Notícia

Novos estudos sobre a lágrima humana podem ajudar a desenvolver lentes de contato mais confortáveis

Pesquisadores da Universidade Stanford desenvolvem plataforma óptica que simula superfície do olho

Wikimedia Commons

Fonte

Universidade Stanford

Data

segunda-feira, 28 março 2016 14:05

Áreas

Oftalmologia. Engenharia Biomédica. Biomecânica.

Quando as lentes de contato funcionam bem, você esquece que elas estão em seus olhos. Você pode não sentir o mesmo no final de um longo dia olhando para uma tela de computador. Depois de muitas horas de uso, as lentes e os olhos secam, causando irritação e um grande desconforto.

Pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, esperam reverter esta situação melhorando a compreensão de como as lágrimas naturais mantêm nossos olhos confortáveis e desenvolvendo uma máquina que possa ajudar a projetar lentes de contato mais adequadas.

O trabalho foi inspirado pelo incômodo de um estudante de pós-graduação. “Eu tive que parar o uso de lentes devido ao aumento do desconforto”, disse Saad Bhamla, um estudante de pós-doutorado em bioengenharia da Universidade de Stanford, que conduziu o trabalho no laboratório de engenharia química, orientado pelo professor Gerald Fuller. “Durante a minha tese, tentar entender e resolver este problema foi tanto um desafio pessoal quanto profissional.”

Bhamla não está sozinho. Mais de 30 milhões de americanos usam atualmente lentes de contato, mas cerca de metade deles voltar a usar óculos por causa dos sintomas induzidos pela lente, como o olho seco. Bhamla e o professor Fuller suspeitam que a maior parte do desconforto surge a partir da ruptura do filme lacrimal, um revestimento úmido na superfície do olho, durante o chamado processo de desumidificação. Eles descobriram que a camada lipídica, um revestimento oleoso na superfície do filme lacrimal, protege a superfície do olho de duas maneiras importantes – por meio de força e retenção de líquidos. Imitando a camada lipídica na construção das lentes, milhões de pessoas podem evitar o desconforto ocular.

Em seu estudo mais recente, Bhamla e colegas descrevem duas funções da camada lipídica. Uma é a de proporcionar a resistência mecânica do filme lacrimal. Os lipídios nesta camada têm propriedades viscoelásticas, o que lhes permite esticar e suportar a camada aquosa embaixo deles.

Saad Bhamla compara esta camada lipídica protetora com uma cobertura de piscina. Você não pode correr sobre a água, mas mesmo uma lona fina pode proporcionar resistência mecânica para suportar o peso de uma pessoa.

A camada lipídica também impede que o filme de lágrima evapore. Os olhos possuem uma temperatura de cerca de 35 graus Celsius, o que é geralmente mais quente do que o ar ambiente. Como qualquer líquido sobre uma superfície quente, o olho está constantemente aquecendo seu revestimento líquido e perdendo umidade para o ar.

“Nós reconhecemos rapidamente que as respostas fluidomecânicas da camada lipídica eram importantes para a visão convencional devido ao seu papel de controlar a perda por evaporação”, disse o professor Fuller. “E tem sido gratificante perceber que o papel combinado destas duas forças é agora aceito.”

A chave para a produção de lentes de contato confortáveis, portanto, envolve a concepção de lentes que não desestabilizem o filme lacrimal. Os fabricantes reconhecem a importância de proteger o filme lacrimal natural do olho na superfície da lente de contato para minimizar os sintomas desconfortáveis, como o olho seco, mas isso não é uma coisa fácil de conseguir.

“Pesquisadores estão estudando as lentes de contato, segurando-os contra a luz, mergulhando-as em água, e olhando para elas para ver se o filme lacrimal se rompe”, disse Bhamla. “Nós sentimos que definitivamente poderíamos fazer melhor do que isso.”

Para resolver esta situação, Bhamla e o professor Fuller construíram um dispositivo que imita a superfície do olho. A máquina, chamada de Plataforma Optica com Interface de Desumidificação e Drenagem, ou i-DDrOP, reproduz um filme lacrimal na superfície de uma lente de contato. Ela permite que tanto cientistas como os fabricantes possam manusear sistematicamente o conjunto de variáveis ​​que afetam o filme de lágrima, incluindo a temperatura, uma variedade de substâncias, umidade e também a ação da gravidade que atua ao longo de sua superfície curva.

Com a capacidade de recriar com precisão um filme lacrimal sobre a superfície da lente de contato e testar o quão rápido ele se rompe, os fabricantes possuem agora ferramentas para fazer lentes mais confortáveis, que possam proteger os usuários contra os efeitos colaterais desconfortáveis de usá-las.

Fonte: Rosemary Mena-Werth, Universidade Stanford. Imagem: Wikimedia Commons.

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