Notícia
Rim artificial poderia finalmente libertar pacientes da diálise?
Projeto mostra que biorreator pode manter células renais vivas por pelo menos uma semana
Reprodução, The Kidney Project via UCSF
Fonte
UCSF | Universidade da Califórnia em San Francisco
Data
quinta-feira, 31 agosto 2023 14:55
Áreas
Bioeletrônica. Bioengenharia. Biologia. Biomateriais. Biomecânica. Biomedicina. Biotecnologia. Engenharia Biológica. Engenharia Biomédica. Medicina. Nefrologia. Regulação. Saúde Pública. Sistemas de Controle. Transplantes.
Cientistas da Universidade da Califórnia em San Francisco (UCSF), nos Estados Unidos, estão trabalhando em uma nova abordagem para o tratamento da insuficiência renal que poderá um dia libertar as pessoas da necessidade de diálise ou de tomar medicamentos para suprimir o sistema imunológico após um transplante.
Eles demonstraram pela primeira vez que as células renais, alojadas em um dispositivo biorreator implantável, podem sobreviver dentro do corpo de um porco e imitar várias funções renais importantes. O dispositivo pode funcionar silenciosamente em segundo plano, como um marca-passo, e não aciona o sistema imunológico do receptor.
As descobertas, publicadas na revista científica Nature Communications, são um passo importante para o The Kidney Project, projeto liderado conjuntamente pelo Dr. Shuvo Roy, professor da UCSF, e pelo Dr. William H. Fissell, diretor do Centro Médico da Universidade Vanderbilt, também nos Estados Unidos.
Eventualmente, os cientistas planejam completar o biorreator com diferentes células renais que desempenham funções vitais, como equilibrar os fluidos do corpo e libertar hormônios para regular a pressão arterial – e depois combiná-lo com um dispositivo que filtra os resíduos do sangue.
O objetivo é produzir um dispositivo em escala para melhorar a diálise, que mantém vivos pacientes com insuficiência renal, mas é um substituto limitado em relação ao órgão real em funcionamento. Mais de 500.000 pessoas nos EUA necessitam de diálise várias vezes por semana. Muitos procuram transplantes renais, mas não há doadores suficientes e apenas cerca de 20 mil pessoas são transplantadas todos os anos. Um rim artificial implantável resolveria essa limitação.
“Estamos focados em replicar com segurança as principais funções de um rim”, disse o Dr. Shuvo Roy, professor de Bioengenharia na Escola de Farmácia da UCSF. “O rim bioartificial tornará o tratamento para doenças renais mais eficaz e também muito mais tolerável e confortável.”
O professor Roy e seus colegas projetaram um biorreator para se conectar diretamente aos vasos sanguíneos e veias, permitindo a passagem de nutrientes e oxigênio, da mesma forma que um rim transplantado faria. As membranas de silício mantêm as células renais dentro do biorreator protegidas do ataque das células imunológicas do receptor.
A equipe usou um tipo de célula renal chamada célula do túbulo proximal, que regula a água e o sal, como teste. O Dr. H. David Humes, coautor do estudo e professor da Universidade de Michigan, já havia usado essas células para ajudar pacientes em diálise na unidade de terapia intensiva com resultados que salvaram vidas.
Assista ao vídeo de apresentação do The Kidney Project (em inglês):
Fonte: The Kidney Project
Luz verde para o Projeto
A equipe acompanhou as células renais e os animais receptores durante sete dias após o transplante e os resultados foram positivos. O próximo passo serão testes com duração de um mês, conforme exigido pela agência reguladora Food and Drug Administration (FDA), primeiro em animais e posteriormente em humanos.
“Precisávamos provar que um biorreator funcional não exigiria medicamentos imunossupressores, e o fizemos. Não tivemos complicações e agora podemos evoluir, alcançando todo o conjunto de funções renais em escala humana”, concluiu o Dr. Shuvo Roy.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade da Califórnia em San Francisco (em inglês).
Fonte: Levi Gadye, UCSF. Imagem: Reprodução, The Kidney Project via UCSF. Vídeo: The Kidney Project.
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