Notícia

Pesquisa simplifica aprendizado de música para deficientes visuais

Estudo criou nova forma de escrever e ler música para cegos

Divulgação

Fonte

Universidade Federal de Uberlândia

Data

sábado, 20 maio 2017 17:40

Áreas

Inclusão Social.

Os deficientes visuais enfrentam diversos problemas no dia a dia. Desníveis de calçadas, falta de sinalização sonora e de piso tátil, além do preconceito, são alguns obstáculos que dificultam a inclusão dessas pessoas nos espaços sociais. Pensando nisso e com o objetivo de promover melhoria na qualidade de vida dos cegos, a musicista Sandra Fernandes de Oliveira Lima desenvolveu, em seu doutorado em Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a Musicografia Lima, técnica que leva seu sobrenome e simplifica o processo de leitura e escrita musical.

Lima é graduada em Artes Plásticas e em Música pela UFU. Desde 2005, ainda no mestrado em Engenharia Elétrica, ela começou a pesquisar sobre musicografia e descobriu que já existia  a Musicografia Braille. Mas, segundo ela, essa técnica “era e ainda é extremamente complexa para os cegos conseguirem tocar e ler a música, já que são 67 códigos mais as variações”. Na Musicografia Lima, ela reduziu para 16 códigos, com os quais os alunos já conseguiam decorar tudo.

O estudo também teve a contribuição e a orientação dos professores Dr. Keiji Yamanaka e Dr. Luciano Vieira, da Faculdade de Engenharia Elétrica. De acordo com Vieira, o código de Braille é complexo e acaba deixando o cego confuso. “São matrizes de seis pontos, seis linhas em relevo. Então, o Braille não tem referência, se a pessoa se perder tem que voltar para o começo e tem que decorar tudo para executar. A nossa proposta é achar uma estrutura em que ele não se perca e dar maior segurança”, afirma.

Já na estrutura da Musicografia Lima, existem quatro células em dupla coluna, cada uma de quatro pontos. “Todas as informações sobre a nota, se é suave ou forte, aguda ou grave, e a duração estão na primeira estrutura. E elas vão se repetindo. Então, cada vez que ele coloca o dedo, já sabe de tudo dessa nota. Além disso, dá para usar um dedo só e com a outra mão marcar a referência para não se perder”, explica a Dra. Sandra Lima.

Essa técnica foi testada com três cegos e todos conseguiram aprender. Para a Dra. Sandra, o retorno deles foi gratificante e isso a estimulou a continuar com a pesquisa no pós-doutorado, que realiza atualmente. “Ter contato com seres humanos e ver os problemas que passam no dia a dia”, de acordo com ela, é o que a levou a fazer algo que fosse útil para eles.

Lucas Vinicius de Sousa foi um dos alunos que aprenderam a Musicografia Lima. Segundo ele, a pesquisadora apresentou o projeto e fez um convite para participar. “Ela me mostrou a estrutura básica para ver o que eu achava e fiz algumas sugestões para ela. Depois a gente marcou algumas aulas no conservatório, uma vez por semana em pouco mais de um mês”, conta.

Lucas Sousa já tinha contato com a música, mas aprendia intuitivamente e por memorização. “A proposta da Sandra [Lima] foi mais simples. A parte técnica eu não sabia e isso me favoreceu muito. Com esse código, eu mesmo consigo identificar como é a montagem do acorde e eliminar a necessidade de uma outra pessoa me ajudar a traduzir a partitura”, explica. Ainda segundo ele, foi gratificante participar de um projeto que visa gerar resultados para outras pessoas futuramente.

Software, impressora e livro

Um produto feito no doutorado da Dra. Sandra Lima e que está em fase de finalização é um software gratuito que permite converter qualquer música para a Musicografia Lima. Outra proposta é a criação de impressoras de pontos em relevo de baixo custo, para que sejam acessíveis às pessoas com deficiência. Segundo o professor Luciano Vieira, as que existem hoje custam mais de R$ 8 mil.

Para difundir o método, está sendo produzido um livro com a teoria musical e exercícios práticos, com o objetivo de ensinar futuros professores. “Será um e-book gratuito, mas vamos tentar um projeto para fazer impresso. Não temos interesse comercial em ganhar dinheiro nisso. Queremos colocar na Amazon para poder ser acessado no mundo todo, além de termos a intenção de disponibilizar em inglês”, explica Lima. A expectativa é de que o software e o livro sejam lançados até o fim deste ano.

Fonte: Marcela Pissolato, UFU. Imagem: Divulgação.

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