Notícia
Remover dispositivos cardíacos infectados, em vez de apenas tomar antibióticos, pode salvar vidas
Estudo mostrou que apenas 18% dos pacientes com infecções por dispositivos foram submetidos a cirurgias para remover seus marca-passos ou desfibriladores
Adaptado de BruceBlaus via Wikimedia Commons
Fonte
Universidade Duke
Data
terça-feira, 5 abril 2022 14:30
Áreas
Bioeletrônica. Biomecânica. Biomedicina. Cardiologia. Engenharia Biomédica. Medicina.
Pacientes cujos dispositivos cardíacos implantáveis foram infectados estiveram menos propensos a óbito por complicações tendo removido o dispositivo em comparação com pacientes que receberam apenas antibióticos, de acordo com o maior estudo sobre o assunto, liderado pelo Duke Clinical Research Institute (DCRI), da Universidade Duke, nos Estados Unidos.
O estudo mostrou que apenas 18% dos pacientes com infecções por dispositivos foram submetidos a cirurgias para remover seus marca-passos ou desfibriladores, embora a remoção seja recomendada por todas as principais diretrizes de tratamento das sociedades médicas dos EUA. Há um risco 43% menor de óbito nesses pacientes se as diretrizes forem seguidas.
As descobertas, relatadas no último dia 3 de abril como uma apresentação nas Sessões Científicas do American College of Cardiology de 2022, destacam que a infecção do dispositivo cardíaco é um importante problema de saúde pública e há grandes lacunas na adesão às diretrizes.
“Esta é uma mensagem importante sobre uma lacuna persistente no atendimento: esses dispositivos devem ser removidos quando ocorre uma infecção, e sua remoção salva vidas”, disse o Dr. Sean D. Pokorney, eletrofisiologista e cardiologista do Departamento de Medicina da Escola de Medicina da Universidade de Duke e principal autor do estudo. O professor Sean Pokorney também é membro do Duke Clinical Research Institute.
O Dr. Pokorney e seus colegas lançaram o estudo em 2021, usando dados do Medicare para quase 1,1 milhão de pacientes que receberam dispositivos eletrônicos implantáveis cardíacos (CIEDs), entre 2006 e 2019.
Desses pacientes do estudo, 11.619 (cerca de 1%) desenvolveram infecções um ano ou mais após o implante. Apenas 13% dos pacientes tiveram o dispositivo removido dentro de seis dias após a infecção, e outros 5% o retiraram do dia 7 ao dia 30. A grande maioria – quase 82% – foi tratada apenas com antibióticos, apesar de vários estudos anteriores mostrarem que os antibióticos não conseguem eliminar infecções envolvendo CIEDs. Esses estudos anteriores levaram a um consenso de 2017 das principais organizações de saúde para recomendar a remoção de CIEDs quando uma infecção definitiva é identificada.
No estudo atual, os pesquisadores descobriram que a remoção dos dispositivos teve um claro benefício de sobrevivência. A taxa de mortalidade para aqueles que não tiveram seus dispositivos removidos foi de 32,4% no ano após o diagnóstico da infecção, em comparação com uma taxa de 18,5% entre os pacientes que foram submetidos à extração em seis dias e 23,2% para os pacientes que tiveram extrações de 7 a 30 dias.
“Qualquer extração foi associada a menor mortalidade quando comparada a nenhuma extração, mas o maior benefício foi para aqueles que tiveram os dispositivos removidos dentro de seis dias após a infecção. Isso mostra a importância de implementar sistemas para identificar esses pacientes e tratá-los de forma rápida e adequada, porque atrasos no atendimento resultam em maior mortalidade”, concluiu o Dr. Sean Pokorney.
Acesse a notícia na página da DukeHealth (em inglês).
Fonte: Sarah Avery, Universidade Duke. Imagem: Ilustração de marca-passo. Fonte: adaptado de BruceBlaus via Wikimedia Commons.
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