Notícia
Pesquisa pretende melhorar terapia de crianças autistas com Inteligência Artificial
Pesquisadores estudam o desenvolvimento e aplicação de técnicas de ‘machine learning’ para a extração de padrões e eventos de interesse em sessões de terapia
jcomp via Freepik
Fonte
UFSC | Universidade Federal de Santa Catarina
Data
segunda-feira, 12 agosto 2024 15:25
Áreas
Autismo. Comportamento. Computação. Inteligência Artificial. Neurociências. Pediatria. Psicologia. Psiquiatria. Saúde da Criança.
Uma ferramenta em desenvolvimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) busca auxiliar e aumentar a efetividade do processo terapêutico de crianças autistas por meio do uso de Inteligência Artificial (IA).
O projeto, conduzido pelo Dr. Jônata Tyska, professor do Departamento de Informática e Estatística da UFSC, estuda o desenvolvimento e aplicação de técnicas de machine learning para a extração de padrões e eventos de interesse em sessões de terapia. Estas análises são consideradas essenciais para que o tratamento melhore o desenvolvimento cognitivo, de comunicação, e a qualidade de vida de crianças com autismo.
A proximidade com o assunto surgiu durante o doutorado do professor junto ao Instituto de Ciências e Tecnologias da Cognição (ISTC), em Roma, que é um instituto de pesquisa do Conselho Nacional de Pesquisas Italiano (CNR). Durante este período, embora o tema principal de seu doutorado fosse a robótica e a Inteligência Artificial, havia um grupo de pesquisadores desenvolvendo pesquisas sobre o autismo.
Um dos estudos realizados por essa equipe resultou em um dispositivo chamado Plus Me: Companheiros Vestíveis Transitórios. Em formato de um urso panda de pelúcia, o objeto é utilizado para a terapia de crianças. O dispositivo experimental, sensível ao toque, consegue reagir com luzes e sons às interações do paciente com o dispositivo, recurso potencialmente relevante para a prática terapêutica.
O instituto também informa, no site do dispositivo, que ele é capaz de emitir respostas atraentes como luzes coloridas e sons divertidos quando tocado nas patas. Os estímulos são chamados de resultados gratificantes, pois as crianças geralmente demonstram satisfação quando recebem esse tipo de feedback. O dispositivo está conectado a um tablet de controle que permite a um terapeuta, por exemplo, modificar parâmetros de acordo com a reação da criança.
Recentemente, o professor trouxe um desses dispositivos da Itália para poder utilizá-los em estudos futuros no Brasil. Um importante parceiro deste projeto no Brasil, e que será responsável pelas coletas de dados e testes com as aplicações e dispositivos desenvolvidos no projeto, é o Instituto Farol, um Centro de Excelência e Inovação em Autismo.
Como funciona
A proposta da ferramenta é trabalhar com a detecção automática dos eventos interessantes por meio da identificação das interações entre a criança e o terapeuta ou, eventualmente, um brinquedo, a exemplo do Plus Me.
A Inteligência Artificial, desta forma, cria o mecanismo capaz de perceber uma ação da criança que deva ser registrada na sessão terapêutica. Isso facilita um trabalho que não só demandava tempo, como podia fazer com que o terapeuta deixasse de prestar atenção nas interações para interromper o trabalho e fazer o registro.
Com a ferramenta, essa identificação automática dos eventos interessantes ocorreria a partir da gravação das sessões e do reconhecimento desses episódios por meio da IA. “O trabalho manual limita o atendimento. O acesso aos registros produzidos na Itália permitiu que treinássemos o sistema a partir desses vídeos públicos”, comentou o professor.
O pesquisador lembra que o protótipo desenvolvido na UFSC, publicado nos Proceedings da 11th Brazilian Conference on Intelligent Systems (BRACIS 2022), ainda é uma ferramenta de pesquisa, um esforço para construir algo que poderá ter um impacto positivo no tratamento de crianças autistas.
Acesse o resumo da publicação científica (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Santa Catarina.
Fonte: Amanda Miranda, Agência de Comunicação da UFSC. Imagem: jcomp via Freepik.
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