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Reversão da menopausa pode permitir gravidez com idade mais avançada

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Fonte

New Scientist

Data

sexta-feira, 22 julho 2016 14:30

Áreas

Embriologia. Ginecologia. Obstetrícia. Fertilidade. Ética Médica.

Uma equipe de médicos gregos diz ter alcançado sucesso com técnica que possibilitou o reinício de períodos férteis em mulheres na menopausa, incluindo uma paciente que não tinha menstruado nos últimos cinco anos, afirma publicação do dia 20 de julho da revista New Scientist. A princípio, a técnica pode prolongar a idade fértil em mulheres, permitir que mulheres com menopausa precoce possam engravidar e ajudar a evitar os efeitos prejudiciais à saúde da menopausa.

“A técnica oferece esperança de que as mulheres na menopausa sejam capazes de engravidar usando seu próprio material genético”, diz o Dr. Konstantinos Sfakianoudis, ginecologista na clínica de fertilidade grega Genesis Atenas.

“É potencialmente muito emocionante”, diz o Dr. Roger Sturmey, da Hull York Medical School, no Reino Unido. “Mas também abre questões éticas sobre o limite máximo de idade para ser mãe”.

A idade limite da maternidade vem subindo nos últimos anos e cada vez mais mulheres estão tendo filhos na faixa dos 40 anos. Mas à medida que mais mulheres adiam a gravidez, muitas encontram-se lutando para engravidar. Mulheres que esperam conceber mais tarde na vida estão cada vez mais se voltando para a fertilização in vitro e congelamento de óvulos.

Tentando viabilizar a fertilidade em idade mais avançada, o Dr. Sfakianoudis e sua equipe estudaram um tratamento que é usado para ajudar a curar feridas mais rapidamente: o uso do Plasma rico em Plaquetas (PRP).

O PRP pode ser produzido por centrifugação de uma amostra de sangue de uma pessoa para isolar fatores de crescimento – moléculas que desencadeiam o crescimento de tecido e vasos sanguíneos. É utilizado para acelerar a reparação de ossos e músculos danificados, apesar de sua eficácia ainda não estar comprovada. O tratamento pode estimular a regeneração de tecidos.

A equipe do Dr. Sfakianoudis descobriu que o PRP também parece rejuvenescer os ovários mais velhos, e apresentou alguns dos seus resultados na reunião anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia em Helsinki, Finlândia.. Quando injetado PRP nos ovários de mulheres na menopausa, os pesquisadores dizem ter reiniciado seus ciclos menstruais, o que lhes permitiu recolher e fertilizar os óvulos.

A equipe não tem certeza de como esta técnica funciona, mas pode ser que o PRP estimule as células-tronco. Algumas pesquisas sugerem que um pequeno número de células estaminais continue a produzir novos óvulos ao longo da vida de uma mulher. É possível que fatores de crescimento incentivem essas células-tronco para regenerar tecidos e produzir hormônios da ovulação. “É biologicamente plausível”, diz o Dr. Roger Sturmey.

Óvulos fertilizados

A equipe do Dr. Sfakianoudis diz que administrou PRP em cerca de 30 mulheres entre as idades de 46 e 49 anos, que queriam ter filhos. Os pesquisadores dizem que eles conseguiram isolar e fertilizar os óvulos da maioria delas: “Parece que funciona em cerca de dois terços dos casos“, diz o Dr. Sfakianoudis.

Outros efeitos

Além da questão da fertilidade, a técnica também poderia ser desejável para as mulheres que não estão tentando engravidar. As alterações hormonais que provocam a menopausa também podem fazer o coração, pele e ossos mais vulneráveis ​​ao envelhecimento e doença, enquanto ondas de calor podem ser muito desagradáveis. Muitas mulheres estão relutantes em tomar a terapia de reposição hormonal para reduzir estes efeitos por causa de sua ligação com o câncer de mama. Rejuvenescer os ovários com PRP poderia fornecer uma alternativa para aumentar a oferta de hormônios, atrasando os sintomas da menopausa.

Faltam estudos científicos

No entanto, a equipe do Dr. Sfakianoudis ainda não foi publicou qualquer das suas conclusões em revistas científicas. “Nós precisamos de estudos mais amplos antes que possamos saber com certeza a eficácia do tratamento“, diz o Dr. Sfakianoudis.

Para saber se a técnica realmente melhorar a fertilidade, a equipe vai precisar realizar ensaios clínicos randomizados, em que um grupo de controle não recebe o PRP.

A Dra. Virginia Bolton, embriologista do Guy’s and St Thomas’ Hospital, em Londres, é cética: “É perigoso ficar animado sobre algo antes de ter provas suficientes se o método funciona”, diz ela. “Novas técnicas muitas vezes são aplicadas em clínicas de fertilidade sem evidências científicas, graças à enorme demanda de pessoas que estão muitas vezes dispostas a gastar as economias da vida inteira para ter um filho”, conclui a especialista.

Mesmo que a técnica se sustente sob investigação científica, ela poderia levantar questões éticas sobre o limite máximo de idade para a gravidez – e se ele deve existir. Problemas de saúde como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e aborto são mais comuns em mulheres mais velhas. “Seria necessário um grande debate”, diz o Dr. Sturmey.

Fonte: Jessica Hamzelou, New Scientist. Imagem: Pixabay.

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