Notícia

Natação é boa opção para tratar fibromialgia

Estudo científico publicado em revista internacional mostra os benefícios da natação para a redução da dor

Wikimedia Commons

Fonte

Agência Fapesp

Data

domingo, 31 julho 2016 11:35

Áreas

Biomecânica. Reabilitação. Dor.

Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que a natação é tão eficaz quanto a caminhada na redução da dor e na melhoria da qualidade de vida de pacientes com fibromialgia.

Os resultados do ensaio clínico randomizado foram divulgados na revista Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, editada pela American Congress of Rehabilitation Medicine.

“A atividade física está em todas as diretrizes de tratamento da fibromialgia e o que comprovadamente traz mais benefícios são os exercícios aeróbicos de baixo impacto. Mas nem todo mundo gosta ou pode fazer a mesma atividade física, então nosso grupo tem testado alternativas”, contou o Dr. Jamil Natour, professor da Disciplina de Reumatologia da Unifesp e coordenador da pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São paulo (Fapesp).

Em um artigo publicado em 2003 no The Journal of Rheumatology, a equipe do Dr. Jamil Natour havia mostrado que a caminhada é melhor que o alongamento não apenas para reduzir a dor como também para melhorar a depressão e outros aspectos emocionais de pacientes com fibromialgia – além de, como esperado, aumentar a função cardiorrespiratória.

Já em um estudo de 2006, divulgado na revista Arthritis & Rheumatism, o grupo mostrou que a corrida aquática também era uma boa opção para o tratamento da doença.

A natação ainda não havia sido avaliada com o devido rigor científico e, neste ensaio clínico, apresentou resultados tão bons quanto os da caminhada, que tem benefícios comprovados. Pode ser uma opção mais interessante para uma pessoa que, além de fibromialgia, tem artrose no joelho, por exemplo”, avaliou o pesquisador.

O estudo foi feito com 75 mulheres com fibromialgia e com idade entre 18 e 60 anos. Todas eram sedentárias no início da avaliação. Foram aleatoriamente divididas em dois grupos: 39 submetidas a um treino de natação durante 12 semanas, e outras 36, a um treino de caminhada moderada pelo mesmo período.

As sessões de atividade física eram realizadas três vezes por semana, com acompanhamento de profissionais da área de educação física, e duravam 50 minutos. O trabalho foi feito durante o mestrado de Giovana Fernandes, orientanda do Dr. Natour.

Antes do início do treinamento, e após as 12 semanas, as voluntárias passaram por diversas avaliações. O nível de dor foi medido por meio de uma régua numérica que varia de 0 a 10 centímetros (cm). Cada paciente dava uma nota para o nível de dor que estava sentindo no momento.

No grupo submetido a caminhada, em média, o nível de dor caiu de 6,2 cm para 3,6 cm, enquanto no grupo que treinou natação os valores foram de 6,4 cm para 3,1 cm. Segundo o Dr. Jamil Natour, é considerada clinicamente relevante uma redução de pelo menos 2 cm na escala de dor.

Já a qualidade de vida foi avaliada por dois questionários clinicamente validados, sendo um específico para pessoas com fibromialgia (FIQ – Fibromyalgia Impact Questionnaire) e outro de uso na população em geral (SF-36 – Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey).

Melhoras estatisticamente significativas foram encontradas em todas as oito subescalas do SF-36 em ambos os grupos. No aspecto interação social, por exemplo, a pontuação saltou de 56 para 80 no grupo que praticou natação e de 52 para 72 no grupo caminhada. No quesito saúde mental, o grupo natação passou de 55,7 para 68, enquanto o grupo que exercitou caminhada foi de 51,1 para 66,8. O escore varia de 0 a 100 pontos, sendo que, quanto maior a pontuação, melhor a qualidade de vida da pessoa avaliada.

A melhora nos resultados no questionário FIQ foi equivalente nos dois grupos, bem como o resultado da análise ergoespirométrica – que mede o consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.) e o limiar anaeróbico (LA).

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Leia a reportagem completa da Agência Fapesp.

Fonte: Karina Toledo, Agência Fapesp. Imagem: Wikimedia Commons.

 

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