Notícia

Sistema imune, obesidade e diabetes estão relacionados em pacientes diabéticos tipo 2

Descoberta inédita relaciona diabetes aos níveis de leptina e proteína surfactante

Pixabay

Fonte

UFMT

Data

sexta-feira, 28 julho 2017 16:30

Áreas

Educação Física. Endocrinologia. Alimentação e Nutrição. Bioquímica. Obesidade. Diabetes.

Um conceito inédito sobre a relação do sistema imune com a obesidade e o exercício físico em diabéticos do tipo 2 é o eixo principal de um trabalho desenvolvido na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em parceria com a Universidade de Nevada, nos Estados Unidos, a Universidade Tarbiat Modares, no Irã e com a Universidade Católica de Brasília.

Segundo o Prof. Dr. Fabrício Azevedo Voltarelli, docente da Faculdade de Educação Física (FEF), o diabetes mellitus tipo 2 (DMT2) está associado com o recrutamento e/ou ativação de células imunes inatas. Além disso, existem evidências que essa doença seja causada pelo próprio sistema imunológico, principalmente em obesos. “O principal objeto de investigação de nosso estudo foi a determinação da Proteína surfactante D (SP-D) em indivíduos obesos com diabetes mellitus tipo 2, a qual é específica dos pulmões e possui efeitos anti-microbianos e anti-inflamatórios. No entanto, suas funções exatas ainda são controversas, uma vez que foi reportado que concentrações elevadas dessa proteína correlacionam-se com a mortalidade relacionada à doenças cardiovasculares”, explica o Dr. Fabrício.

Ainda segundo o docente, a diminuição da SP-D é positivamente associada com a sensibilidade à insulina e negativamente associada com a obesidade, comum em diabéticos. “O exercício físico é uma estratégia efetiva na prevenção e tratamento do diabetes mellitus tipo 2, o qual promove melhoras, principalmente em pacientes obesos, da sensibilidade à insulina e, consequentemente, diminui os níveis sanguíneos de glicose, ou seja, possui um efeito hipoglicemiante”, observa.

Controle da fome e treinamento aeróbio

O docente aponta que outro marcador biológico importante no caso dos diabéticos mellitus do tipo 2 é o hormônio leptina. “Ele é responsável pelo controle da fome. Em indivíduos com essa doença, ela se apresenta em níveis elevados, o que é negativo. Além disso, esse hormônio é responsável, secundariamente, por promover o controle (balanço) entre o que ingerimos de alimentos e a porcentagem de gordura corporal. Isso aponta que, quanto maiores os níveis de leptina, pior fica esse controle”, afirma o pesquisador.

No estudo desenvolvido, os indivíduos portadores de diabetes mellitus tipo 2 participaram de um programa de treinamento aeróbio por dez semanas, composto por corrida em esteira variando entre 30 e 55 minutos por dia em intensidade moderada. “Em comparação ao grupo que se manteve sedentário, eles apresentaram menores concentrações tanto de SP-D como de leptina. Tais achados indicam que o decréscimo de leptina pode ter resultado na diminuição dos níveis circulantes de SP-D, sendo este fenômeno clinicamente relevante, uma vez que nos permite sugerir o uso desse hormônio como um importante biomarcador da resposta do sistema imune inato em indivíduos acometidos pelo diabetes mellitus tipo 2, sendo essa descoberta algo inédito na literatura sobre o tema”, finaliza o Dr. Fabrício.

O trabalho, intitulado “Endurance Exercise Training Decreased Serum Levels of Surfactant Protein D and improved aerobic fitness of Obese Women with type-2 diabetes“, será publicado na revista científicaDiabetology & Metabolic Syndrome“, classificada como A1 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Fonte: UFMT. Imagem: Pixabay.

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