Notícia
Reabilitação do HC da USP oferece ferramentas para paciente superar incapacidades
Especialista destaca a importância social e econômica da reabilitação
Divulgação
Fonte
Jornal da USP
Data
sábado, 28 setembro 2019 10:00
Áreas
Biomecânica e Reabilitação. Inclusão Social. Saúde Pública.
O mais importante estudo epidemiológico em nível global, Global Burden Disease (GBD), considera a medicina física e reabilitação como uma intervenção necessária em muitas doenças crônicas. As tecnologias mudaram a história da incapacidade, no Brasil em especial. O Instituto de Medicina Física e Reabilitação (IMREA) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) está em posição destacada tanto na tecnologia como na atenção aos pacientes com alguma deficiência.
O tema é cada vez mais importante quando se fala em investimentos na área da saúde. Por isso, este é um dos focos na formação de especialistas que cursam os programas de pós-graduação na Faculdade de Medicina e no IMREA. “A intervenção do médico fisiatra beneficia 72% de todos os dias vividos com alguma incapacidade”, aponta a professora Dra. Linamara Rizzo Batistella, presidente do instituto, citando o a revista científica The Lancet.
A economia da saúde tradicional trabalha o valor como custo inicial do tratamento. A Dra. Linamara defende que essa perspectiva é ultrapassada. “Quando o paciente retorna para a sociedade, ele tem condições de devolver aquilo que foi investido nele na forma de terapia”, afirma. Sem a reabilitação, essa pessoa poderia ficar restrita a um leito. A medicina física permite então que ela volte ao mercado produtivo. “Dá ferramentas para superar a incapacidade”, alega a médica.
Ainda sim, a professora aponta as barreiras que as pessoas com deficiência podem encontrar. São empecilhos do cotidiano: a calçada irregular, a escada onde deveria haver rampa. A sociedade, embora avance, apresenta bloqueios no âmbito das atitudes. “Não conhecemos e não conseguimos entender amplamente as diferenças do paciente. A experiência dentro do Centro de Reabilitação serve para empoderá-lo. Visa à necessidade de inclusão”, esclarece.
O GBD e demais pesquisas comandadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a reabilitação, não só na fase aguda da doença, como também nos cuidados posteriores na internação e no período ambulatorial, reduz muito o tempo de tratamento e diminui a necessidade de reinternações. “O IMREA já ratificava essa lógica. Essa foi a razão pela qual fomos convidados a coordenar o grupo de diretrizes em reabilitação da OMS”, conta a Dra. Linamara.
Os avanços tecnológicos melhoraram as técnicas de terapia, assim como as de diagnóstico. “Entendendo se a lesão é relacionada ao sistema nervoso, ou ao locomotor, nos permite atuar de forma global”, explica a médica. Desta maneira, os profissionais da saúde compreendem a sequela e entendem a capacidade do paciente de adaptar seu organismo para superar a lesão, de acordo com ela. “Mapeamento cerebral por estimulação magnética, ressonância magnética funcional, todas as tecnologias diagnósticas nos ajudaram a entender melhor como funciona o cérebro da pessoa com incapacidade”, indica a especialista.
“Quando se chega ao limite máximo do tratamento, o paciente pode sair de uma locomoção assistida para um estímulo elétrico funcional, ou uma órtese mecânica que suporte sua marcha com mais segurança”, discorre a professora, falando de possíveis ferramentas. De olho no desenvolvimento dessas tecnologias, o IMREA tem parcerias com a Escola Politécnica e a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da USP. “E também com grupos internacionais. Harvard é uma parceira histórica em muitos projetos de pesquisa”, diz a docente. Para além do tripé universitário (ensino, pesquisa e extensão), o instituto tem na inovação uma quarta prioridade.
Em conjunto com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o IMREA desenvolve uma análise das atividades cerebrais de pessoas que passaram por amputações. “Buscamos compreender não a falta do membro, mas sim a pessoa, a fim de montar uma estratégia voltada àquele paciente”, ressalta a Dra. Linamara. “Às vezes, basta simplesmente um treino funcional para que ele readquira a condição de deslocamento”, completa.
O Global Burden Disease é um documento histórico dentro do movimento de cobertura universal de saúde, segundo a médica. A OMS publicou o Reabilitação 2030: um chamado à ação, do qual participaram mais de 400 pesquisadores, dos quais o IMREA foi destaque. “Nosso modelo certamente influencia a política de saúde do Brasil e do Estado de São Paulo, e agora está ratificado pela objetividade dos resultados”, se orgulha a Dra. Linamara. Como todo o HC, o instituto é líder em atendimento à população, além de formar profissionais para toda a área de atenção global em reabilitação.
Acesse a notícia completa no Jornal da USP.
Fonte: Pedro Teixeira, Jornal da USP. Imagem: Divulgação.
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