Notícia
Saneante de alta eficiência com nanopartículas poderá combater superbactérias em unidades hospitalares
Arranjo universidade-empresa cearense começou desenvolvimento no laboratório multifuncional da UFC
Ribamar Neto, UFC
Fonte
UFC
Data
terça-feira, 20 setembro 2016 20:25
Áreas
Inovação Tecnológica. Arranjos Produtivos Locais. Parcerias. Nanotecnologia.
Pesquisadores do Laboratório de Materiais Funcionais Avançados (LaMFA), do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC), estão desenvolvendo um produto na área de nanotecnologia que contará com a participação da UFC em todas as fases do processo de produção. Entre as fases, estão desde o desenvolvimento laboratorial, realizado na Central Analítica da UFC, passando pelo produto-piloto até chegar à fase industrial, com a participação de empresas cearenses.
“É um case de ciência totalmente elaborado na UFC e que vai para a produção-piloto no âmbito da interação com o setor privado”, diz o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Prof. Dr. Antônio Gomes de Souza Filho. “O interessante é que a demandante é uma empresa cearense e o desenvolvimento foi todo produzido no Ceará. Ou seja, um arranjo universidade-empresa completamente local“, completa.
O produto é um saneante de alta eficiência, desenvolvido a partir de nanopartículas para ser utilizado em unidades hospitalares no combate a superbactérias. Ele nasceu a partir de uma demanda da empresa cearense Tecnoquímica Indústria e Comércio, que buscou a Central Analítica com essa demanda.
O diretor-presidente da Tecnoquímica, Felipe Satiro, explica que as redes hospitalares, de modo geral, costumam utilizar desinfetantes. A empresa quer produzir um produto que não permita que os micro-organismos desenvolvam resistência, diferentemente do que acontece com os desinfetantes comuns. “Será um grande achado para toda a área de saúde”, diz.
A primeira parte do desenvolvimento do novo produto foi possível porque a Central, laboratório multifuncional da UFC que atende a diversas unidades da própria Universidade na área de microscopia eletrônica, integra o Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologia (rede SisNano), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
A rede SisNano ajuda a custear parte do funcionamento da Central. Em contrapartida, exige que os grupos de pesquisa estruturados em torno da Central dediquem 15% de sua capacidade para atender às demandas de inovação da comunidade relacionadas às competências do laboratório.
A primeira pesquisa
Ao longo dos últimos dois anos, uma equipe em torno de 10 pessoas – coordenada pelo Prof. Dr. Odair Pastor Ferreira e que contou a participação do Prof. Dr. Amauri Jardim de Paula – testou, in vitro, o uso de nanopartículas metálicas em saneantes, trabalhando em quantidades que vão de 100 ml até 1 litro do produto. A equipe conseguiu a parte mais difícil do desenvolvimento do produto, que é estabilizar as nanopartículas. Os resultados prévios mostraram que a fórmula desenvolvida é eficiente para um amplo espectro de micro-organismos.
Concluída a etapa, a empresa e a equipe de pesquisa querem levar o projeto para escala industrial. O grupo, explica o professor Odair Ferreira, deve aprofundar os testes ampliando o espectro de micro-organismos. Depois, deve desenvolver um produto-piloto, avaliando se as características do produto se mantêm com a produção em larga escala.
Nesse ponto, é necessário considerar também os aspectos econômicos. De nada adianta, diz o coordenador do projeto, ter o melhor produto se o custo de produção não puder ser absorvido pelo mercado. Por vezes, é necessário revisar as etapas laboratoriais para baixar os custos de produção.
O desafio proposto pela empresa gerou um novo projeto que acabou vencendo uma chamada pública do Sistema Brasileiro de Tecnologia em Nanotecnologia (Sibratec-SisNano), programa de inovação na área de nanomateriais e nanodispositivos que opera com recursos da Financiadora de Recursos de Projetos (Finep) do MCTI. Com isso, a equipe do LaMFA irá receber R$ 300 mil ao longo dos próximos 18 meses para realizar essa etapa do desenvolvimento do produto. A empresa entrará com 10% de contrapartida.
Universidade-Empresa
“Esta relação (entre Academia e setor privado) é muito importante. Porque quem faz a inovação é a empresa. É ela quem conhece as demandas do mercado. A Universidade contribui para essa inovação. De que forma? Com o conhecimento específico de seus pesquisadores”, diz o Prof. Odair.
O pesquisador chama a atenção para dois fatores. O primeiro é o desdobramento desse tipo de pesquisa na cadeia produtiva local, uma vez que o projeto prevê o uso de matérias-primas cearenses. O segundo é o papel das atividades de pesquisa e desenvolvimento na absorção de pesquisadores formados pela própria UFC. Apesar de ser um projeto ainda em andamento, ele já gerou o primeiro emprego.
Atualmente, a UFC e a empresa estão negociando os termos do convênio – que deve gerar depósito de patente e, consequentemente, royalties a partir do momento da comercialização – para levar a cabo o desenvolvimento do produto. A negociação se dá por intermédio da Coordenadoria de Inovação Tecnológica (CIT), da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação.
Fonte: UFC. Imagem: Ribamar Neto, UFC
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