Notícia
Simulador de cirurgia craniana inédito permite treinamento ultrarrealista
Pesquisadores do HC da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto desenvolvem impressão tridimensional com materiais com texturas diferentes aliada à realidade virtual para criar modelo de treinamento ultrarrealista de cirurgia da base do crânio
Divulgação, Jornal da USP
Fonte
Jornal da USP
Data
quinta-feira, 28 setembro 2023 11:40
Áreas
Cirurgia. Computação. Engenharia Biomédica. Impressão 3D. Informática Médica. Manufatura Aditiva. Medicina. Neurocirurgia. Neurologia. Realidade Virtual. Simulação Computacional.
Pesquisadores da Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP) criaram uma simulação ultrarrealista para melhorar as habilidades dos médicos em cirurgias do crânio. O projeto proporciona aos neurocirurgiões a oportunidade de praticar, aprender e planejar cirurgias complexas de forma segura e realista.
O doutorando Rodrigo Pongeluppi tomou como base a cirurgia para a remoção do schwannoma vestibular, um tumor que afeta o equilíbrio e a audição à medida que cresce na base craniana. Na maioria dos casos, esse tumor não é canceroso e não se espalha para outras partes do corpo. No entanto, devido aos sintomas e à pressão que pode exercer sobre o cérebro, ele pode ser removido.
Por ser um tumor grande, cuja retirada ocorre através de um acesso estreito e profundo, a cirurgia é bastante delicada, como detalhou ao Jornal da USP. “O acesso é feito próximo aos seios venosos. Existe um risco grande de sangramento, que aumenta o risco do procedimento, e o risco de lesão relacionado à secção do tumor, que fica no meio dos nervos cranianos”.
Para simular a operação, a inovação une um modelo de realidade virtual a um modelo realístico impresso tridimensionalmente em resinas, silicone e borrachas curadas de várias densidades que reproduzem diferentes tipos de tecidos. “O tumor, por exemplo, sangra e dentro do seio venoso colocamos um líquido azul, que simula sangue caso tivesse uma lesão”, contou Rodrigo Pongeluppi.
Segundo o Dr. Ricardo Santos de Oliveira, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (FMRP-USP) , o aprendizado hoje depende da disponibilidade de cadáveres para estudo. “Por uma série de razões, é cada vez mais difícil o treinamento cirúrgico em cadáveres no Brasil. Por isso, o desenvolvimento desses modelos de realidade virtual e ultrarrealistas eliminam essa questão relacionada ao material humano, e eles podem ser adaptados, reutilizados”.
Treinamento
De acordo com o professor Ricardo de Oliveira, modelos como esse estarão cada vez mais presentes em serviços de treinamento: “O Brasil está na vanguarda desse tipo de tecnologia. Algumas empresas privadas aqui estão bastante avançadas no desenvolvimento de tecnologia da realidade aumentada, do modelo híbrido e no treinamento utilizando a tecnologia do metaverso”.
A utilização de simuladores na medicina não é uma novidade, mas o projeto é o primeiro a simular neurocirurgias da base do crânio posterior.
A neurocirurgia brasileira é altamente reconhecida internacionalmente. Em 2018, o HCFMRP-USP realizou pela primeira vez a separação de duas gêmeas siamesas unidas pela cabeça. “Nós utilizamos naquela ocasião modelos que podiam ser operados, em que pudéssemos treinar antes mesmo da realização da cirurgia”, lembrou o professor.
O trabalho tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o objetivo em longo prazo é desenvolver laboratórios que consigam produzir modelos como esse. Dessa forma, eles poderão ser oferecidos aos hospitais públicos, onde há o maior número de pacientes e de serviços de treinamento.
Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.
Fonte: Ivan Conterno, Jornal da USP. Imagem: Professor do HCFMRP-USP usa realidade virtual e modelo tridimensional. Fonte: Divulgação, Jornal da USP.
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