Notícia

Órtese desenvolvida na UFU reduz amplitude de tremores nas mãos

Tratamento de tremores e acessibilidade digital são focos de grupo de pesquisa

Daniel Pompeu, UFU

Fonte

Universidade Federal de Uberlândia

Data

sexta-feira, 23 junho 2017 18:10

Áreas

Biomecânica. Engenharia Biomédica. Reabilitação. Neurologia. Acessibilidade. Inclusão Social.

O Núcleo de Inovação e Avaliação Tecnológica em Saúde (Niats) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) é um grupo de pesquisa que envolve profissionais e pesquisadores de diferentes áreas, principalmente das ciências biomédicas, exatas e engenharias, em prol do desenvolvimento de tecnologias que atuem no diagnóstico e tratamento de questões na área da saúde. Inserido na Faculdade de Engenharia Elétrica, o núcleo foi criado pelo professor e coordenador do curso de Engenharia Biomédica, Dr. Adriano de Oliveira Andrade. A partir de sua origem, o grupo começou a oferecer ao Hospital de Clínicas de Uberlândia (HCU/UFU) e outras instituições de pesquisa e saúde novas abordagens no tratamento de pacientes e pessoas com deficiência.

O Niats tem pesquisas financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e é membro da Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Rebrats). De acordo com o professor Adriano Andrade, é importante que esse tipo de tecnologia seja desenvolvido para que as pessoas com doenças neurodegenerativas, por exemplo, tenham alternativas de tratamento e os diagnósticos sejam mais precisos. Além disso, segundo ele, há uma escassez de pesquisas nacionais nesta área. Neste sentido, o núcleo contribui para o reconhecimento científico da universidade e dos pesquisadores em um contexto brasileiro e internacional.

Hoje, o Niats tem como foco algumas vertentes específicas de inovação. Uma delas consiste no desenvolvimento de técnicas para quantificação de tremores em pessoas com lesões que podem ou não ser originadas de doenças como a de Parkinson. O núcleo também desenvolve sensores de avaliação desses tremores e de sinais vitais indicativos de dor para aperfeiçoamento do tratamento nessas áreas.

Aplicabilidade das pesquisas

Quantificar essas avaliações de forma eficiente é o grande desafio dos integrantes do Niats. O diagnóstico mais preciso dos tremores em tempo real, por exemplo, ajudaria a tornar mais seguros os procedimentos cirúrgicos invasivos que visam tratar a doença de Parkinson.

De acordo com Samila Costa, engenheira elétrica e integrante do núcleo, uma órtese que auxiliaria esses pacientes vem sendo aperfeiçoada pelos pesquisadores. “A prótese substitui um membro, no caso da órtese ela te ajuda a realizar os movimentos ou readquiri-los. A órtese que o Niats está desenvolvendo é uma inédita aqui no Brasil. Ela conta com um ‘atuador’ [motor linear acoplado à órtese] que é utilizado em naves espaciais”, explica Samila. Segundo a engenheira, a órtese realiza um contrapeso nos movimentos de tremor do paciente, atenuando o problema e permitindo a realização de tarefas básicas do dia a dia.

Outro foco do núcleo trata-se da criação de uma interface homem-máquina alternativa para portadores de deficiência física. Luiza Maire, fisioterapeuta e doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica na subárea de Engenharia Biomédica na UFU, explica que a finalidade é tornar a tecnologia acessível a essas pessoas utilizando movimentos que ainda estão preservados, como os da face. “Se a gente pensar em uma doença degenerativa ao longo do tempo as pessoas vão perdendo o movimento da extremidade pro centro. Então eu perco o movimento de mão, paro de andar, mas a musculatura facial fica preservada por mais tempo”, diz Luiza Maire. O grupo se dedica a avaliar o processo de aprendizagem do uso da interface. Na prática, o paciente consegue utilizar o cursor do mouse através de diferentes padrões de mordida, que contraem os músculos temporais, onde ficam localizados os sensores.

Os equipamentos voltados para a acessibilidade também são pensados a partir da experiência do usuário final. “A gente tem que ter esse conhecimento de mercado, fazemos muito teste com pessoas. Vamos para as clínicas, para a vida diária mesmo para saber o que é aplicável. Até na questão de design, [e perguntamos:] será que o paciente usaria algo desse tipo?” explica Luiza Maire.

Fonte: Daniel Pompeu, UFU. Imagem: Daniel Pompeu, UFU.

 

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