Notícia
Pesquisa avalia como células de defesa podem causar danos a tecidos após traumas cirúrgicos
Pesquisadores da UnB comprovam potencial de pequenos traumas na ativação de respostas inflamatórias irregulares no organismo
Grupo de Proteômica de Neutrófilos, IB/UnB – Secom UnB
Fonte
UnB Ciência
Data
segunda-feira, 10 julho 2017 19:50
Áreas
Biologia Celular e Molecular. Proteômica. Imunologia.
Quando um corpo estranho ou um trauma – cirúrgico ou não – afeta o organismo humano, as células de defesa, mais conhecidas como glóbulos brancos, são acionadas e formam um verdadeiro exército de prontidão para defendê-lo. Um tipo dessas células, em especial, é o protagonista do sistema imune contra microrganismos patogênicos, como vírus, bactérias, fungos ou parasitas: trata-se dos neutrófilos. Estas células utilizam estratégias, como a fagocitose, para atacar os invasores na tentativa de expulsá-los e cicatrizar o tecido atingido.
Entretanto, há vários anos, estudiosos têm observado que determinados estímulos sofridos pelo organismo, como traumas graves ou procedimentos cirúrgicos de grande porte, potencializam respostas inflamatórias pela própria ação dos neutrófilos, que fogem ao controle. Pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (IB-UnB) têm investigado os mecanismos que levam esse tipo celular a reagir de maneira irregular no desenvolvimento de processos inflamatórios.
Ao serem ativados por esses estímulos externos mais graves, os neutrófilos em circulação no sangue podem extrapolar a função de defesa e provocar danos em tecidos vizinhos. Em casos extremos, o desequilíbrio da atividade celular também acarreta complicações irreversíveis, como a falência múltipla de órgãos.
“Apesar de ser um problema conhecido e estudado há muitos anos, ainda não há uma forma de prevenir, tratar ou mesmo diagnosticar precocemente essa situação. Para buscar possíveis diagnósticos ou alvos terapêuticos, antes precisamos conhecer melhor os mecanismos envolvidos”, explica o Prof. Dr. Wagner Fontes. Ele coordena pesquisas desenvolvidas na área no Programa de Pós-Graduação em Biologia Molecular do IB.
Um dos estudos mais recentes avaliou, em ratos, efeitos de traumas cirúrgicos de pequeno porte no conjunto de proteínas dos neutrófilos. O estudo, iniciado em 2013, foi realizado em parceria entre a UnB, a Universidade de São Paulo e a Universidade do Sul da Dinamarca. Segundo o professor Wagner, os experimentos buscaram compreender a ativação dessas células nos processos de isquemia e reperfusão – bloqueio vascular por longo período, que impede a circulação sanguínea em um tecido, seguido da restauração do fluxo do sangue – e de laparotomia – abertura da cavidade abdominal para realização de diagnósticos e tratamentos. Além disso, verificaram a interferência na composição e na função celular.
“Concluímos que mesmo esse pequeno trauma é suficiente para desencadear respostas compatíveis com uma ativação sistêmica de neutrófilos”, explana o coordenador da pesquisa. Os experimentos, realizados no Laboratório de Bioquímica e Química Molecular da UnB, permitiram analisar e comparar a proteômica de neutrófilos de três grupos de ratos: dois deles submetidos a uma das intervenções e o outro com animais que não passaram pelos procedimentos.
Alterações celulares
Ao total, foram identificadas 3.816 proteínas nos grupos estudados. Dessas, 2.231 se mostraram exclusivamente não fosforiladas e 1.585 fosforiladas. A fosforilação proteica integra o processo de modificação química das células e desempenha importante papel em suas funções básicas, além do controle da atividade enzimática. Ela pode ainda intervir na conformação da cadeia proteica. Dessa forma, a quantidade de proteínas fosforiladas encontradas indicaria uma intensa regulação das vias de sinalização das células, ou seja, dos sinais utilizados para interação de uma molécula com o receptor celular. “A fosforilação de proteínas é um mecanismo frequentemente encontrado em vias metabólicas e em processos de sinalização celular como um mecanismo de controle. Conhecendo melhor os mecanismos de controle podemos levantar hipóteses sobre como interferir nele”, conclui Wagner.
Em relação à abundância das proteínas, os pesquisadores encontraram alterações significativas nos grupos submetidos às intervenções se comparado ao grupo não operado. O professor relata que tais modificações afetaram a atividade celular em aspectos como a síntese de proteínas e o metabolismo de ácidos nucleicos – que são responsáveis pela manutenção da informação genética da célula e pela produção proteica. “A alteração de proteínas reflete a alteração de uma célula que é chave no processo da resposta inflamatória”, explica o docente.
Leia a reportagem completa no UnB Ciência.
Fonte: Serena Veloso, Secom UnB. Imagem: Microscopia eletrônica de neutrófilos ativados. Fonte: Grupo de Proteômica de Neutrófilos, IB/UnB – Secom UnB
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