Notícia
Pesquisadores desenvolvem nova geração de stents intracoronários absorvíveis por impressão 3D
Tecnologia desenvolvida na Unicamp propõe obtenção de dispositivos médicos implantáveis customizados com liberação controlada de substância vasodilatadora a partir de novo material polimérico
Pedro Amatuzzi, Agência de Inovação INOVA Unicamp
Fonte
Agência de Inovação INOVA Unicamp
Data
sexta-feira, 10 dezembro 2021 06:15
Áreas
Cardiologia. Engenharia Biomédica. Medicina.
Os pesquisadores Dr. Marcelo Ganzarolli de Oliveira, Dra. Laura Caetano Escobar da Silva e Matheus Fernandes de Oliveira, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), possibilitaram a obtenção de dispositivos médicos implantáveis por impressão 3D a partir de um material polimérico fotocurável (resina) desenvolvido pelo grupo e capaz de proporcionar também os efeitos da liberação local de óxido nítrico (NO), uma substância vasodilatadora.
A tecnologia, que já conta com pedido de patente depositado pela Agência de Inovação INOVA Unicamp no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), resolve alguns dos grandes problemas enfrentados pelos implantes cardíacos do tipo stent – pequenas malhas tubulares expansíveis – disponíveis no mercado e que têm o objetivo de restaurar o fluxo sanguíneo, evitando infartos.
“Os stents são usados para desobstruir as artérias coronárias que estão obstruídas por placas ateroscleróticas, que causam deficiência de irrigação do músculo cardíaco. Os implantes usados inicialmente eram inteiramente metálicos, mas constatou-se que, passado algum tempo, uma porcentagem significativa de casos levava à reoclusão da artéria após o implante, por uma resposta cicatricial ao próprio implante”, explicou o Dr. Marcelo de Oliveira.
Este problema foi em grande parte resolvido com o desenvolvimento dos stents recobertos com polímeros que liberam fármacos. Porém, verificou-se que o contato do sangue com a superfície polimérica podia induzir a formação tardia de trombos. “Havia a necessidade de melhorar essa tecnologia”, lembrou o pesquisador. Os estudos relacionados a próteses intracoronárias são feitos há mais de 20 anos pelo grupo de pesquisa do professor Marcelo Ganzarolli de Oliveira.
Diante desse cenário, os pesquisadores viram no óxido nítrico (NO) um caminho promissor, uma vez que esta pequena molécula exerce várias ações benéficas, como a inibição da formação de trombos, a dilatação dos vasos sanguíneos, o estímulo à regeneração do endotélio vascular – camada celular que reveste o interior dos vasos sanguíneos – e o bloqueio da proliferação das células musculares lisas, que são as que acabam obstruindo a artéria novamente. Assim, desenvolveram stents metálicos recobertos com polímeros que liberam NO. Mas nem tudo estava resolvido: quando acaba o estoque de NO, o polímero sozinho podia ainda induzir a formação de trombos.
Produção de stents a partir de impressoras 3D
O desenvolvimento da resina especial permitiu que a equipe utilizasse impressoras 3D, a partir de uma técnica baseada na fotoreticulação do polímero, vencendo o desafio da fabricação de stents inteiramente de um material polimérico fotocurável.
“Nós desenvolvemos a nossa própria resina utilizada na impressão. Uma resina de poliéster, que libera o NO e que reticula com a luz. Nós produzimos em escala de pesquisa, mas a produção pode ser facilmente ampliada para a escala industrial. A impressão 3D é fantástica nesse aspecto”, destacou o professor.
Nessa estrutura, os pesquisadores conseguiram demonstrar que a liberação de NO permanece por um longo período, ao mesmo tempo em que ocorre a degradação hidrolítica do poliéster, uma reação química que vai lentamente dissolvendo o stent.
Dito de outra forma, o stent polimérico apresenta a vantagem tecnológica de desaparecer após cumprir sua função, sendo totalmente absorvido pelo corpo, um benefício de interesse direto da indústria de produtos médicos, especialmente a indústria farmacêutica voltada para implantes coronários.
Acesse a notícia completa na página da Agência de Inovação INOVA Unicamp.
Fonte: Leonardo Scramin Florindo, Agência de Inovação INOVA Unicamp, Imagem: Pedro Amatuzzi, Agência de Inovação INOVA Unicamp.
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