Notícia

Pesquisa abre novos caminhos no combate às lesões cerebrais

Pixabay

Fonte

Universidade do Porto

Data

segunda-feira, 16 agosto 2021 06:05

Áreas

Endocrinologia. Medicina. Neurociências. Saúde Pública.

Um estudo que acaba de ser publicado na revista científica eLife, e que contou com a importante contribuição de pesquisadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), revela que hormônios liberados pela hipófise após uma lesão cerebral contribuem para a perda de movimentos corporais. Se estes hormônios forem bloqueados, indicam os novos resultados, os efeitos nocivos de uma lesão podem ser reduzidos. Esta é uma descoberta que pode ter implicações no tratamento de pessoas com lesões cerebrais traumáticas ou AVC.

“Sabemos que um AVC ou uma lesão de um lado do cérebro causa dificuldades de movimento no lado oposto do corpo e estudos recentes mostraram-nos também que se dermos certos hormônios a um ratinho sem lesão cerebral isso pode causar perda de movimentos num dos lados do corpo. Descobrimos então, após testes in vivo, que são dois hormônios hipofisários em específico – a ß-endorfina e a Arg-vasopressina – que causam este efeito de contração dos membros”, explicou o Dr. Nikolay Lukoyanov, pesquisador do i3S, professor da FMUP e um dos primeiros autores do artigo.

A equipe administrou estes dois hormônios a ratos sem lesões cerebrais e descobriu que eles desenvolveram contração do membro inferior do lado direito. Os pesquisadores tentaram depois perceber o que aconteceria se dessem a ratos com lesão cerebral do lado esquerdo medicamentos que bloqueiam os efeitos destes dois hormônios.

“Concluímos que os animais não desenvolveram problemas de movimento do lado direito, como seria de esperar”, adianta, em comunicado, o Dr. Georgy Bakalkin, professor do Departamento de Biociências Farmacêuticas da Universidade de Uppsala, na Suécia, e coautor do estudo.

Isto quer dizer, concluiu o Dr.  Nikolay Lukoyanov, que os “hormônios transmitem sinais específicos dos lados após uma lesão cerebral”. Nesse sentido, “a nossa expectativa é que se tratarmos os pacientes com lesões cerebrais semelhantes com medicamentos que bloqueiam os efeitos destes hormônios, podemos obter melhorias” na condição física.

Estas observações “sugerem que o sistema endócrino, através de seus hormônios no sangue, pode visar seletivamente os lados esquerdo e direito do corpo dos animais”, concluiu o Dr. George Bakalkin. Mesmo assim, “temos que ser cautelosos na interpretação destas descobertas e das suas implicações biológicas e precisamos verificar este fenômeno noutros modelos animais. Mas se se confirmarem os benefícios de tratamentos que bloqueiam estes hormônios, poderemos ter aqui uma nova abordagem ao tratamento de problemas de movimento após um AVC ou lesão”, concluiu o Dr. Lukoyanov.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.

Fonte:  Luísa Melo, i3S. Imagem: Pixabay.

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