Notícia
Novas Crônicas da Surdez: um relato dos caminhos do implante coclear
Em depoimento real e sincero, Paula Pfeiffer relata os altos e baixos de sua jornada para voltar a ouvir

Divulgação
Fonte
Fundação Otorrinolaringologia
Data
quarta-feira, 1 abril 2015 17:40
Áreas
Otorrinolaringologia. Implante Coclear.
Milhares de pessoas no mundo sabem o que significa ter um ouvido biônico. A gaúcha Paula Pfeifer é uma delas. Ela é surda oralizada: começou a perder a audição na infância até chegar à surdez bilateral profunda aos 31 anos, quando decidiu investigar a possibilidade de fazer um implante coclear para voltar a ouvir. A jornada em direção ao som foi cheia de altos e baixos. No livro Novas crônicas da surdez – Epifanias do implante coclear (152 p., R$ 43,90), lançamento da Plexus Editora, a escritora retrata com sinceridade os melhores e os piores momentos desse caminho – da decisão de fazer a cirurgia aos meses seguintes à ativação dos eletrodos.
“A cirurgia me proporcionou o reencontro comigo mesma e com uma infinidade de emoções e sentimentos que precisaram ser adormecidos com o passar dos anos”, conta a autora.
A publicação do primeiro livro (Crônicas da Surdez, também da Plexus Editora) mudou completamente a vida da gaúcha de Santa Maria (RS). “Minha vontade de desmitificar a surdez só crescia e o universo começou a conspirar a meu favor para que isso acontecesse”, recorda-se Paula. Com a grande repercussão da obra vieram os convites para falar em público e, a partir daí, uma sucessão de pequenas coincidências que culminaram com a realização do implante. “A melhor coisa que já fiz até hoje”, afirma.
Nessa nova obra, Paula fala sobre a sua opção pelo som e compartilha as suas vivências. É a história de uma pessoa que nasceu ouvinte e ficou surda, trajetória essa muito diferente da de pessoas que já nasceram sem ouvir e não conheceram o som. É um relato humano sobre impressões, descobertas, sentimentos, medos e angústias durante a jornada que teve início em 2013 e seguirá até o fim dos seus dias.
“Como alguém que passou por todos os graus da deficiência considerei perfeitamente possível ser uma pessoa feliz, produtiva e independente até o grau severo”, conta a autora, lembrando que sua personalidade foi mudando imperceptivelmente ao longo dos anos. E isso, diz ela, tem que ver com a dificuldade de interação e comunicação que a surdez traz. “Eu vivia com a sensação de que algo muito importante estava faltando e tornei-me dependente dos outros para coisas tão básicas quanto marcar uma consulta médica”, afirma Paula.
Na obra, a autora constrói um relato envolvente dos passos que revolucionaram a sua vida: dos exames preliminares à cirurgia; da ativação do implante aos meses de adaptação à nova vida. “Às vezes é preciso abrir mão de pouco para ganhar muito. Medos e receios à parte, a vontade de reencontrar a pessoa extrovertida e segura que eu era no tempo em que ouvia falou mais alto”, diz, destacando que foi a decisão mais correta que já tomou e faria tudo de novo.
As semanas que antecederam a cirurgia foram de muita ansiedade. O implante foi realizado no dia 28 de setembro. No dia 9 desse mesmo mês, Paula fez 32 anos. Para ela, de todas as etapas do implante coclear, a mais solitária e impenetrável é a recuperação. “Renasci em 11 de novembro, quando a última peça que faltava no meu quebra-cabeça foi encaixada no seu devido lugar. Restaurar um sentido por meio da tecnologia não é apenas incrível, é mágico”, comemora.
Devagarinho, dia após dia, a vida de Paula começou a entrar nos eixos, superando inclusive a questão psicológica – voltar a conviver com o som e a sensação de normalidade após tantos anos não é tarefa fácil. “Saí daquele limbo, voltei a fazer parte do mundo sonoro e iniciei uma longa viagem em direção a um reencontro comigo mesma”, complementa.
Para a autora, deficiências têm que ver com recomeços, mas nem todos sentem vontade de, mais uma vez, recomeçar. Há quem se sinta confortável e feliz com a deficiência auditiva profunda. “Eu não me sentia. Foi por isso que optei por enfrentar outro recomeço depois de saber que era candidata a um implante coclear. Não há palavras que expressem a beleza e a grandeza de voltar a ouvir e me sentir parte do mundo – onde eu quiser, com quem eu quiser, não mais limitada a uma zona de conforto povoada apenas por pessoas que entendem o problema”, conclui Paula.
A autora
Paula Pfeifer, 33 anos, é surda oralizada e voltou há pouco para o mundo dos sons. Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), mora no Rio de Janeiro e trabalha com mídias sociais. Recebeu o diagnóstico de deficiência auditiva bilateral neurossensorial progressiva aos 16 anos. Seu blogue “Crônicas da Surdez” tem milhares de acessos mensais e leitores de países como Portugal, Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Argentina.
Preço do livro: R$ 43,90 (e-book: R$ 27,90)
Páginas: 152 (14 x 21 cm)
ISBN: 978-85-85689-94-0
Fonte: Fundação Otorrinolaringologia
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