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Síndrome pré-menstrual em adolescentes

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Fonte

Revista Adolescência e Saúde.

Data

segunda-feira, 8 fevereiro 2016 10:30

Áreas

Pediatria. Biomecânica. Endocrinologia.

São considerados adolescentes pela Organização Mundial de Saúde, os indivíduos com idade de 10 a 19 anos, sendo esse período compreendido pela transição da infância para a idade adulta, no qual ocorrem mudanças físicas, psicológicas e sociais.

Nessa fase, acontece a puberdade, um processo fisiológico, que ocorre em ambos os gêneros, em que há maturação sexual de caracteres primários e secundários, sendo nas meninas caracterizado, principalmente, pela menarca, que geralmente ocorre entre 12 e 13 anos de idade.

O início da fase reprodutiva na mulher pode vir acompanhada da Síndrome Pré-Menstrual (SPM, popularmente conhecida por Tensão Pré-Menstrual, ou TPM), que é um termo genérico abrangendo uma variedade de sintomas que se apresentam ciclicamente na fase lútea e retrocedem com o início da menstruação.

Pesquisadores do Departamento de Fisioterapia da Universidade de Pernambuco (UPE) publicaram na última edição de 2015 da revista Adolescência e Saúde (Vol. 12, n.4) um estudo sobre a síndrome pré-menstrual em adolescentes, discutindo a prevalência, os sintomas e o seu impacto nas atividades da vida cotidiana. Os autores do trabalho são as fisioterapeutas Samara Cunha, Gabriely de Souza, Alaine Lima e Mayra Gomes, orientadas pelo Dr. Rodrigo de Araújo e pela Dra. Ana Carolina Pitangui.

Segundo os autores, dentre os sintomas mais referidos pelas mulheres destacam-se, como mais frequentes, a irritabilidade, disforia (mudança repentina no estado de ânimo, podendo levar a ansiedade, depressão e inquietude), mastalgia e inchaço. Entretanto, apesar de a maioria das mulheres relatarem a presença de algumas dessas condições relacionadas ao período pré-menstrual, é preciso ter cautela no diagnóstico da SPM, devendo ser classificada sua presença apenas em casos nos quais os sintomas exercem influência negativa sobre a vida da mulher, afetando nos âmbitos físico, psicológico ou social, com a consequente redução na qualidade de vida.

Foi realizado um estudo descritivo transversal envolvendo 268 adolescentes, com idade de 12 a 19 anos matriculadas em uma escola pública no município de Petrolina, PE, Brasil. O diagnóstico da SPM foi feito com base nos critérios do American College of Obstetrics and Gynecology (ACOG), sendo considerado que a voluntária deveria apresentar pelo menos um sintoma somático e um sintoma emocional durante o período de cinco dias anteriores ao início da menstruação e esses sintomas deveriam estar presentes nos três ciclos menstruais anteriores. Os sintomas deveriam ser aliviados no prazo de quatro dias após o início da menstruação, sem recorrência até pelo menos 12 dias de ciclo, e estar presente, na ausência de qualquer terapia farmacológica ou uso de álcool. Além disso, eles deviam afetar negativamente atividades sociais ou relacionadas ao trabalho. Do total inicial de 268 adolescentes, foram efetivamente avaliadas apenas 157, por várias razões de exclusão.

Prevalência dos Sintomas

Das 157 adolescentes, 110 foram consideradas com SPM. Os seguintes sintomas apresentaram prevalência significativa, cuja graduação variou entre leve, moderada ou grave:

Sintomas	Prevalência
Raiva/irritabilidade	89,2 %
Alterações de humor	86,6 %
Cólica	86,0 %
Cansaço/falta de energia	76,4 %
Ansiedade/tensão	75,2 %
Agitada	75,2 %
Dor de cabeça	74,5 %
Choro fácil/baixa autoestima	70,7 %
Interesse menor nas atividades de casa	69,4 %
Hipersonia	67,5 %
Dificuldade de concentração	64,3 %
Dor nas costas	58,0 %
Mamas inchadas e doloridas	58,0 %
Interesse menor nas atividades da escola	56,7 %
Interesse menor nas atividades sociais	54,8 %
Dor muscular	52,2 %
Ganho de peso/aumento do apetite	42,0 %
Inchaço na barriga	41,1 %
Falta de apetite	38,9 %
Dor nas articulações	33,8 %
Náuseas/enjoo	31,2 %
Insônia	28,0 %
Inchaço nas pernas e pés	16,6 %
Tremores	16,6 %
Diarreia	14,6 %
Prisão de ventre	12,7 %
Vômito	8,9 %

 

Os pesquisadores também apresentaram resultados sobre a prevalência e frequência de algumas condições comportamentais que foram identificadas, entre elas:

• Briga com familiares
• Desorganização no estudo
• Atitude de ignorar familiares ou amigos
• Notas baixas em provas ou trabalhos
• Mais erros na escola
• Clima de tensão
• Leva mais bronca
• Rompe relações facilmente
• Cria intriga com seus familiares
• Falta à aula
• Ofende mais o professor
• Chega atrasada
• Perde mais amizades

 

Os autores atribuem a alta prevalência de SPM encontrada entre as adolescentes deste estudo às inúmeras alterações psicofisiológicas desse período, aliadas ao estresse de intensas horas de estudo. Além disso, a falta de informações sobre a saúde reprodutiva feminina também seria responsável por aumentar essa prevalência.

Em relação aos sintomas pré-menstruais, foi observado um quantitativo elevado entre as adolescentes, com mediana de 14 sintomas, sendo relatada por todas as participantes a presença de pelo menos um sintoma de origem somática, com mediana de seis sintomas. A cólica foi a queixa mais frequente, citada por 86,0% das adolescentes, sendo graduada por 67,3% como moderada ou grave, seguida pelo cansaço/falta de energia, que foi referida por 76,4% da amostra e mensurada como moderada ou grave por 52,5%.

Embora não haja explicações claras sobre as causas da associação entre SPM e cólica menstrual, os autores apontam que um dos possíveis fatores para sua presença seria a atuação das prostaglandinas na etiologia bioquímica desses eventos. Influências psicossociais podem afetar ambas as condições que, associadas às inúmeras mudanças fisiológicas e psicológicas desse período, podem gerar uma percepção negativa na relação entre menstruação e cólica.

Ratificando o impacto negativo da SPM no comportamento das adolescentes analisadas, foram verificadas diferenças estatísticas entre a SPM e as variáveis afronta/ofende mais o professor e discute mais com o namorado/amigos, confirmando, assim, a intensa vulnerabilidade e labilidade emocional decorrente desse período, bem como sua influência nos relacionamentos interpessoais.

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Fonte: Revista Adolescência e Saúde. Imagem:Shutterstock.

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