Notícia
Sangramento nasal e hipertensão mascarada
Prevenção é recomendada pelo monitoramento da pressão arterial
Pixabay
Fonte
Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
Data
sexta-feira, 3 março 2017 17:10
Áreas
Medicina. Otorrinolaringologia. Cardiologia. Saúde Pública.
O sangramento na cavidade nasal causado por lesão na mucosa ou por distúrbio vascular como resultado de transtornos da coagulação é denominado epistaxe. A epistaxe é uma das emergências otorrinolaringológicas mais comuns que necessitam de internação hospitalar, mas raramente representa risco para a vida.
A epistaxe é mais comum em homens do que em mulheres e sua frequência aumenta com a idade. A incidência de epistaxe não é totalmente conhecida, mas pode ser ocasionada por eventos pós-traumáticos, por cirurgia nasal ou procedimentos endoscópicos ou mesmo de forma espontânea, como resultado de possíveis fatores nasais locais (inflamação e infecção), medicamentos e fatores sistêmicos, como transtornos da coagulação, alcoolismo, telangiectasia hemorrágica hereditária e hipertensão. Mais de 90% dos sangramentos nasais ocorrem na região anterior e têm sua origem na área de Little, onde ocorre a formação do plexo de Kiesselbach.
A hipertensão é causa importante da epistaxe espontânea. É comum que pacientes com epistaxe se apresentem com pressão arterial elevada. A epistaxe é mais comum em pacientes hipertensos, talvez devido à fragilidade vascular decorrente da doença.
O fenômeno da hipertensão mascarada (HM) é definido como uma condição clínica em que o nível de pressão arterial (PA) no consultório é < 140/90 mmHg, mas as leituras ambulatoriais ou domiciliares para a PA se situam na faixa hipertensiva. A prevalência de HM na população geral pode chegar a até 10%. Hipertensão obtida pela monitoração ambulatorial da pressão arterial (MAPA) é definida quando a PA sistólica média obtida durante o dia é igual ou superior a 135 mm Hg ou quando a PA diastólica média, também obtida durante o dia, é igual ou superior a 85 mm Hg, de acordo com o sétimo relatório do Comitê Nacional Conjunto de Hipertensão nos EUA de 2003.
Um estudo publicado por pesquisadores turcos na edição de fevereiro de 2017 do Brazilian Journal of Otorhinolaryngology avaliou a prevalência de hipertensão mascarada com o uso da MAPA entre pacientes com epistaxe. Foram recrutados 60 pacientes com epistaxe e 60 indivíduos para controle. Todos os pacientes com epistaxe e os controles sem histórico de hipertensão passaram por exame físico, inclusive determinação da pressão arterial no consultório, MAPA e mensuração dos parâmetros antropométricos. A média de idade foi similar entre o grupo com epistaxe e os controles: de 21 a 68 (média 42,9) anos para o grupo com epistaxe e de 18 a 71 (média 42,2) anos para o grupo controle. No total, 20 pacientes (33,3%) no grupo com epistaxe e sete (11,7%) no grupo controle (p = 0,004) apresentaram hipertensão mascarada. A pressão arterial sistólica noturna foi significantemente mais alta em pacientes com epistaxe, em comparação com o grupo controle. No entanto, não foi observada diferença significativa na pressão arterial sistólica obtida durante o dia entre o grupo controle e os pacientes com epistaxe.
Os autores concluíram que todos os pacientes com epistaxe devam ser submetidos à monitoração da pressão arterial caseira ou em consultório com o objetivo de detectar hipertensão mascarada, que pode ser uma causa possível de epistaxe.
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Fonte: Brazilian Journal of Otorhinolaryngology. Imagem: Pixabay.
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