Notícia
Redução no tempo de sono pode alterar a intensidade com que o exercício estressa o coração
Com exercícios após sono reduzido, pesquisadores observaram aumento nos níveis do biomarcador de lesão cardíaca (troponina) em participantes do estudo, em comparação com exercícios em condição de sono normal
Jonathan Borba via Unsplash
Fonte
Universidade Uppsala
Data
quinta-feira, 3 fevereiro 2022 06:45
Áreas
Cardiologia. Educação Física. Medicina.
Estudos epidemiológicos anteriores demonstraram que, em nível populacional, o sono cronicamente interrompido e encurtado aumenta o risco de várias doenças cardiovasculares, como hipertensão e infarto do miocárdio. Em contraste, o exercício físico pode reduzir o risco de doença cardiovascular. No entanto, não se sabe se a restrição controlada do sono pode modular o estresse cardíaco durante o exercício de alta intensidade.
“O exercício é ótimo para o coração, enquanto a falta de sono pode afetar negativamente o sistema cardiovascular. Mas não se sabe se o sono encurtado pode modular o estresse fisiológico que o exercício intenso parece ter nas células do coração”, disse o Dr. Jonathan Cedernaes, professor de Biologia Celular na Universidade Uppsala, na Suécia, que liderou o estudo.
A proteína troponina
Um tipo específico da proteína troponina é encontrado nas células musculares do coração. Baixas quantidades de troponina podem ser liberadas após treinamento de alta intensidade. Os níveis de troponina são determinados rotineiramente na clínica, pois níveis significativamente mais altos são observados em cenários de eventos cardiovasculares agudos.
“Níveis sanguíneos mais altos de troponina após o exercício têm sido associados a um risco prospectivo relativo aumentado de doenças cardiovasculares. Não se sabe realmente qual é o mecanismo, mas, ao mesmo tempo, sabemos que a saúde cardiovascular é modulada por meio de uma interação do estilo de vida. Por isso, pensamos que seria importante investigar se a liberação de troponina durante o exercício pode ser afetada pela restrição do sono. Um dos motivos é o fato de muitas ocupações envolverem trabalho que interrompe o sono, como no caso de profissionais de saúde”, disse o Dr. Cedernaes.
Efeito no metabolismo
Estudos anteriores descobriram que o exercício pode neutralizar certos efeitos adversos do sono reduzido no metabolismo. Além disso, dados em nível populacional indicam que o exercício pode neutralizar os efeitos negativos da perda crônica de sono no sistema cardiovascular.
“Aqueles que relatam se exercitar regularmente, mas dormem menos do que o ideal, ainda reduzem o risco de morrer de doenças cardiovasculares. Ao mesmo tempo, sabemos que a interrupção crônica ou recorrente do sono é ruim para a saúde cardiovascular. Portanto, é possível que uma falta de sono mais pronunciada em longo prazo possa aumentar o risco relativo de que o coração seja lesionado de alguma forma por exercícios mais intensos. As evidências epidemiológicas relacionadas ao sono perturbado por si só se aplicam principalmente à falta crônica de sono e ao trabalho por turnos de longo prazo, e são observadas quando se calcula a média no nível da população”, explicou o pesquisador.
Dezesseis homens jovens, saudáveis e com peso normal, foram submetidos ao estudo. Todos foram extensivamente rastreados para doenças cardiovasculares anteriores, bem como para a hereditariedade em tais condições. Além disso, todos os participantes tinham hábitos de sono normais dentro da faixa recomendada – ou seja, relataram dormir de 7 a 9 horas regularmente.
Acordado por metade das noites
Os participantes foram monitorados em um laboratório do sono, onde seus horários de refeições e atividades foram padronizados. Em uma das duas sessões, os participantes dormiram uma quantidade normal, três noites seguidas. Durante a outra sessão, os participantes foram mantidos acordados por metade das noites, três noites seguidas. Em cada ocasião, amostras de sangue foram coletadas à noite e pela manhã. Após ambas as intervenções do sono, amostras de sangue também foram coletadas no último dia, antes e depois de uma sessão intensa de exercício em bicicleta estacionário de 30 minutos.
Os pesquisadores mediram dois biomarcadores nas amostras de sangue. O NT-proBNP reflete a carga no coração. A segunda proteína, a troponina, é comumente usada como marcador de lesão cardíaca. Os resultados mostraram que os níveis de NT-proBNP aumentaram em resposta ao exercício, mas esse aumento não diferiu dependendo da quantidade de sono. Os níveis sanguíneos de troponina também aumentaram após o treino. No entanto, para a troponina, o aumento após o exercício foi quase 40% maior após três noites de restrição parcial de sono, em comparação com três noites de sono normal.
Requer validação adicional
Uma limitação do presente estudo é que apenas 16 indivíduos foram incluídos. O Dr. Jonathan Cedernaes ressaltou que este deve ser considerado como um estudo piloto que requer maior validação e acompanhamento. Esses estudos também são necessários para examinar se essas mudanças também se aplicam a outras faixas etárias ou mulheres.
Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Molecular Metabolism.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Uppsala (em inglês).
Fonte: Linda Koffmar, Universidade Uppsala. Imagem: Jonathan Borba via Unsplash.
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