Notícia
Nova descoberta poderia evitar a cirurgia em crianças com doença de Hirschsprung
Nova abordagem poderia potencialmente evitar a cirurgia, desenvolvida na década de 1960 e que até hoje continua sendo a única maneira de tratar a doença de Hirschsprung
Picsea via Unsplash
Fonte
Universidade de Quebec em Montreal
Data
sábado, 1 agosto 2020 14:45
Áreas
Medicina. Pediatria.
Um grande avanço poderia melhorar significativamente a qualidade de vida de crianças com a doença de Hirschsprung, um distúrbio genético raro caracterizado pela falta de neurônios entéricos na parede do cólon e que afeta aproximadamente um em cada 5.000 recém-nascidos.
Pesquisadores do Centro de Excelência em Pesquisa da Fundação Courtois (CERMO-FC) da Universidade de Quebec em Montreal (UQAM), no Canadá, em colaboração com colegas do Centro Hospitalar Universitário Ste-Justine (CHU Ste-Justine) e do Hospital Infantil da Filadélfia, nos Estados Unidos, desenvolveram uma abordagem terapêutica revolucionária que permite gerar novos neurônios entéricos. A descoberta foi publicada na revista científica Gastroentorology. O Dr. Rodolphe Soret, professor do Departamento de Ciências Biológicas da UQAM, e o Dr. Nicolas Pilon, também professor do mesmo departamento, são os principais autores do artigo.
Essa nova abordagem poderia potencialmente evitar a cirurgia, desenvolvida na década de 1960 e que continua sendo a única maneira de tratar essa condição médica até hoje. “Embora esta cirurgia salve a vida das crianças mais afetadas, muitas desenvolvem sequelas graves em longo prazo, como incontinência fecal e maior suscetibilidade à enterocolite. Essas consequências podem ser fatais”, disse o Dr. Nicolas Pilon.
Estimular células-tronco localmente
O estudo, realizado em camundongos com a doença de Hirschsprung, mostra que a administração retal do fator neurotrófico derivado das células gliais (GDNF, da sigla em inglês) induz a formação de neurônios entéricos e, assim, pode prolongar a vida dos animais. “Ao contrário de outros grupos ao redor do mundo, nossa equipe apostou que era possível estimular as células-tronco presentes localmente na área afetada”, explicou o Dr. Nicolas.
Inteiramente ausentes no início do estudo, os neurônios entéricos se multiplicaram rapidamente. “Em apenas alguns dias, já estávamos observando mais da metade dos neurônios que normalmente são encontrados em um cólon saudável”, disse o pesquisador.
Essa abordagem da medicina regenerativa tira proveito de duas características da doença: maior permeabilidade da superfície interna do cólon, além de maior presença de nervos externos – originários da medula espinhal – que transportam as células de Schwann. Essas células, usadas principalmente para fornecer a bainha de mielina às fibras nervosas, também podem atuar como células-tronco em determinadas circunstâncias. “A maior permeabilidade do cólon doente, portanto, permite a entrada do GDNF, que estimula as células de Schwann a formar neurônios e que possibilita restaurar o funcionamento normal do cólon”, destacou o Dr. Nicolas Pilon.
Rumo a ensaios clínicos em humanos
Testes adicionais foram realizados em amostras de cólon pós-operatório de crianças com doença de Hirschsprung. “Uma resposta semelhante foi obtida, o que nos leva a acreditar que a transferência poderia ser possível em humanos”, disse o professor.
Embora ainda existam várias perguntas a serem esclarecidas antes que essa abordagem possa ser aplicada a crianças vivas, o Dr. Nicolas Pilon está confiante que o processo será concluído rapidamente. “Os ensaios clínicos em humanos podem começar dentro de dois anos”, espera o pesquisador.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Quebec em Montreal (em francês).
Fonte: Jean-François Ducharme, Universidade de Quebec em Montreal. Imagem: Picsea via Unsplash.
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