Notícia

Pedra-sabão como matéria-prima na fabricação de próteses

Pesquisa recebeu prêmio “Mulheres na Ciência”

Tuila Dias, UFOP

Fonte

UFOP | Universidade Federal de Ouro Preto

Data

quarta-feira, 26 setembro 2018 15:35

Áreas

Biomateriais. Biomecânica e Reabilitação. Física Médica. Próteses.

O projeto sobre “a deposição e caracterização de revestimentos de hidroxiapatita com incorporação de nanoestruturas” liderado pelas professoras Dra. Jaqueline dos Santos Soares e Dra. Taise Manhabosco, do Departamento de Física da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), busca resultados que possam melhorar a vida de pessoas que necessitam de próteses ortopédica e dentária, tornando-as mais baratas, duráveis e resistentes. Isso porque a matéria-prima utilizada pelas pesquisadoras é um material barato, abundante e bem conhecido na Região dos Inconfidentes pelo artesanato que produz: a pedra-sabão.

A pesquisa utiliza o talco (pó) produzido pela pedra-sabão incorporado à hidroxiapatita — material semelhante ao osso e utilizado para revestir implantes —, a fim de tornar as próteses ortopédicas e dentárias mais resistentes, aumentando a sua durabilidade sem causar danos ao organismo.

Mais baratas e resistentes

De acordo com a Dra. Taise, a escolha do talco da pedra-sabão surgiu quando um grupo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenado pelo professor Dr. Bernardo Ruegger Almeida Neves, começou a trabalhar com esse material em 2015. Segundo ela, a hidroxiapatita continua sendo utilizada, mas apresenta um problema: sua fragilidade. “Fragilidade não é baixa resistência mecânica, significa a peça poder quebrar sem ter deformação plástica. Então, a gente procura melhorá-la, incorporando outros nanomateriais”, explica a pesquisadora, completando que, com o aumento da expectativa de vida da população, há necessidade de melhorias que atendam a população idosa e mais necessitada. “A gente procura melhorar a qualidade desse biomaterial, tendo um material mais barato, para garantir assim o acesso mais fácil da população”, explica a especialista.

A estudante de mestrado em Física de Materiais, Ana Bárbara Batista, é responsável pela incorporação do talco da pedra-sabão à hidroxiapatita, depositado em discos de titânio. O objetivo é testar a biocompatibilidade do material no corpo humano a fim de concluir se é compatível ao organismo ou provoca reações adversas, para assim promover melhorias.

Ana Bárbara considera a pesquisa de grande relevância social, visto que o estudo pode contribuir para uma melhoria na rotina de quem precisa de uma prótese. “Eu mesma tenho pessoas na família que precisam de próteses, e essa prótese melhoraria as propriedades mecânicas para uma vida mais saudável, para fazer as atividades rotineiras sem dor e sem que a prótese precise ser trocada pelo desgaste”.

Prêmio “Mulheres na Ciência”

No mês passado, por causa dessa pesquisa, Jaqueline recebeu o Prêmio L’Oréal-Unesco-ABC Para Mulheres na Ciência 2018, na categoria Física. A premiação é uma parceria da L’Oréal Brasil com a UNESCO no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

A pesquisadora considera o prêmio de suma importância para o projeto de pesquisa liderado principalmente por mulheres da área de exatas e ressalta a necessidade de incentivar mais mulheres a se tornarem pesquisadoras. Além disso, ela destaca a importância da física aplicada para a sociedade e a conquista do prêmio como fatores fundamentais para gerar maior visibilidade e investimentos na pesquisa e nos programas de pós-graduação da área.

Acesse a notícia completa na página da UFOP.

Fonte: Patrícia Pereira e Júlia Militão, UFOP. Imagem:  Tuila Dias, UFOP.

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