são mais freqüentes, aumenta a probabilidade de as pessoas sofrerem um acidente que pode ser fatal: o ataque de abelhas. Dados do Ministério da Saúde apontam 10 mil casos em 2013 com 40 mortes em todo o Brasil.

Esse cenário poderia ser outro se já estivesse disponível nos hospitais um soro antiveneno, que pode aumentar as chances de a vítima sobreviver a um ataque de abelhas. O produto já está sendo desenvolvido por pesquisadores do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) de Botucatu em parceria com o Instituto Vital Brazil, de Niterói – RJ, mas ainda aguarda a liberação de dois órgãos regulatórios federais –  Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)  e CONEP (Comissão Nacional de Pesquisa) – para que sejam iniciados os testes clínicos em seres humanos.

O soro é recebido por via intravenosa. Cerca de 20 mililitros (ml) trazem ao corpo uma quantidade de anticorpos capaz de neutralizar 90% dos problemas causados pelas picadas de abelhas africanizadas, as mais comuns no Brasil. Quando um adulto é picado por mais de 200 insetos, o corpo recebe uma quantidade de veneno suficiente para causar lesões nos rins, fígado e coração, debilitando esses órgãos. A maioria das mortes acontece pela falência dos rins.

Na opinião do médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Botucatu da Unesp Dr. Alexandre Naime Barbosa, coordenador clínico do Projeto APIS – por meio do qual é desenvolvido o soro antiveneno de abelhas – ao contrário do que acontece em países desenvolvidos, os órgãos regulatórios da pesquisa no Brasil são extremamente burocráticos e pouco eficientes, no que se refere à velocidade de análise e julgamento dos pedidos. “A primeira consequência mais imediata é que essa morosidade excessiva faz com que ensaios clínicos internacionais tenham extrema dificuldade de entrarem no Brasil, porque os países competem entre si para incluir pacientes”, observa.

O médico veterinário e professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp  – Câmpus de Botucatu (FMVZ) Ricardo Orsi esclarece que as abelhas africanizadas – espécie que são mais comumente encontradas na região de Botucatu – atacam para proteger seu ninho, seguindo seu “instinto de defesa”.

De acordo com Orsi, não existe um local específico para ocorrerem os ataques de abelhas africanizadas. “Temos abelhas em matas silvestres, além de área urbana e apiários. Os acidentes geralmente acontecem por descuido ou pelo fato de as pessoas não verem a presença de abelhas e entrarem no raio de defesa do enxame.”, observa.

O que fazer em caso de ataque de abelhas?

O especialista orienta que, caso a pessoa comece a receber ferroadas, a melhor coisa é tentar se afastar do local. Caso isso não seja possível, deve-se procurar entrar em um lago ou riacho, procurar se cobrir com um tecido grosso para se proteger das ferroadas ou correr dentro de uma mata em zig-zag para desorientar as abelhas. “Importante é não puxar o ferrão com as mãos, pois o veneno nunca é injetado de única vez no organismo. A musculatura acessória, que faz parte do mecanismo da ferroada, vai pulsando e liberando este veneno aos poucos. Se a pessoa puxar o ferrão, acabará injetando todo o conteúdo em seu organismo. O correto é retirar o ferrão pela base de inserção na pele, com auxílio de uma faca afiada, pinça ou mesmo unha”, salienta.

Fonte: Leandro Rocha, Assessoria de Comunicação e Imprensa da Faculdade de Medicina de Botucatu, Unesp.

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