Notícia

Pesquisadora estuda os efeitos do cogumelo do sol contra o HIV

Estudo mostra a diminuição do estresse oxidativo em pacientes com HIV que consumiram o cogumelo

Fonte

UFPA

Data

terça-feira, 30 junho 2015 20:50

Áreas

Nutrição.

Agaricus sylvaticus é um fungo comestível muito popular por suas propriedades medicinais. O estudo da professora Marcela de Souza Figueira, vice-diretora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal do Pará (UFPA), apresentou os benefícios do fungo no tratamento de crianças e adolescentes portadores do vírus da imunodeficiência humana, o HIV. O estudo foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários.

Também conhecido como cogumelo do sol, o Agaricus sylvaticus é um alimento rico em fibras, vitaminas e minerais, além de ter grande capacidade antioxidante. Na Dissertação “O Efeito da Suplementação Nutricional de Agaricus sylvaticus sobre Alterações Oxidativas e da Defesa Antioxidante Associadas à Infecção pelo HIV em Crianças e Adolescentes”, orientada pelo Prof. Dr. Sandro Percário, a professora Marcela Figueira analisou essa característica do cogumelo sobre o estresse oxidativo, comum em pacientes com HIV.

O estresse oxidativo é um desequilíbrio entre a defesa antioxidante e a produção de radicais livres – que o organismo naturalmente produz como uma forma do sistema imune combater doenças. Tem a parte benéfica dos radicais livres, porém, em excesso, eles também são capazes de causar danos celulares e algumas doenças”, explica a professora.

Tanto a infecção pelo vírus HIV quanto o próprio tratamento da doença causam o estresse oxidativo. Há a diminuição dos antioxidantes e o aumento dos radicais livres. Para diminuir o estresse, a suplementação com cogumelo do sol na alimentação dos pacientes fornece uma defesa antioxidante maior e reduz os radicais livres”, completa Marcela.

Relatório alimentar garante segurança dos dados

Para analisar as melhorias que o cogumelo do sol poderia trazer aos portadores do HIV foi feito o acompanhamento de 43 crianças e adolescentes¸ entre 1 ano e meio e 18 anos de idade, de ambos os sexos, que nasceram com o vírus. 29 crianças e adolescentes tiverem o cogumelo inserido em sua alimentação por meio de xarope (produzido especialmente para a pesquisa com as crianças menores) e comprimido; os outros 14 pacientes fizeram parte do grupo de controle, formado para as futuras análises comparativas dos quadros das crianças e dos adolescentes.

A pesquisa foi realizada na Unidade de Referência Materno, Infantil e Adolescente (UREMIA) e a suplementação do Agaricus sylvaticus à alimentação dos pacientes foi feita com a autorização dos pais ou responsáveis das crianças e dos adolescentes. Os xaropes e comprimidos eram entregues aos responsáveis, que recebiam o medicamento já nas dosagens corretas. Os pais das crianças menores também recebiam uma seringa a fim de facilitar a ingestão do xarope nas quantidades certas. As doses foram calculadas com base no peso e na idade dos pacientes.

Para atestar com segurança os efeitos da implementação do cogumelo à alimentação e suas ações sobre o estresse oxidativo, a pesquisa também realizou o chamado recordatório 24 horas, que consiste em fazer um relatório com todos os alimentos ingeridos pelo paciente nas últimas 24 horas. Esse recordatório era realizado junto com os responsáveis para saber tudo que esses pacientes tinham comido no dia anterior. O procedimento avaliava o apetite e a alimentação das crianças e dos adolescentes.

O objetivo do recordatório 24 horas era observar se a alimentação dos pacientes estava interferindo em seu quadro de defesa antioxidante, pois havia a preocupação de que, além da doença e do tratamento, a alimentação deficiente em componentes antioxidantes também estivesse afetando a saúde dos paciantes. O processo do recordatório foi realizado duas vezes, uma, antes; e outra, depois da suplementação do cogumelo do sol.

Foi feita, com o apoio do Laboratório Central do Estado do Pará, a coleta do sangue dos pacientes antes do início da suplementação e, após três meses, realizados novos exames. Todo o processo de coleta durou seis meses.

Uso do suplemento reduziu o estresse oxidativo

É importante destacar que a suplementação do cogumelo era feita junto com o tratamento tradicional, composto pelos coquetéis, para HIV. “De forma alguma poderíamos interferir no tratamento medicamentoso que esses pacientes já faziam: o cogumelo do sol foi usado em formato de complemento. E por ser produzido a partir de um cogumelo, não é considerado medicamento, mas sim apenas um alimento; inclusive, é assim que está registrado no Ministério da Agricultura. Então, foi utilizado como suplemento alimentar”, explica Marcela Figueira.

As conclusões da pesquisa apontaram a diminuição do estresse oxidativo nos pacientes que haviam realizado a suplementação com o Agaricus sylvaticus. “O cogumelo do sol realmente melhorou as defesas antioxidantes e conseguiu reduzir o estresse oxidativo de maneira significativa pelas dosagens bioquímicas que fizemos. Isso, associado à alimentação saudável, pode, sim, melhorar a qualidade de vida desses indivíduos”, afirma a professora.

Os resultados do trabalho foram publicados na revista científica Canadian Journal of Infectious Diseases and Medical Microbiology.

Fonte: Juliana Theodoro, Jornal da Universidade Federal do Pará.

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