Notícia

Pesquisa busca terapia alternativa contra a leucemia

Pesquisadores brasileiros usam técnicas de clonagem e biologia molecular para produzir enzima a partir de leveduras

Fonte

Agência Fiocruz

Data

sexta-feira, 12 agosto 2016 13:00

Áreas

Oncologia. Biotecnologia. Biologia Celular e Molecular.

Duas leveduras – incluindo a espécie Saccharomyces cerevisiae, presente nos fermentos biológicos usados na culinária – estão no foco de uma pesquisa que busca uma terapia alternativa para o tratamento das leucemias, câncer que afeta algumas das células do sangue. Em laboratório, os pesquisadores recorreram a técnicas de clonagem e biologia molecular para produzir a enzima asparaginase encontrada nas leveduras S. cerevisia e em outro tipo de levedura, chamado de Picchia pastoris. Os testes in vitro mostraram que a molécula atua contra as células cancerígenas e apresenta características desejáveis para o desenvolvimento de um potencial novo medicamento.

Liderado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o trabalho tem colaboração de cientistas do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) e do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). Resultados do estudo foram publicados recentemente na revista científica Protein Expression and Purification.

Há mais de 30 anos, a enzima asparaginase, extraída de bactérias, é utilizada no combate ao câncer, principalmente nos casos de leucemias e linfomas. Por exemplo, para os pacientes com leucemia linfocítica aguda (LLA), mais frequente nas crianças, a molécula faz parte da primeira opção de quimioterapia, aumentando significativamente a chance de cura. “O tratamento com asparaginase é muito eficaz para o controle da doença. Porém, a enzima obtida a partir de bactérias provoca uma reação forte do sistema imunológico. Alguns pacientes apresentam reações adversas graves, como hemorragia e choque anafilático, que obrigam a interrupção dessa terapia”, diz o pesquisador Dr. Jonas Perales, chefe do Laboratório de Toxinologia do IOC/Fiocruz e um dos coordenadores do estudo.

Reduzir a dependência das importações do produto e o custo do tratamento também são objetivos do projeto. Em 2013, o laboratório norte-americano do qual o Brasil importava o medicamento a base de asparaginase parou de produzi-lo e houve desabastecimento no país. Desde então, o Ministério da Saúde assumiu a compra diretamente de outro fabricante internacional. Só no ano passado, foram gastos R$ 2 milhões no Sistema Único de Saúde (SUS) para aquisição do remédio. “O desenvolvimento de um biofármaco nacional pode baratear a terapia e aumentar a segurança sobre o abastecimento do mercado brasileiro”, ressalta a primeira autora do artigo, Luciana Girão, estudante de doutorado no Instituto de Química da UFRJ, com orientação do pesquisador do IOC/Fiocruz Dr. Jonas Perales e da professora da UFRJ Dra. Elba Bon, além de co-orientação da pesquisadora de Farmanguinhos Dra. Maria Antonieta Ferrara, todos coautores da publicação.

Busca pela similaridade

O sucesso da asparaginase é baseado na sua capacidade de degradar o aminoácido asparagina, que integra proteínas essenciais para a sobrevivência das células. “Diferentemente das células saudáveis, que podem produzir asparagina internamente, as células leucêmicas não conseguem sintetizar esse aminoácido, dependendo da captação das moléculas que circulam na corrente sanguínea. Quando a enzima degrada a asparagina no sangue, as células cancerígenas não podem produzir uma série de proteínas e morrem”, explica o Dr. Jonas Perales.

Produzida em pequena quantidade no corpo humano, a asparaginase pode ser encontrada em diversos micro-organismos, como bactérias e fungos, assim como em plantas e animais. Segundo os pesquisadores, embora tenham estrutura básica parecida, as enzimas sintetizadas pelas diferentes espécies apresentam particularidades, que podem influenciar no seu desempenho como medicamento. Dessa forma, na comparação com a molécula extraída de bactérias, a asparaginase obtida a partir da levedura S. cerevisiae é mais similar à asparaginase humana, o que pode facilitar a sua aceitação pelo organismo. “Acreditamos que essa enzima deve estimular menos o sistema imune dos pacientes, reduzindo os efeitos colaterais. Ela poderia ser uma segunda opção para os indivíduos que desenvolvem hipersensibilidade à asparaginase de bactérias ou, até mesmo, uma primeira opção, caso os resultados ao longo da pesquisa mostrem um desempenho superior”, pondera Luciana.

Leia a reportagem completa no Portal da Fiocruz.

Fonte: Maíra Menezes, IOC/Fiocruz.

 

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