Notícia
Óleo de peixe e o controle da pressão arterial
Consumo de óleo de peixe na alimentação é capaz de auxiliar na redução da pressão arterial
Pixabay
Fonte
Sociedade Brasileira de Hipertensão, Revista Brasileira de Cardiologia, Arquivos Brasileiros de Cardiologia e The Journal of Nutrition.
Data
quarta-feira, 11 maio 2016 12:35
Áreas
Cardiologia. Hipertensão. Alimentação e Nutrição. Saúde Pública.
Os peixes representam a principal fonte alimentar dos ácidos graxos ômega 3: ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA). Apesar de vários estudos prévios terem observado que suplementos de óleo de peixe (na forma de cápsulas) são capazes de reduzir a pressão arterial, esses estudos em geral utilizaram doses elevadas de EPA + DHA (> 3g/dia), que dificilmente são alcançadas com a ingestão alimentar de peixes. Abaixo, pode-se acessar a concentração de ômega 3 para vários tipos de animais marinhos.
Fonte: Schmidit, E.B. ; Dyerberg, J. Omega-3 fatty acids: current status in cardiovascular medicine. Drugs: 47, 405-24, 1994.
De acordo com a tabela, uma porção de peixe gorduroso contem cerca de 1,0 g de EPA + DHA (os peixes com baixo teor de gordura contêm quantidades menores). Desta forma, através do consumo de peixes é possível ingerir 0,5 a 1,0g por dia de ácidos graxos ômega 3.
Em artigo publicado no início dos anos 2000 na Revista Brasileira de Cardiologia sobre o tratamento não-medicamentoso da hipertensão arterial, pesquisadores explicam que a suplementação dietética com estes óleos de peixe tem sido utilizada com a premissa de promover menores índices de doença cardiovascular em função de resultados favoráveis na diminuição da colesterolemia e da pressão arterial. Como efeitos cardiovasculares, os pesquisadores destacaram resultados da literatura que reconhecem a ação do ômega 3 na redução da viscosidade sangüínea por aumento da deformidade das hemácias com a incorporação do ácido eicosapentaenóico na membrana eritrocitária, alertando que doses baixas (1,4g/dia) de óleo de peixe foram capazes de diminuir a viscosidade sangüínea favorecendo a microcirculação, com consequente maior oxigenação tecidual. Destacam ainda outras ações possíveis e vantajosas do consumo de óleo de peixe: aumento da atividade fibrinolítica endógena, elevando os níveis dos ativadores do plasminogênio tecidual e reduzindo os níveis dos inibidores do ativador do plasminogênio tecidual; aumento do relaxamento endotélio-dependente das artérias coronárias em resposta à bradicinina, serotonina, difosfato de adenosina e trombina e redução da resposta vasoespástica às catecolaminas e, possivelmente, à angiotensina.
Acesse o artigo completo.
Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular
A I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular, publicada em 2013 nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia, trata os efeitos do ômega 3 sobre a saúde cardiovascular em um sentido mais conservador, considerando as evidências científicas disponíveis até então.
Segundo o documento, “Os ácidos graxos ômegas-3 de origem marinha, ácido docosaexaenoico (DHA) e ácido eicosapentaenoico (EPA), exercem inúmeros efeitos sobre diferentes aspectos fisiológicos e do metabolismo que podem influenciar a chance de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Embora seja consensual que o consumo regular de peixes ricos em ácido graxos ômega-3 faça parte de uma dieta saudável, a recomendação de suplementar a dieta com cápsulas de óleo de peixe cerca-se por controvérsias, fomentadas por resultados conflitantes de estudos clínicos”. Afirma ainda que “estudos clínicos mostram que a suplementação com 2g a 4g de EPA/DHA ao dia pode diminuir os níveis de triglicérides (TG) em até 25% a 30%, aumentar discretamente os de HDL-C (1% a 3%) e elevar os de LDL-C em até 5% a 10%. A capacidade de reduzir os níveis de TG depende da dose, com uma redução aproximada de 5% a 10% para cada 1 g de EPA/DHA consumido ao dia, sendo maior nos indivíduos com níveis basais mais elevados de TG. Em uma metanálise de 36 ensaios clínicos randomizados, a suplementação com óleo de peixe (dose mediana de 3,7 g/dia) mostrou reduzir a pressão arterial sistólica em 3,5 mmHg e a diastólica em 2,4 mmHg. A redução de tônus adrenérgico e da resistência vascular sistêmica é um mecanismo proposto”. O documento conclui que “apesar de várias evidências antigas sugerirem efeito protetor de peixes e dos ácidos graxos ômega-3 de origem marinha sobre eventos cardiovasculares, sobretudo em indivíduos que já apresentavam doença cardiovascular, os estudos mais recentes não mostraram benefícios da suplementação com ômega-3 em sujeitos que já haviam apresentado ou não manifestações de doença aterosclerótica” e que portanto “não se recomenda a suplementação de EPA e DHA para a prevenção da doença cardiovascular”.
Acesse a I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular.
Estudo recente
A análise retrospectiva de um estudo realizado no Reino Unido envolvendo 312 adultos avaliou os efeitos da ingestão de doses relativamente baixas de EPA + DHA (que podem ser alcançada através da dieta) sobre a pressão arterial. Os participantes consumiram óleo controle ou óleo de peixe fornecendo 0,7 ou 1,8 g EPA + DHA / dia, durante 8 semanas cada um. Os autores concluíram que em adultos com hipertensão sistólica isolada, a ingestão diária de EPA + DHA em doses tão baixas quanto 0,7g está associada com redução clinicamente significativa da pressão arterial, o que a nível populacional pode reduzir o risco de doença cardiovascular. Este artigo foi publicado em março de 2016 na revista científica The Journal of Nutrition.
Acesse o resumo do artigo (em inglês).
Fonte: Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), Revista Brasileira de Cardiologia, Arquivos Brasileiros de Cardiologia e The Journal of Nutrition. Imagem: Pixabay.
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