Notícia
Novo design pode evitar acúmulo de tecido cicatricial ao redor de implantes médicos para liberação de fármacos
Nova abordagem pode ajudar nos esforços para desenvolver um pâncreas artificial para tratar o diabetes
Divulgação, MIT
Fonte
MIT | Instituto de Tecnologia de Massachusetts
Data
terça-feira, 9 agosto 2022 06:30
Áreas
Bioeletrônica. Biologia. Biomecânica. Ciência dos Materiais. Endocrinologia. Engenharia Biológica. Engenharia Biomédica. Medicina. Metabolismo. Sistemas de Controle.
Dispositivos implantáveis que liberam insulina no corpo são promissores como uma forma alternativa de tratar o diabetes sem injeções de insulina ou inserções de cânulas. No entanto, um obstáculo que impediu seu uso até agora é que o sistema imunológico reage após o implante, formando uma espessa camada de tecido cicatricial que bloqueia a liberação de insulina.
Esse fenômeno, conhecido como resposta a corpo estranho, também pode interferir em muitos outros tipos de dispositivos médicos implantáveis. No entanto, uma equipe de engenheiros e colaboradores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, concebeu uma maneira de superar essa resposta. Em um estudo com camundongos, eles mostraram que, quando incorporaram a atuação mecânica em um dispositivo macio que pode ser inflado e desinflado, o dispositivo permaneceu funcional por muito mais tempo do que um implante típico de liberação de drogas.
O dispositivo é inflado e desinflado repetidamente por cinco minutos a cada 12 horas, e essa deflexão mecânica impede que as células imunológicas se acumulem ao redor do dispositivo, descobriram os pesquisadores. “Estamos usando esse tipo de movimento para prolongar a vida útil e a eficácia desses reservatórios implantados que podem fornecer medicamentos como a insulina, e achamos que essa plataforma pode ser estendida além dessa aplicação”, disse a Dra. Ellen Roche, professora de Engenharia Mecânica e membro do Instituto de Engenharia e Ciências Médicas do MIT.
Entre outras aplicações possíveis, os pesquisadores agora planejam estudar se podem usar o dispositivo para fornecer células das ilhotas pancreáticas que poderiam atuar como um ‘pâncreas bioartificial’ para ajudar a tratar o diabetes.
A Dra. Ellen Roche é a coautora sênior do estudo, junto com a Dra. Eimear Dolan, ex-pesquisadora de pós-doutorado em seu laboratório e que agora é membro do corpo docente da Universidade Nacional da Irlanda em Galway (NUI Galway). O Dr. Garry Duffy, também professor da NUI Galway, foi um colaborador chave no trabalho, publicado na revista científica Nature Communications. O Dr. William Whyte e o Dr. Debkalpa Goswamis, pós-doutorandos do MIT, e a pesquisadora visitante Dra. Sophie Wang, são os principais autores do artigo.
Modulando células imunes
A maioria dos pacientes com diabetes tipo 1 e alguns com diabetes tipo 2 precisam injetar insulina diariamente. Alguns pacientes usam bombas de insulina vestíveis que são presas à pele e fornecem insulina através de uma cânula inserida sob a pele, ou adesivos que podem fornecer insulina.
Por muitos anos, os cientistas vêm trabalhando em dispositivos de liberação de insulina que possam ser implantados sob a pele. No entanto, as superfícies fibrosas que se formariam ao redor desses dispositivos poderiam levar à falha do dispositivo em semanas ou meses.
Os pesquisadores tentaram muitas abordagens para evitar a formação desse tipo de tecido cicatricial, incluindo a administração local de imunossupressores. A equipe do MIT adotou uma abordagem diferente que não requer nenhum medicamento – em vez disso, seu implante inclui um dispositivo robótico macio acionado mecanicamente que pode ser inflado e desinflado. Em um estudo de 2019, a Dra. Ellen Roche e seus colegas mostraram que esse tipo de oscilação pode modular como as células imunes próximas respondem a um dispositivo implantado.
No novo estudo, os pesquisadores queriam ver se esse efeito imunomodulador poderia ajudar a melhorar a entrega de medicamentos. Eles construíram um dispositivo de duas câmaras feito de poliuretano, um plástico que tem elasticidade semelhante à matriz extracelular que envolve os tecidos. Uma das câmaras atua como um reservatório de droga e a outra atua como um atuador macio e inflável. Usando um controlador externo, os pesquisadores podem estimular o atuador a inflar e desinflar em um horário específico. Para este estudo, eles realizaram a atuação a cada 12 horas, por cinco minutos de cada vez.
Essa atuação mecânica afasta as células imunes chamadas neutrófilos, as células que iniciam o processo que leva à formação do tecido cicatricial. Quando os pesquisadores implantaram esses dispositivos em camundongos, eles descobriram que demorou muito mais tempo para o tecido cicatricial se desenvolver ao redor dos dispositivos. O tecido cicatricial acabou se formando, mas sua estrutura era incomum: em vez das fibras de colágeno emaranhadas que se acumulavam em torno dos dispositivos estáticos, as fibras de colágeno que cercavam os dispositivos acionados mecanicamente estavam mais alinhadas, o que os pesquisadores acreditam que pode ajudar as moléculas da droga a passar pelo tecido.
“Em curto prazo, vemos que há menos neutrófilos ao redor do dispositivo no tecido e, em longo prazo, vemos que existem diferenças na arquitetura do colágeno, o que pode estar relacionado ao motivo pelo qual temos uma melhor entrega de medicamentos ao longo do período de oito semanas”, concluiu a Dra. Sophie Wang.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (em inglês).
Fonte: MIT News Office. Imagem: com uma nova abordagem, tecido cicatricial, que geralmente se desenvolve ao redor dos implantes médicos, tem uma arquitetura mais alinhada, o que permite que os medicamentos passem mais facilmente. Fonte: Divulgação, MIT.
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